Esposa de Maçom

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Se ela não consentir, nada feito. E essa condição é comprovada pelos sindicantes, normalmente acompanhados pelas respectivas esposas, que fazem a visita de aproximação e reconhecimento com o possível candidato e família, para dar testemunho e eventuais esclarecimentos sobre um tema que, a princípio, se mostra envolto em singularidades e questionamentos, mas que inspira acolhimento e compromisso com estudos, reflexões e crescimento pessoal.

Na cerimônia de iniciação, ela já é reverenciada, pois um par de luvas brancas lhe é assinalado, e torna-se “cunhada”. Se solteiro, para a mulher que o novel maçom e agora irmão mais estimar.

No início, o compromisso de participação nas reuniões é de uma vez por semana. Mas, a ânsia em assimilar a ritualística e dominar o simbolismo leva à realização de visitas e mais visitas às Lojas coirmãs, presença em palestras, ciclos de estudos da Escola Maçônica, quando houver, às vezes em velocidade de Fórmula 1.  A Maçonaria reitera constantemente que a prioridade é a família.

Naturalmente, algumas reclamações exsurgem, em especial no que concerne às reuniões, que têm um horário rigoroso para começar e não para terminar, às vezes excedendo aquelas duas horas inicialmente previstas. Tudo elucidado quando tais sessões se referem às cerimônias magnas de recepção de novos candidatos ou mudanças de graus. Difícil mesmo é aclarar as “rápidas” confraternizações após os trabalhos quando as cunhadas ocasionalmente não participam.

A atmosfera costuma ficar mais sensível quando o abnegado e estudioso maçom resolve participar de tudo, com entusiasmo de iniciante, o que não é recomendável, e protestos do tipo “colocar esses interesses em primeiro plano” ou “a maçonaria é uma forte concorrente” rondam as conversações familiares, gerando inclusive pequenas tensões. Evidentemente que o interesse em galgar os Graus Superiores da Ordem não se enquadra nessas redundâncias, sendo altamente recomendável, cabendo neste caso as devidas argumentações filosóficas junto à esposa.

Na hipótese de esse irmão tornar-se um voluntário para os trabalhos nos vários níveis da Potência a que está vinculado e/ou se habilitar como instrutor para os ciclos de estudos da Escola Maçônica, incluindo esporádicas viagens tipo bate/volta em fins de semana, o “bicho pega”. Há casos de irmãos cujas consortes recomendaram que os mesmos levassem o leito para a Loja. Um equívoco, porém compreensível de “nossa” parte. Como se sabe, em serviços voluntários, a messe é grande e os operários são poucos.

Um conhecido e devotado irmão confessou que adotou como derradeiro recurso mostrar à esposa tão-somente uma frase do Ritual onde se questiona a que horas é permitido deixar o trabalho, cuja resposta taxativa é: “à meia-noite”. Segundo ele, a cunhada entendeu seu desalento, elogiou sua criatividade e deu o esperado apoio.

Outro, enfrentando queixas sobre a necessidade de atender às várias convocações, regozijou-se de ter feito um pacto de liberação das segundas às quintas-feiras à noite, quando efetivamente necessário, reservando todos os demais dias da semana para a esposa. O comprovante dessas visitas é sempre colocado na Bolsa de Informações do lar, para que não restem dúvidas sobre as atitudes de um cidadão reconhecidamente livre e de bons costumes. Ainda segundo esse exultante irmão, sua cara metade se declara agora a mulher mais feliz do mundo e está até dando “joinha” nas suas postagens no Facebook.

Em outra situação surpreendente, um irmão decano e rabugento assumido se vangloria alegando que sua dedicada e compreensível patroa o incentiva a ir todos os dias à maçonaria, argumentando que isso é bom para ele. E ele também afirma que ela se declara a dona mais feliz do planeta. A mesma situação sob duas perspectivas. Tem mais: este abençoado irmão é considerado Troféu Hors Concours em sua Loja na competição anual de “Irmão Peregrino”. Imbatível!

Com o tempo e a convivência entre os irmãos, as cunhadas assimilam a cultura e alguns excessos são relegados, pois o mistério se dilui e os laços de fraternidade se solidificam, preservado o que deve ser preservado, com os bons frutos da família maçônica sendo saboreados por todos.

Nessa interação, esposas de maçons, sobrinhos e sobrinhas, se unem e consolidam as colunas da filantropia e outras atividades educativas e de valorização da família junto à sociedade por intermédio das entidades paramaçônicas e fraternidades femininas.

Nos encontros familiares e festas, as cunhadas de uma forma ou de outra acabam tocando nesse assunto. Sempre aparece uma concunhada plena de sabedoria e de bons argumentos para consolar aquelas inicialmente mais apoquentadas. As trocas de informações e experiências tornam-se salutares, pois o consenso entre elas é o de que os cunhados são hoje pessoas muito melhores do que antes de se filiarem à Ordem. E que assim o Grande Arquiteto do Universo conserve!

A Maçonaria, nos seus fundamentos, almeja que, com o tempo, o crescimento intelectual e o refinamento moral e de liderança dos obreiros tenham efeitos benéficos junto às famílias e do seu entorno, pois esse é o locus onde os maçons cumprem seus deveres e a missão de construtores sociais.

Com esse entendimento, a integração e os vínculos familiares se fortalecem, passando a compreensão e o estímulo ao trabalho do obreiro a fazer parte de um contexto de aprimoramento e evolução, onde a Humanidade se torna um campo de realizações e por consequência mais feliz nas suas relações.

ObriGADU, querida, pelo apoio e carinho!” (Obreiro feliz)

Autor: Márcio dos Santos Gomes

Márcio é Mestre Instalado da ARLS Águia das Alterosas – 197 – GLMMG, Oriente de Belo Horizonte, membro da Escola Maçônica Mestre Antônio Augusto Alves D’Almeida, da Academia Mineira Maçônica de Letras, e para nossa alegria, também um colaborador do blog.

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Contato: opontodentrodocirculo@gmail.com

7 comentários em “Esposa de Maçom”

  1. Deixo meu desalento como esposa de maçom que passou a não praticar o diálogo, tomar decisões individuais, ausente da família em razão de acúmulos de funções gerando dissabores a ponto de gerar pedido de divórcio. Critico veementemente o fato de ser o tal consentimento inicial da referida esposa somente inicial de fato, teórico para os que infelizmente não aplicam o bom senso e deixam o ego a frente.

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    1. Desde que meu marido entrou para a maçonaria, passou a tratar mal a mim e minhas filhas, principalmente a mais velha, que é fruto de outra união que eu tive e que seu pai já é falecido.
      Ele espera que mesmo trabalhando eu ainda seja a escrava do lar e se irrita quando vou visitar a casa dos meus pais, que é o único lugar que eu frequento fora de casa. Se eu pudesse, denunciava ele para a loja que frequenta pra que eles saibam sua verdadeira face.

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      1. Em situações semelhantes, algumas cunhadas preferem fazer uma correspondência à Loja a qual pertence o obreiro ou ao Grão-Mestre, caso nenhuma providência de aconselhamento seja adotada. O assunto é tratado com muita discrição. A família sempre foi prioridade para a Maçonaria.

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  2. Ninguém foi a minha casa me perguntar se eu aceitava, ninguém perguntou minha opinião. E depois que ele entrou mudou totalmente, não o conheço mais. Me trata mal, acha que mulher é burra, não ajuda mais nos afazeres, só fala que não tenho que saber de tudo da vida dele. e que se tiver que escolher, fica com a maçonaria.

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  3. Li o comentário de desalento da Inajara, a reclamação da Katia e a indignação da Eva e entristeço-me por elas terem vivido tais experiências.
    Os comportamentos relacionados por elas não são ensinados ou estimulados dentro dos ambientes maçônicos. Pelo contrário, são rechaçados!!!
    Existem associações que se dizem Maçonaria sem sê-la de forma regular e existem homens que se dizem Maçons sem terem se tornados Maçons.
    Independente da veracidade maçônica de algumas instituições ou pessoas, os conflitos familiares existentes nunca são frutos de uma única causa e provavelmente as queixas supracitadas são decorrentes de várias situações anteriores e exteriores à Maçonaria que não foram resolvidas ou que ficaram mal resolvidas.
    Quando se deseja resolver conflitos relacionais ou familiares é preciso buscar as causas mais a priori, responsabilizar devidamente as partes envolvidas e assumir uma posição ativa na resolução de tais conflitos.
    Na sociedade existem profissionais capacitados para trabalhar junto na resolução de conflitos e também nesse aspecto a Maçonaria pode contribuir, mas não sem que os envolvidos falem mais sobre isso.

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  4. Olá, sou Marília Borges, esposa de maçom, portanto cunhada do autor. Em 2001 meu marido foi iniciado e com isso ganhamos uma grande e fraterna família, vieram muitos cunhados, cunhadas e um monte de sobrinhos. Nossa convivência sempre foi respeitosa, afetuosa e harmoniosa. Ao longo do tempo aprendi muitas coisas interessantes sobre a maçonaria e os princípios que a norteiam. Creio que o longo tempo de estreita convivência me baliza a prestar esse depoimento. Posso afirmar que realmente a família é muito importante para a maçonaria. Quando se dá a sindicância para admissão de um candidato a maçom a concordância da esposa é verificada e caso a mesma não expresse sua concordância o ingresso é inviabilizado. Quanto aos maçons, os verdadeiros maçons, posso dizer que são homens que procuram melhorar-se a cada dia através do estudo e do convívio com outros maçons. A maçonaria jamais deve ser confundida ou responsabilizada por atos de alguns homens que entraram para maçonaria, mas não se permitiram vivenciar a verdadeira maçonaria. A maçonaria prima pela discrição na prática de seus ritos, mas sempre inclui a família em suas atividades. Como disse, sou esposa de maçom, sou cunhada e me sinto honrada em pertencer a essa grande e universal família. Lamento profundamente as experiências ruins relatadas pelas cunhadas nos comentários. Tais comportamentos em nada condizem com comportamento esperado de um verdadeiro maçom. A elas envio meu abraço e solidariedade. Infelizmente, a maçonaria não tem o condão de mudar comportamento de quem quer que seja de forma compulsória, o homem só muda se assim o desejar. Aproveito a oportunidade para enviar um grande fraternal abraço aos cunhados da ARLS Águia das Alterosas/BH/GLMMG, ao meu marido Jair e especialmente ao autor do artigo, cunhado Márcio Gomes, que junto com a cunhada Elzanira são “tios queridos” dos meus filhos.

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