Somos um país de alienados? De loucos? Ou ambos?

Dia meu aniversário, um domingo de céu azul anil, saio eu, ‘Pafúncio’, com ‘D. Marocas’, dois filhos (lowtons), a nora e o ‘Pouca Sombra’ (o netinho) para almoçar em um restaurante à beira da estrada. Exatamente na BR-267, aqui em Minas… No calor da festa e no calor do dia, mesmo sendo inverno – junho é o mês do meu aniversário – levantam um brinde e fazem-me encher, pela segunda vez no almoço, meu copo com a deliciosa Heineken.

Tudo documentado com minha Sony Full HD… Alegria e somente alegria que momentos depois se torna pesadelo. Sou parado numa blitz… Me multam, em verdade roubam, em R$ 1.960,00 (2013), tenho a carteira aprendida enquanto berro: FORAM APENAS DOIS COPOS DE CERVEJA! HOJE É MEU ANIVERSÁRIO! 67 ANOS NO LOMBO E TOTALMENTE CONSCIENTE! Me ameaçam prender o carro e se não fosse feliz intervenção do meu filho mais velho estaria preso!

Meses depois, outubro, aniversário da ‘patroa’… Temente com novo roubo, limito-me a um refrigerante e a um par de bombons Ferrero tirados da caixa dada pela nora… Me engasgo com eles, vou à farmácia mais próxima e tomo àquele xarope que promete tirar a tosse em cinco segundos… Na volta sou parado numa blitz… Me multam, em verdade roubam, em R$ 1.960,00 (2013), tenho a carteira aprendida enquanto entre uma crise de tosse e outra berro: FORAM APENAS DOIS BOMBONS E UM PAR DE COLHERES DESTE MALDITO XAROPE! Arbitrariamente ameaçam prender o carro e mesmo com a intervenção do meu filho maior fui preso e minha cara estampada na TV por um desses famigerados programas policiais televisivos que inundam os finais das tardes de sangue e violência.

Chega novembro, mês do aniversário de Ricardo, filho mais velho e também lowton… Nos reunimos no mesmo restaurante para celebrar o acontecimento. Precavido abstenho-me de qualquer bebida, bombons, xaropes etc. Quase na hora de voltar, vou ao banheiro (toalete masculina seria mais oportuno!) e delicio-me com um tremendo baseado; meio doidão não dispenso a pedra de crack e meio cambaleante cheiro farinha (cocaína)…

Todos percebem o meu estado DOIDÃO, mas meus 67 anos calam a boca de todos.

Dirigindo apenas de cueca samba canção branca, tento voltar para casa. Sou parado numa blitz, passo pelo famigerado teste do bafômetro pese meu sacrifício de me manter em pé e com as ‘coisas’ no interior da famigerada cueca samba-canção. Documentos em dia, carro em dia e o conselho:

“Doutor, está muito frio, melhor é o senhor vestir-se. Tenha uma boa viagem.”

Como resposta coloquei o meu dedo médio esquerdo em riste fazendo o característico e bem conhecido sinal… Arranquei como um louco e mais que contente comentei com meus botões mesmo quase pelado: “Desta vez vocês não me pegaram seus f…s da p…a’.!

Minha alegria no entanto não durou muito, poucos metros adiante o ‘efeito DOIDÃO’ se acentuou sobremaneira! Acabei atropelando um ciclista que calmamente circulava pela ciclovia; nunca mais irá pedalar com tanta esperteza a menos que coloque uma perna mecânica! Fui parar na delegacia entrando pela porta dianteira e saindo pela mesma momentos depois… Ainda que parcialmente nú.

Até hoje ainda aguardo o julgamento…

Com o carro danificado pelo forte impacto com o ‘desatento’ ciclista, faço sinal para um taxi e ainda meio peladão, mas totalmente DOIDÃO, acabo entrando em casa; naquele exato momento percebo que a casa está sendo assaltada; atiro contra o suposto meliante um paralelepípedo atingindo-o mortalmente na cabeça, imediatamente após sinto uma mão feminina em meu ombro, entendo o gesto como o afago feminino de uma fora da lei e lá mesmo, ao lado do corpo do companheiro morto a estupro… Devia estar gostando já que seus gritos chamaram a atenção de vizinhos e, pela segunda vez naquele dia visitei, o delegado dando-me um pito por agora estar totalmente nu:

Seu ‘delega’, como eu podia ‘papar’ àquela bandida gostosona estando eu vestido?

Ele me alerta que ela não é bandida e tampouco seu companheiro, em verdade marido, morto e, muito menos, a casa que eu tinha invadido era a minha!

Pois bem, mais um outro processo cujo em julgamento aguardo em liberdade e enquanto isso vou escrevendo minhas crônicas na certeza que se for condenado o meu advogado reverterá a pena para umas cestas básicas ou, quando muito, para o regime semiaberto. Ainda bem que nesse dia não ingeri álcool senão estaria preso, incomunicável, cercado por inúmeros repórteres sob o comando do ‘dá pena’ e, sobretudo, fu#$#* e mal pago!

E tivessem me encontrado em meu poder um trinca-ferro não anilhado aí é que eu estaria irremediavelmente condenado… A minha melhor opção seria a de aniquilar o agente policial… A pena é muito mais branda! O processo correria em liberdade! E poderia me defender com algumas inverdades irrefutáveis! Afinal de contas, morto não se defende! Não fala! Não é verdade?

Estou amaldiçoando meus 67 anos! Se eu tivesse menos de 18 anos de idade eu poderia comer os bombons, ingerir xaropes, me embriagar, matar, assaltar, estuprar, roubar, dirigir sem carteira de habilitação, fazer o que eu quisesse que não tinha ‘pobrema’ algum. “Sou di menor” diria e ao chegar a maior idade… Ficha limpa, tudo zerado! E a custo zero! A vara da Juventude e da Infância estaria lá protegendo-me com sua vara!

Mas claro que ainda tenho uma chance… Vou candidatar-me para um alto cargo no governo, ou ser empossado como deputado, eleito como presidente, ministro, senador etc. e aí posso larapiar milhões e milhões do povo, do erário… Se me pegarem devo passar uns 10 anos num resort na Bahia em companhia da amante e de inúmeras gostosonas… É certo que não sei para que tanta ‘muiê’ mas com todo esse ‘dinheirão’ é possível comprar muito ‘azulzinho’!

CONCLUSÃO

Se você tomar uma taça de vinho no almoço e sair dirigindo poderá ser qualificado como um criminoso perigosíssimo e péssimo motorista mesmo sem ter infringido alguma norma de trânsito. Ao passo que quem bebeu guaraná no almoço e desrespeitar o semáforo vermelho, causando colisão da qual resultem mortos, este receberá tratamento tal que não será preso, não sofrerá restrição do direito de dirigir, responderá ao processo em liberdade e, se condenado por homicídio culposo, terá de fornecer cestas básicas para o MST!

Brasil, o país da corrupção, da impunidade, das injustiças, da incoerência… Uma salva de palmas para a classe política como um todo e duas salvas de palmas para este povo capacho que aceita tudo calado, não se revolta e ainda vota nesses incompetentes; uma tríade de salva de palmas para esse povinho que participa de uma passeata a favor da liberação da marijuana ou da comunidade gay mas que dorme em seus leitos macios quando a passeata é contra a corrupção, contra a impunidade… Salva de palmas para esse mesmo povinho que se alegra pelo construção/reforma de estádios monumentais e deixa morrer seus filhos por falta de verbas para os hospitais…

E nós como maçons que estamos fazendo? O que a Maçonaria está fazendo nesse sentido? Distribuindo folders e colocando uns poucos outdoors em algumas avenidas movimentadas para se promover, apenas para declarar-se não morta ainda que perto do último suspiro? Tristemente dizemos: “Homines sunt ejusdem farinae

“A primeira condição para modificar a realidade consiste em conhecê-la.” (Eduardo Galeano).

“O problema do mundo de hoje é que as pessoas inteligentes estão cheias de dúvidas, e as pessoas idiotas estão cheias de certezas.” (Bukowski).

Autor: Aquilino R. Leal – M.’.I.’.
Loja Stanislas de Guaita, 165 – REAA – GLMERJ

Nota do Blog:

O irmão Aquilino é colaborador do semanário FOLHA MAÇÔNICA, do mensário espanhol RETALES DE MASONERÍA, e produtor do programa MÚSICA E MEMÓRIA, UMA VIAGEM AO PASSADO, apresentado todas as quartas-feiras das 17 às 18 horas na Rádio Naphtali (http://www.naphtaliwebradio.com). É também colaborador do blog O Ponto Dentro do Círculo, com seus artigos sendo publicados toda sexta-feira.

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Contato: opontodentrodocirculo@gmail.com

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