A Iniciação Real e a Morte do Ego – Parte II

Memento mori, o recado que todo homem deveria lembrar - El Hombre

O que era Kykeon?

Qual poderia ser um elemento final mais apropriado para essas celebrações dos estados em mudança da natureza e do potencial agrícola do que consumir o kykeon, uma bebida geralmente à base de grãos que foi entendida como indutora de estados visionários.

Refletindo sobre as qualidades visionárias do kykeon, um iniciado descreveu o que aconteceu poeticamente:

“À meia-noite, vi o sol brilhando sob uma luz branca brilhante.”

Ao se unirem para unir, dançar, consumir a poção kykeon e se deleitar com seus efeitos reveladores, ​as pessoas que participaram promoveram um poderoso senso de conexão com amigos, família e o mundo em geral. Nesse sentido, os Mistérios forneceram um antídoto poderoso para sentimentos de isolamento, depressão e privação social.

O Kykeon é famoso por seu uso nos Ritos de Deméter, na cidade de Elêusis, onde foi usado pelos iniciados para experimentar o mistério da morte e do renascimento no ritual que passou a ser conhecido como Os Mistérios Eleusinos.

O Kykeon era diferente de uma bebida comum, pois possuía propriedades altamente psicoativas, provocadas por um fungo parasitário que cresce nos grãos de cevada e centeio que contém os alcaloides ergotamina. Segundo Hofmann, a ergotamina era o ingrediente psicoativo que alimentava os mistérios eleusinos.

MD, PHD, Albert Hofmann foi um cientista suíço, é mais conhecido como o “​pai” do LSD. Ao trabalhar no isolamento de princípios ativos presentes no fungo ergôt, sintetizou o Ácido Lisérgico obtido a partir da hidrolisação da ergotamina (substância obtida no fungo).

Era o que ​permitia aos iniciados nos Mistérios alcançar uma compreensão mais completa de seus objetivos na vida e para encerrar o medo da morte, como testemunhos de escritores antigos que participaram dos Mistérios atestam.

Entre os participantes estavam Sócrates, Aristóteles, Sófocles, Plutarco, Cícero, Platão, entre muitos outros, Platão menciona os mistérios especificamente em seu diálogo sobre o Fédon, alegando que somente aqueles que foram iniciados podem morar com os deuses. Foi sugerido que o Fédon lida com a imortalidade da alma, que Platão queria dizer que apenas os iniciados desfrutariam de uma vida após a morte gratificante. No contexto do diálogo, no entanto, parece mais provável que ele quis dizer que ​apenas os iniciados tinham uma compreensão dos assuntos mais importantes da vida enquanto viviam. Outros escritores antigos, como Plutarco, apoiariam essa interpretação. Ele escreveu que, depois de iniciado, perdeu o medo da morte e se reconheceu como uma alma imortal. O ingrediente psicoativo do ergot no kykeon, combinado com o ritual no subterrâneo Telesterion, produziu um evento de mudança de vida nos comunicantes. Os ritos de Deméter tinham uma importância incrível para aqueles que participavam deles, e kykeon foi a chave que abriu a mente daquele povo aos segredos de seus deuses.

Plutarco escreveu:

“Por causa das promessas sagradas e fiéis dadas nos mistérios … mantemos firmemente por uma verdade indubitável que nossa alma é incorruptível e imortal … quando um homem morre, ele é como aqueles que são iniciados nos mistérios. Toda a nossa vida é uma jornada por caminhos tortuosos, sem saída. No fim, surgem terrores, angústia medo e pânico. Então uma luz que se move ao seu encontro, prados puros que o recebem, cantos e danças e aparições sagradas.”

Dentro do templo escuro, os participantes tiveram que exclamar: “Eu jejuei, bebi o kykeon”. O que acontecia depois é, como o nome do evento sinaliza, mistério. No Fedro Platão apresenta este relato:

“Com uma companhia abençoada, nós seguimos na carruagem de Zeus e outros na de algum outro deus … vimos a  verdade e as visões divinas, e fomos iniciados naquilo que é justamente chamado o mais sagrado dos mistérios, que celebramos em um estado de perfeição … sendo permitidos como iniciados à visão de aparições perfeitas, simples, calmas e felizes, que vimos à luz pura, sendo puros e não sepultados naquilo que carregamos conosco e que chamamos de corpo, em que somos presos como uma ostra em sua concha.”

Assim, é bem claro que os psicodélicos tenham inspirado o dualismo mente, corpo predominante no Ocidente, não apenas na filosofia, mas também na religião: a influência de Platão no cristianismo era substancial. Nietzsche chegou a afirmar que “o cristianismo era platonismo para o povo”. Independentemente da validade ou não dos argumentos de Platão, seu pensamento visionário esclareceu nossa cultura. Através de uma caverna sombria, Platão veio a ver a luz e esse raio de sol da filosofia, ciência, razão e o próprio “Mito da Caverna”  surgiu da experiência Iniciática psicodélica.

Agora, se olharmos para culturas que usaram plantas psicoativas em rituais religiosos ou xamânicos por milênios, há uma constante nos ritos de provocar uma ​experiência de morte (EQM) e renascimento, o que às vezes é chamado de morte simbólica, descida ao submundo ou V.I.T.R.I.O.L.

A experiência psicodélica está profundamente ligada à experiência e ao conhecimento da morte.

Isso ficou evidente para o Timothy Leary, Ph.D., professor de Harvard, psicólogo, neurocientista, escritor e futurista, que na década de 1960 modelou a experiência psicodélica em torno do Livro Tibetano dos Mortos, ou o Bardo Thodol, o texto milenar do budismo tibetano que lida com a navegação pelos mundos intermediários (bardos) que continuam até o mundo dos mortos. Escatologia budista, na qual se acredita que a continuidade da mente está além deste plano da realidade.

Leary nos diz que os psicodélicos poderiam ser usados ​​como uma bússola para navegar por esses planos sutis da realidade, que emulavam os mundos intermediários ou zonas liminares que os místicos haviam atravessado antes.

A chave para uma experiência psicodélica e uma experiência mística, sugere Leary, é a morte do ego.

Na alquimia, a primeira etapa do processo alquímico é Nigredo, a morte do velho para que (dessa massa putrefata) nasça algo novo e melhor. A queda da árvore seca para nasça uma árvore nova. A queda do ego para o nascimento do homem natural, o homem divino.

Como em Elêusis ou nas meditações budistas, na yoga, no Vipassana e nas diversas outras práticas de expansão da consciência, o que se pode aprender em uma genuína experiência psicodélica é que a única coisa que pode realmente morrer é o ego, essa personalização ilusória, e esse é apenas o primeiro passo da experiência com a realidade que se esconde por trás de nossos condicionamentos e sistemas de crenças.

No entanto, as nuvens escuras acabaram por obstruir o sol com o surgimento de um cristianismo militarista. Em 392 dC, os templos eleusinos foram fechados por decreto pelo imperador romano cristão Teodósio I. Com isso, a Idade das Trevas começa, escondendo a luz do pensamento pagão ou secular, apenas para retornar com o Renascimento e depois com o Iluminismo.

A Morte do Ego

Morte do ego é uma “perda completa de auto identidade subjetiva”. O termo é utilizado em vários contextos entrelaçados, com significados relacionados. Na psicologia junguiana, o sinônimo termo​ morte psíquica é usado, que refere-se a uma transformação fundamental da psique. Na morte e na mitologia, o renascimento e morte do ego é uma fase de auto-entrega e de transição, como descrito por Joseph Campbell , em sua pesquisa sobre a mitologia da Jornada do Herói . É um tema recorrente na mitologia do mundo e também é usado como uma metáfora em algumas correntes do pensamento ocidental contemporânea.

O conceito também é usado na espiritualidade contemporânea e na compreensão moderna das religiões orientais para descrever uma perda permanente de ​”apego a um sentido separado de si mesmo” e ​egocentrismo. Esta concepção é uma parte influente dos ensinamentos de Eckhart Tolle, onde o Ego é apresentado como um acúmulo de pensamentos e emoções, continuamente identificados com, o que cria a ideia e sentimento de ser uma entidade separada, e só por desidentificação, a consciência pode verdadeiramente estar livre do sofrimento (linha filosófica budista).

Nossas consciências são como água cheia de barro agitada numa jarra de vidro. O Budismo chama isso de “mente nublada”, na qual é impossível enxergar de forma clara. Essa agitação sempre nos impossibilita de compreender melhor nossos sentimentos e reagir de uma forma mais adequada, gerando, assim, mais confusão e inquietude.

Através da experiência de morte do ego e, pela prática de diversas formas de expansão de consciência se aprende a aquietar essa água para que todo o barro assente e, enfim, possamos ver do outro lado.

O que resta quando removemos o ego, é a consciência real e imortal, diriam os místicos de todas as idades.

O ego não existe por si só. Se você meditar profundamente sobre um determinado ego (“eu”), vai perceber que ele se desvanece como uma nuvem. Ele não possui essência, não tem nada de concreto, é apenas uma associação de pensamentos que adquire uma personalidade própria. É como um fluir de pensamentos e emoções que se enredam e assumem a ilusão de ser alguma coisa real. Todos os egos são apenas associações de pensamento, assumem uma personalidade e quando estão no comando temos tanta certeza de sua existência que pensamos: este sou eu, eu sou assim, eu quero isso, eu não quero aquilo, é minha opinião. Porém, nada mais falso, são apenas pensamentos agrupados e associados que assumem vida própria e por alguns momentos acabam por assumir o comando.

Importantíssimo entender que a verdadeira iniciação, é uma morte momentânea do ego, uma abstração dos sentidos, dos pensamentos e da racionalização, uma expansão da consciência ilimitada do ser. O ego/personalidade é o nosso software/papel teatral, é essencial para atuação dos personagens no palco tridimensional em que nos encontramos​.

O ego não pode ser morto, pois não existe, é a ilusão de identificação com algum conceito que você criou de si mesmo (personalidade, corpo, status, etc.). Quando você diz que vai matar o ego, é o próprio falando. Quando você diz que se tornará superior ao ego, é o próprio falando. Quando você diz que vai lutar contra ele, é o próprio falando. Qualquer mentalização provém do ego. O que está além é a vontade pura, sem pontes para a expressão. É algo que não se descreve, não se fomenta e não se põe em movimento linear.

Deste modo, quem insiste em querer dissipar o ego está vivendo uma fantasia. Sendo o ego uma característica da mente, tudo o que for do pensamento parte inevitavelmente do mesmo princípio: o ego. Portanto, a ação em si já uma característica “corrompida” pela mente, impedindo que haja a separação, tão aclamada pelo pseudo consciente, entre seu Eu Profundo e o ego. Matá-lo então é um pensamento tolo.

Portanto, matar o ego é impossível, ele sempre existirá, a não ser num estado da não-forma, no estado da divindade em si, do espírito, do total abstrato e subjetivo. Enquanto houver antropomorfização do espírito, a mente persistirá.

O ego é a soma de nossos muitos defeitos psicológicos que vivem em nosso mundo interior, que foram criados e continuam a ser alimentados inconscientemente por nós mesmos.

Esses defeitos se nutrem das energias dos centros da máquina humana. Cada um desses defeitos é chamado também de “eu” ou ainda “detalhe do ego”.

O ego é realmente a causa de nossos sofrimentos, inconsciência, erros, vícios, medos, fraquezas, etc.

No antigo Egito o ego era conhecido como os demônios vermelhos de Seth. No BhagavadGita o ego é simbolizado como os “parentes” com os quais Arjuna, iluminado diretamente pelo Sr. Krishna, deveria travar terríveis batalhas. Na mitologia grega o ego é, entre outros simbolismos, representado pela Medusa, causadora de todo tipo de sofrimento aos homens e que é decapitada pela espada de Perseu. Na Bíblia podemos reconhecer o ego na passagem na qual o divino mestre Jesus pergunta ao demônio que possuía o infeliz geraseno qual era o seu nome, sendo que este lhe responde:

“Meu nome é Legião, porque somos muitos.” (Marcos – 5,1-20).

Também dentro do cristianismo podemos encontrar o ego representado nos chamados sete pecados capitais relacionados por Tomás de Aquino: luxúria, ira, inveja, cobiça, gula, preguiça e orgulho.

Enquanto mantermos em nosso interior essa natureza inumana e selvagem, seremos criaturas limitadas, inconscientes, sofredoras e vítimas das circunstâncias. Se os seres humanos não carregassem dentro de si o ego incontrolável, o mundo seria um verdadeiro paraíso.

Nossa consciência é uma partícula divina, que podemos também chamá-la de Essência.

Conforme escreveu Victor Hugo:

“Escuta tua consciência antes de agir, porque a consciência é a divindade presente no homem.”

A Essência é o que de mais nobre levamos dentro e é imortal. Conforme vamos eliminando os detalhes do ego vamos fortalecendo essa consciência ou alma, já que cada eu mantém aprisionada uma fração de nossa Essência.

Considere cada um, como uma garrafa que mantêm a nossa verdadeira consciência aprisionada. Quebrando a garrafa retorna a nós aquela parcela de consciência que estava presa. É dessa forma que vamos realmente mudar interiormente, substituindo pouco a pouco nossos muitos defeitos e vícios psicológicos por nobres e belas virtudes.

O trabalho da morte do ego é antiquíssimo e sempre foi ensinado à humanidade pelos vários Mestres, Jesus Cristo, Buda, Quetzalcoatl (O Cristo asteca), Hermes Trismegisto no Egito, Krishina entre outros, que vieram para instruí-la, mostrando-lhe os meios para acabar com seus próprios sofrimentos e limitações.

Cada um ensinou a mesma doutrina, porém adaptada ao seu tempo, com seus próprios termos e símbolos. Infelizmente quando o Mestre parte, os homens, manipulados por seus próprios egos, começam a distorcer a doutrina e pouco a pouco o principal se perde ou é oculto da humanidade.

A camada egóica é o primeiro estágio de transição entre o mundo externo finito, e o mundo sútil infinito. O ego está no mundo e a alma experimenta o mundo usando ego como veículo.

“O ego são hábitos da mente. São as identificações equivocadas e os padrões repetidos de pensamento que ocorrem repetidamente, no tempo passado e no tempo futuro(ilusões). O ego que encobre a experiência do ser ontológico. O ego surge, prendendo sua atenção e  puxa você para fora em direção ao mundo limitado temporal, assim refletindo ilusões, em vez de ir para dentro, em direção ao Ser(presente). Isso acontece com tanta freqüência e tão continuamente que a identidade original nunca tem a chance de entender sua natureza real. Você só pode escapar dos hábitos do ego, permanecendo na consciência como consciência(imanência do real). Seja quem você é. Seja como você é. Fique quieto. Ignore todos os hábitos do ego, que surgem na mente e fixe sua atenção no Ser, no agora.

… o ego não existe no agora, pois a mente temporal transcende sua ilusão de tempos que não é você, sua natureza original.” (Annamalai Swam)

Considerações finais

Diante de tudo o que foi exposto, podemos dizer que a experiência iniciática ritualística somada a experiência psicodélica têm como principal orientação e objetivo​, ​induzir um conhecimento experimental da morte​, uma EQM; ​a Verdadeira Iniciação​, um mergulho nas profundezas da Psiquê, uma amostra do Mysterium tremendum et fascinans, um vislumbre da eternidade divina, que sacode o indivíduo, e de alguma forma experimenta e entende o ​significado da morte na epifania psicodélica, com a experiência bioquímica na qual ele eleva a consciência cumprindo o papel de Hermes. O psicopompo do submundo que leva Perséfone de volta ao mundo superior, através do grande limiar da existência humana e em suas visões ou nas didáticas teatrais psicodramáticas de Elêusis,​o mistério filosófico da morte é revelado​.

Do mesmo modo, essa Tecnologia/Pedagogia do supra-mundo, somada aos ​símbolos, alegorias e psicodramas e ​transmissão de conhecimentos sistema mestre discípulo​, a experiência de quase morte (EQM) ou a experiência psicodélica, desencadeia uma transformação profunda e na maioria das vezes irreversível.

Acreditamos que essa transformação ocorreu devido à beleza e profundidade do que foi vivenciado (e entendido) em Elêusis. Escreveu o poeta Pindar

“Bem-aventurado aquele que viu essas coisas
antes de deixar a terra:
porque ele entende o fim da vida mortal
e o começo de uma nova vida, dada na divindade.”

Em várias tradições, quem conhece a morte, quem retornou de seu domínio ou que ​foi iniciado nos seus segredos é considerado alguém especial, que leva a marca do xamã, do místico, do profeta, do mestre, no sentido de poder orientar (direcionar para o Oriente) e conduzir os novos aprendizes neófitos, pois já mergulhou nas profundezas de si mesmo, não através de símbolos incompreendidos, ritualísticas automatizadas e alegorias desapercebidas, mas através da ​iniciação real, a morte Iniciática, e consequentemente sua “ressurreição”, a experiência em si resulta no conhecimento de si mesmo. Essas histórias de morrer e renascer se repete nos mitos e refere-se a essa ​iniciação “Real”.

O conhecimento de si mesmo, o ​desbastar da Pedra Bruta, é o primeiro passo para a “educação” do ego/personalidade. Através dessa “morte” momentânea, damos um “reboot”, um novo início, conscientes dos condicionamentos, preconceitos e fanatismos que acumulamos através de nossa formação humana normótica.

Primeiro o ​VITRIOL​, em seguida ​erguer templos a virtudes, e cavar masmorras aos vícios, vigilantes e perseverantes.

Não é totalmente difícil entender que a morte confere poder sobre os outros e também sobre a própria vida, talvez porque diante do conhecimento da imortalidade se perca o medo e a ansiedade que caracterizam os mortais, justamente porque eles pensam que são mortais. ​Aqueles que beberam do elixir da vida eterna se tornam imortais.

Para platonistas e budistas, manter a morte em mente é o fundamento da ética individual, pois a vida encontra seu significado na morte ou pelo menos a possibilidade de sua transcendência.

No caso da filosofia platônica, a morte, como Sócrates sugere, é a possibilidade de separar os impuros dos puros e elevar a alma a um estado beatífico de unidade com os deuses e as formas da eternidade. Esse estado de pureza contemplando a justiça, a bondade e a beleza, e agindo de acordo com estas noções mais altas que advêm da ideia do bem.

Também se sabe que uma das práticas espirituais de linhas específicas de monges budistas e yogues hinduístas é contemplar imagens de cadáveres, lembrando-lhes que a existência é impermanente (​memento mori), que o corpo é perecível e que eles têm uma oportunidade inestimável para finalmente transcender a morte ainda em vida.

Segundo Manly P. Hall, o que foi ensinado em Elêusis foi que a alma humana era a fênix, o misterioso pássaro de fogo renascido de suas cinzas. E simbolicamente, o ensinamento de que precisamos morrer para acessar nossa essência divina (ou simplesmente vislumbrar a realidade por trás do “véu de Maya” e da ilusão da ignorância).

Como escreveu o iniciador João Batista, nosso Patrono, que oferecia às margens do rio Jordão, a Iniciação Real através da prática essênia do afogamento ritualístico:

“Somente quem nasceu de novo terá acesso ao reino dos céus.
Mas para nascer de novo, é necessário estar disposto a morrer.”

O INICIADO

De um ponto de vista psicológico, o iniciado deve abandonar os anseios regressivos que demandam a eterna e passiva felicidade do útero, pelo Êxtase da Iluminação. Através deste processo, o homem livra a si mesmo de suas amarras inconscientes e, desta forma, libera e purifica suas energias mais profundas para realizar sua Verdadeira Vontade. Muitos vivenciam este processo como uma morte a perda do mundo infantiloide do ego criança e dos desejos que nunca tiveram a vontade ou a força para realizarem a si mesmos.

O homem não redimido está adormecido e simplesmente se debate em suas fixações inconscientes, acreditando nos sonhos da infância, aos quais se apega fixamente por meio dos ergs da natureza, para sempre sob sua inquieta misericórdia.

Para ser transformado, o homem em sua forma mais inferior deve encontrar uma energia despertadora em alguma fonte mais elevada. Esta força é o Gênio Superior, despertado e sustentado através dos rigores da preparação, culminando em iniciação.

O iniciado cria a si mesmo desde Si Mesmo, e através disto ele é rejuvenescido. Finalmente, o iniciado pronuncia e grita, seu próprio nome, aquele que ele finalmente escolheu para simbolizar sua Verdadeira Vontade. Este é seu renascimento. Mas mais ainda, pois ele não é o mesmo homem, mesmo em sua aparência física, pois para alguns isto também muda.

Para muitos, o nascimento do iniciado pode ser visto como a aurora de um Novo Sol. É o resultado do Velho Sol sendo devorado pelo Mar, fertilizado e prenhe, dando nascimento ao Novo Sol – A Aurora Dourada.

Israel Regardie
(What you should know about the Golden Dawn)

A Prudência nos alerta para encerrar por aqui.

Autor: Geovanne Pereira

Geovanne é professor de Filosofia, psicanalista, Mestre Maçom da ARLS Jacques DeMolay, n°22 – GLMMG e, para nossa alegria, também um colaborador do blog.

*Clique AQUI para ler a primeira parte do texto.

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