Ao sexto dia do mês de fevereiro de 2020 da era vulgar, a exatamente 22 horas e 23 minutos, sentado ao norte da mesa numa sala de estar, para não perder o costume, depois de um dia entediado de serviço, tomo coragem para “cutucar” a ferida e traduzir a dor nestas linhas que passo a decifrar.
Quão bom seria se pudéssemos fazer e viver aquilo que projetamos para com nós mesmos; poder tomar nossas próprias decisões; realizar nossas vontades; tomar liberdade de todas minhas escolhas… Dizem que se a vida fosse fácil não teria–se graça.
Você pode ter as melhores instruções do mundo e seguir uma vida tranquila, mas você só conhecerá a sua força e a sua sabedoria quando fores submetido a dor, ao sofrimento.
A dor é uma mestra cruel. Ela cega, revolta, magoa, fere no mais íntimo de teu espírito, mas se conseguires vencer a sua escuridão, resplandecerá em nós a luz de uma pessoa vitoriosa.
Mas, será que estou fazendo por onde merecer vencer essa dor? Será que estou mesmo me desbastando o tanto que deveria? Será que estou me dedicando às minhas obrigações e responsabilidades para ao menos dizer que estou sendo um bom Maçom? Ou melhor, um bom Aprendiz Maçom?
Neste momento, aprofundo os meus sentimentos e tento expressar nestes parágrafos tudo aquilo que se passa na cabeça de um Aprendiz Maçom que, depois que se foi feita a Luz, não imaginava que a árdua caminhada ainda estava por acontecer. “O profano encontrou a luz, mas não encontrou a si mesmo”… um paradigma a ser resolvido. É aqui , neste ponto alto, que descubro uma grande verdade: “ser Maçom dói!”
E como dói meus Irmãos.
Ser Maçom dói quando nos deparamos com atos desleais, gente prejudicando gente, atos imundos e, mais triste ainda, ver pessoas se achando superiores a tudo e a todos.
Ser Maçom dói quando escutamos por ai barbaridades e palavras sem fundamento sobre quem somos e o que fazemos.
Ser Maçom dói quando você está na escuridão, na solidão, à distância e sem aquele “Bom dia!”, “Como você está?, “Tudo Justo?”. Você se sente o Irmão mais incapaz do universo. Mas, espere aí! Eu tenho feito isso? Você tem dado a devida atenção ao seu Irmão… Veja! Me peguei em mais uma falha.
Ser Maçom dói quando lhe falta recursos para fortalecer o tronco da solidariedade, mesmo sabendo que quando tiver saberei como contribuir.
Ser Maçom dói quando vemos um Irmão partir, seja de volta ao mundo profano ou, mais triste ainda, para o Oriente Eterno.
Ser Maçom dói quando, por motivos profissionais, mesmo que tentando correr contra o relógio para não perder o “privilégio” de estar entre valorosos Irmãos, não conseguir se fazer presente. A justificativa não tem justificativa. O ato de lá estar é complemento para curar todas as dores do mundo exterior.
Crescer como Maçom dói. O crescimento dói, não é verdade?
Quem aqui nunca sofreu um dia? Noites em claro; vida complicada na cidade grande; distância das pessoas que ama; humilhação; uma enfermidade; problemas pessoais ; familiares; crise financeira; perdeu um carro; uma empresa; sabe lá o que se foi, mas tenho certeza que te doeu.
Sim, a dor existe no mundo quando afirmo que ser Maçom dói. O que posso fazer com essa dor? Antes de mais nada, vejamos uma preposição negativa: Não é possível negá-la, é possível suportá-la e seguir adiante. Negar o sentimento de dor seria inútil. Então, através deste meu “balaústre” se assim posso chamar, procurei compreender minhas dores e melhor me preparar para lidar com elas.
Dói, mas a dor é necessária meus Irmãos. O processo de crescimento que existe dentro de cada um de nós é algo invisível, mas sensível. Eu estou me desbastando todos os dias, deixando para traz estilhaços de minha pedra bruta, como se fossem gotas de sangue derramadas e a ferida cicatrizada. Mas uma coisa foi válida e está sendo válida: estou crescendo na dor.
“Ser maçom doí!”, não vou esquecer disso nunca em toda minha vida, e quero convidar meus Irmãos para refletirem sobre as dores que passaram para terem chegado até onde estão.
O sábio não rejeita a dor, ele a recebe de braços abertos, mas sempre atento, precavido e preparado. Aquilo que não me mata, me torna mais forte…
Em vez de carregar minha dor como fardo, será que posso utilizá-la como ferramenta? Sim, por isso me foi dado um maço e um cinzel, a minha superação será um momento grandioso.
Ser Maçom dói. Crescer doí. Se a gente cresce com os golpes duros da vida, também podemos crescer com os toques suaves na alma.
Autor: Tiago Mateus dos Santos Vieira
ARLS Deus, Pátria e Família, 154 – GLMMG – Oriente de Corinto
Referências
Razão Inadequada – Revista Digital
Recantodasletras.com.br/ ( O maço e o cinzel– Simbolos Maçônicos)
Pensador.com (O que não me mata, me torna mais forte. Friedrich Nietzsche)
Revista Crescer Globo – artigo (o que é a dor do crescimento)
Meditação mais que Justa e Perfeita”
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