
4 – A corda de 81 nós
Quando adentramos o templo, percebemos uma corda que circunda suas paredes, com nós ao longo do seu traçado, terminando em borlas, próximo à entrada. Muito se fala sobre os seus significados e origens dentro da maçonaria. Visível também dentro do painel da loja evidenciando a sua importância dentro da sociedade.
O Manual de Aprendiz Maçom, Instrução Grau 1, REAA, p.34, leciona:
Pendentes da corda de 81 Nós nos cantos da loja ou representadas nos quatros cantos do Pavimento Mosaico, vemos quatro BORLAS, colocadas nos pontos extremos da mesma para lembrar as quatro virtudes cardeais: TEMPERANÇA, JUSTIÇA, CORAGEM E PRUDÊNCIA, que -diz nossa tradição – sempre foram praticadas por nossos antigos irmãos
A corda é composta por 6 componentes simbólicos tais como os nós, o elo entre todos os maçons, a abertura voltada para o pórtico, as duas pontas pendentes em cada lado da Porta, o número padronizado de 81 (3 x 3 x 3 x 3) nós obedecidos por toda a face da Terra, a localizado dono central sobre o Trono do Venerável. Mestre.
Segundo Tito Campos, em Instrucional Maçônico, Grau de Aprendiz, os nós representam os irmão maçons espalhados pela Terra, onde os elos são a essência que nos une no plano espiritual mostrando que todos somos um. Afirma ainda que a corda no pórtico se trata de uma abertura para expansão intelectual e social com a entrada de novos membros pela porta do templo. Contudo, para a maioria dos pesquisadores, essa abertura significa que a Ordem Maçônica é dinâmica e progressista, estando, portanto sempre aberta a novas ideias, que possam contribuir para a evolução do homem e para o progresso racional da Humanidade, pois não pode ser maçom aquele que rejeita novas ideias em beneficio de um conservadorismo rançoso, dogmático e altamente deletério.
O Nó no Oriente vem representar o absoluto polarizando o equilíbrio dinâmico da evolução universal.
Segundo FILHO (2012, p.222):
“…há uma corda em que se contam 81 nós, chamados “laços do amor”. É a Cadeia de União”, cujas pontas terminam em borlas próxima das colunas “B” e “J”. “Esta corda é formada por um aglomerado de fios frágeis que representam os Maçons de todo o Mundo, unidos, tal como os fios, que formam a corda, constituindo assim um conjunto inquebrantável na afirmação do aforismo que ensina “A União faz a Força”“.
Prudência ou moderação, muito embora existam Templos na França que apresentam cordas com 12 “nós” representando os signos do Zodíaco.
O Ir.’. Aprendiz Alex Prosdocimi, em seu trabalho sobre O PAINEL DA LOJA DE APRENDIZ MAÇON, 2017, p. 24, apresenta outra fonte com um complemento da explicação simbólica das borlas presente nas cordas e aberturas dos templos.
Na Bíblia Sagrada, especificamente no Livro Números (Nm 15: 37-41), Deus determina a Moisés, que o povo faça no canto de suas vestes borlas, franjas (adorno pendente de fios de lã) e presas com um cordão azul.
Tal ordem destinava a lembrar a este povo que a Deus pertencia, bem como lembra-los de seus mandamentos e praticá-los. Na época a tinta azul era cara, difícil de achar, pois era tirada de um molusco. Desta forma, o Criador Supremo demonstrou a todos o quão precioso era aquele povo.
Na época dessa passagem Bíblica, quem usava as borlas eram reis, era um sinal de nobreza. Deus usou um símbolo para que todos contemplassem que cada filho de Israel era seu próprio filho, o filho de todos os Reis.
Uma das possíveis origens da “corda de 81 nós”, ocorre quando em 23 de agosto de 1773, por ocasião da palavra semestral em cadeia da união na casa “Folie-Titon” em Paris, tomava posse Louis Phillipe Orleans, como Grão mestre da ordem Maçônica, na França, onde estavam presentes 81 irmãos em união fraterna e a decoração da abóboda celeste apresentava 81 estrelas.
Entretanto, conhecemos hoje, a herança da “corda” que era desenhada no chão com giz ou carvão, fazendo parte alegoricamente de um Painel representativo dos instrumentos utilizados pelos Pedreiros livres. Agora nas reuniões maçônicas, seguindo o ritual, é pedido ao Irmão Guarda do Templo que verifique se o Templo está “Coberto” em sua parte externa, das indiscrições profanas, somente iniciando os trabalhos após sua confirmação. Seguindo a isto a protetora Corda Maçônica saiu do chão e elevou-se aos tetos dos Templos, significando a elevação espiritual dos Irmãos, que deixaram de trabalhar no chão com o cimento e passaram a trabalhar no plano superior com o cimento místico que é a argamassa da Espiritualidade. Esta corda é que oferece-nos proteção através da irradiação de energias pela “Emanação Fluídica” que abriga e sustenta a “Egrégora” (corpo místico) formada durante os trabalhos em Templo através da concentração mental dos Irmãos, evitando que ondas de energia negativa desçam sobre os presentes na reunião. As borlas separadas na entrada do Templo funcionam como captores da energia pesada dos Irmãos que entram, devolvendo-Ihes esta energia sob forma leve e sutil quando de sua saída. A estrutura dos “nós” (melhor denominados “laços”) representa o símbolo do infinito -∞- e a da perpetuação da espécie, simbolizando na penetração macho/fêmea, determinando que a obra da renovação seja duradoura e infinita.
Este é um dos motivos pelos quais os laços são chamados “Laços de Amor”, por demonstrar a dinâmica Universal do Amor na continuidade da vida. Os átomos detêm toda a sabedoria do Mundo, porque ele gera e cria novas propostas para a evolução humana. A Corda de 81 laços representa a laçada como um “8” deitado, lembrando ao Maçom que é preciso tomar muito cuidado para não puxá-la transformando-a em nó o que significaria a interrupção e o estrangulamento da fraternidade que deve existir entre os Irmãos. Os 81 laços são apresentados nos Templos Escoceses do Brasil e Paraguai.
Não menos importante se faz necessário à análise consoante ao número 81, representado através dos laços equidistantes, senão vejamos: Esotericamente, a “Corda de oitenta e um laços” simboliza a união fraternal e espiritual, que deve existir, entre todos os Maçons do mundo; representa, também, a comunhão de ideias e objetivos da Maçonaria, que evidentemente, devem ser os mesmos, em qualquer parte do planeta.
Para que um símbolo se torne de fato um símbolo são necessárias várias interpretações, justificativas e significados. Nesse contexto, inicialmente abstrairemos o laço central que é a representação do G∴A∴D∴U∴ entre seu passado e o seu futuro, representa o número um, a unidade indivisível, o símbolo de Deus, principio e fundamento do Universo.
O número um, desta maneira, é considerado um número sagrado. Destarte passemos às laterais com 40 laços, e lembramos que este número marca a realização de um ciclo que leva a mudanças radicais. A Quaresma dura 40 dias. Ainda hoje temos o hábito medicinal de colocar pessoas ou locais sob “quarentena” como se nela estivesse a purificação dos males antes existentes. Jesus levou 40 dias em jejum e tentações. Os Hebreus vagaram 40 anos no deserto. Quarenta foram os dias que durou o dilúvio (Gênese, 7-4). Quarenta dias passou Moisés no monte Horeb, no Sinai (Êxodo, 34-28). Os 40 laços representam os 40 dias que Jesus usou para preparar-se para a morte terrestre e os 40 dias que ficou entre nós após a ressurreição, preparando-se para a Eternidade.
Ato contínuo, analisemos as justificativas simbólicas no próprio número 81 que segue os princípios místicos da Cabala, senão vejamos: o número 81 é o quadrado de 9, que, por sua vez, é o quadrado de 3, número Perfeito, bastante estudado em Escolas Esotéricas e de alto valor místico, para todas as antigas civilizações; Três eram os filhos de Noé; Três os varões que apareceram a Abraão; Três os dias de jejum dos judeus desterrados; Três as negações de Pedro; Três as virtudes teolegais (Fé; Esperança e Amor). Além disso, as tríades divinas sempre existiram, em todas as religiões: Shamash, Sin e lchtar, dos Sumérios – Osíris, Isis, Hórus, dos Egípcios – Brahma, Vishnu e Siva, dos Hindus – Yang, Ying e Tao, do Taoísmo – Pai; Filho e Espirito Santo, da Trindade Cristã. Também não poderíamos deixar de citar a tríplice argamassa das oficinas Liberdade, lgualdade e Fraternidade.
O maçom J. Fabrício Machado, em seu artigo “A corda de 81 nós”, apresenta outras possíveis explicações, na tentativa de elucidar os conceitos da Corda e os 81 nós:
“Dentro da numerologia, os comportamentos humanos têm valores numéricos, de acordo com as letras de seus nomes. As letras são divididas em três grupos de 9 letras, cada letra com 3 chaves, a saber: o valor numérico que lhe é próprio; o som numérico que lhe é próprio; e a figura que a caracteriza. Como temos nove variações comportamentais segundo a psicologia, teremos 81 variações de comportamento. Podemos então dizer em estudo livre, que esta corda mostra também os 81 comportamentos que uma pessoa pode ter em uma existência, sendo então a representação do individuo e suas mudanças humorais.
A Cosmogonia dos Druídas, resumidas nas Tríades dos Bardos antigos, eram em número de 81 (as Tríiades) e os três círculos fundamentais de que trata esta doutrina, tem como valor numérico o 9, o 27 e o 81, todos múltiplos de Ragon, em seu livro “A Maçonaria Hermética”, no rodapé da página 37, diz em uma nota, que segundo o Escocês Trinitário, o 81 é o número misterioso de adoração dos anjos. Assim, segundo Oswaldo Ortega, da Loja Guartimozim de São Paulo, à luz do Esoterismo, ele cita que os 81 laços que estão no teto, portanto, próximos do céu, tem ligação com os 81 anjos que visitam diariamente a Terra, com mostram as Clavículas de Salomão, e se baseiam nos 72 pontos existenciais (os 72 nomes de Deus), da Cabala Hebraica modificados. A cada 20 minutos, um anjo desce à Terra e dá sua mensagem aos homens. São 72 visitas no curso do dia, se levarmos em conta que a cada hora teremos 3 anjos, em 24 horas, teremos 72 anjos. Agora, somando 72 anjos aos nove planetas que nos influenciam diariamente chegamos ao número 81. Sabemos que estes anjos podem nos ajudar se os chamarmos pelos nomes no espaço de tempo que nos visitam. E eles estão representados no teto do
Templo, através dos 81 laços.
Ponto finalizando encontramos ainda outra denominação à “corda”, ou seja, “Borda Dentada'”, traduzida pela corda de nos (laços de amor) que rodeia o “Quadro de Aprendiz” (3 ou 7 laços), assim como o “Quadro de Companheiro (5 ou 9 laços) terminada com uma borla em cada extremidade e que per si mereceria um estudo próprio. Não obstante ao explicitado, a lição primordial que nos resta é que a corda é a imagem da união fraterna que liga, por uma cadeia indissolúvel, todos os Maçons, simbolizando o segredo que deve rodear nossos augustos mistérios, assim como representa a Cadeia de União permanente pela busca da proclamada Fraternidade, tão bem explicitada no Salmo 133.”
5 – Considerações finais
Quando do aprofundamento dos estudos dentro da Maçonaria, é perceptível o universo de informações e conceitos que compõem os temas presentes dentro da sua respectiva filosofia. Dentro da numerologia, da historia, da Cabala, dos mitos, das crenças e vivências os conceitos vão se fundindo e se transformando em explicações mais sólidas e presentes nos nossos cotidianos dentro da sociedade maçônica ou no mundo profano. Torna-se convicto que esses conceitos e as diversas fontes e interpretações não são uma particularidade apenas da “Corda de 81 nós”, sendo uma realidade que vem construindo a Maçonaria e seus preceitos ao longo da sua existência. Salvo que as fontes sejam sempre de referências segura e reconhecidas dentro das verdadeiras Maçonarias para que isso se torne uma realidade.
Do ponto de vista de aprendiz, na mais humilde e inicial jornada, entendo que o mais importante é o que se aprende, vive e transmite com atos e comportamentos ao mundo profano para a melhoria da sociedade e sua lapidação pessoal.
A corda de 81 nós, tendo ou não sua origem nos trabalhos feitos com demarcações no chão, nos anjos presentes, nos nomes diversos do G∴A∴D∴U∴, nas numerologias, nos misticismos e referências associativas bíblicas, não deixam sucumbir o principal ponto de sua interpretação que levo como verdade. A união dos irmãos em todas as partes do mundo, os laços de amor entre todos, estando sempre abertas a novas ideias, entradas dos irmãos e, por que não, a limpeza das energias quando adentramos o templo e os deixamos para continuidade das nossas jornadas e trabalhos no mundo profano.
Sendo tão pouco abordada nas referências bibliográficas disponíveis e, muitas vezes, despercebida entre os irmãos iniciados me sinto privilegiado em abordar um tema tão presente no nosso dia a dia e que se faz cada vez mais necessário a sua aplicabilidade no mundo profano: a união, igualdade e laços de amor.
Autor: Marcelo Marcus Martins Costa
Marcelo é Aprendiz Maçom na ARLS Jacques DeMolay, nº22, do oriente de Belo Horizonte e jurisdicionada à GLMMG.

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Referências
CAMPOS, Tito Alves. Instrucional Maçônico, Grau de Aprendiz. Londrina, PR. Editora Maçônica FILHO, Denizart Silveira de Oliveira. Da Iniciação Rumo a Elevação – Comentários às Instruções do Ritual do Aprendiz Maçom do rito Escocês Antigo e Aceito. Londrina, PR. Editora Maçônica “A TROLHA” Ltda., 4ª edição, 2012. OLSEN, Oddvar (org.). Templários, As sociedades secretas e o mistério do Santo Graal. Rio de Janeiro, RJ. Editora Best Seller Ltda.2011. COUTO, Sérgio Pereira. Sociedades Secretas. São Paulo, SP. Editora Universo dos Livros, 2009. O’CONNELL Mark, AIREY Raje. Almanaque ilustrado SÍMBOLOS. São Paulo, SP. Editora Escala. 1ª Edição, 2010. MANSON, Mark. A sutil arte de Ligar o foda-se. Rio de Janeiro, RJ. Editora Intrínseca, 2017. MM.’.AA.’.LL.’. & AA.’. – Aprendiz Maçom Instrução Grau 1 – REAA, Leitura exclusiva para Maçons 2012 E∴V∴ PROSDOCIMI, Alex A da Silva, O Painel da Loja de Aprendiz Maçom. 2017 MACHADO, J. Fabrício, em seu artigo “A corda de 81 nós”. A∴R∴L∴S∴ Aurora Lemense O SIMBOLISMO DA CORDA DE 81 NÓS. Santa Catarina, São Joaquim. 2019. Disponível em: https://www.fraternidadeserrana.com.br.Acesso em 20 de maio de 2019.