
As luvas brancas têm sido usadas pelos irmãos maçons como marca de distinção e pureza. Porém, percebe-se que a utilização desse símbolo está caindo em desuso entre os maçons.
No Ritual do Grau de Aprendiz Maçom da Grande Loja Maçônica de Minas Gerias em podemos ler:
Obedecendo a uma antiga tradição, ofereço-vos dois pares de luvas.
Uma é para vós; pela sua alvura vos recordará a candura que deve reinar no coração dos Maçons e, ao mesmo tempo, vos avisará de que nunca devereis manchar as vossas mãos nas impurezas do vício e do crime;
O outro será para oferecerdes àquela que mais estimardes e que mais direito tiver ao vosso respeito, a fim de que ela vos recorde constantemente os deveres que acabais de contrair para a Maçonaria …
Embora acolhendo os significados do texto acima -, atrela-se a realidade da homenagem “a virtude de uma mulher” que, mãe, esposa, irmã ou filha, que sempre de corações afetivos, trazem consolações e comodidades nas horas felizes da família, como nas atribulações e nos desfalecimentos da vida e de seu esposo.
A luva branca que o iniciado recebe, revela por sua brancura, que nunca deveis manchá-las, incólumes as vossas mãos, das águas sujas do vício.
Registros dão conta de que: dos 2 (dois) pares de luvas, um será destinado ao uso pelo irmão em reuniões (específicas). Sendo o outro par entregue àquela que mais direito tiver a vossa estima e ao vosso afeto. Segundo Wirth:
“As luvas brancas, recebidas no dia de sua iniciação, evoca ao maçom a recordação de seus compromissos. A dama que lhes mostrará as luvas se tiver a ponto de fracassar, lhe aparecerá como sua consciência viva, como a guardião de sua honra. Que missão mais elevada poderia ele confiar à dama que mais ele ama?”
A Maçonaria tem as luvas brancas como o símbolo do amor e do carinho para com a mulher.
Conceitos antigos
Possivelmente, sua origem remonta ao século X. Uma crônica relata que, no ano 960, os monges do Monastério de São Albano, em Mogúncia, ofereciam um par de luvas ao bispo, em sua investidura. Na oração, que se pronunciava na cerimônia da investidura, implorava-se a Deus que vestisse, com pureza, as mãos de seu servente.
Na Idade Média, os dignitários eclesiásticos como o Papa, cardeais e bispos, usavam luvas para os atos litúrgicos.
A maçonaria chamada operativa, utilizava as luvas para proteger as mãos dos seus pedreiros nos campos de trabalhos ou construções. Ação que se distende até os dias de hoje – trazendo consigo um lema “Como representação simbólica de proteção das mãos contra as impurezas morais”.
Durandus de Mende (1237-1206 a. C) interpretava as luvas como símbolo de modéstia, já que as boas obras executadas com humildade devem ser mantidas em segredo. Na investidura dos reis da França, estes recebiam um par de luvas, tal como os bispos. As mãos ungidas e consagradas do rei, assim como as de um bispo, não deviam ter contato com coisas impuras. Depois da cerimônia, o Hospitalário queimava-as, para impedir que pudessem ser utilizadas para usos profanos.
No ano 1322, em Ely (cidade inglesa, onde se levanta uma grande catedral), o Sacristão comprou luvas para os maçons ocupados na “nova obra”; em 1456, no Colégio Eton, destaca-se que cinco pares de luvas foram entregues aos pedreiros que edificavam os muros, “como é obrigação por costume”.
Também, há um documento que precisa que, no Colégio Canterbury, em Oxford, o Mordomo anotou, em suas contas, que se deram vinte “pence” como “glove Money” (dinheiro de luva) a todos os maçons ocupados na reconstrução do Colégio”. Em 1423, em York (Inglaterra) dez pares de luvas foram subministrados aos pedreiros “setters”, com um custo total de dezoito “pence”. Também na Inglaterra, nas épocas isabelina e jacobina (1558-1625), as luvas tinham um prestígio difícil de compreender na atualidade. Tratava-se de um artigo de luxo, possuidor de muito simbolismo, e constituíam um presente apreciado. A luva significava, então, um profundo e recíproco vínculo entre quem a dava e quem a recebia.
Marco de uso na Maçonaria
As luvas lembram proteção –, no passado serviam para proteger as mãos contra o frio, o fogo, as impurezas e no trabalho.
Antigamente a nossa Ordem eram compostas por pedreiros “Maçons Operativos” que eram (Construtores de Catedrais, Castelos e Mausoléus etc.) que as transformava em belas peças de arquiteturas.
A construção destes eram traçados e planejados pelos maçons Operativos em reuniões e o resultado dos projetos definidos era mantido em sigilos.
No entanto, com advento da tecnologia, os maçons (antigos) foram paulatinamente integrados à Maçonaria especulativa passando o talhar da pedra vencida. Baliza que o Edifício que se constrói (hoje) é simbolicamente o Edifício (social, moral e ético), através do exemplo de ação, que simboliza o crescimento da humanidade, edificando conceitos de liberdade, igualdade e fraternidade, com o aprimoramento do caráter.
Na familiaridade com a mulher
O irmão Jaime Balbino, no seu trabalho diz:
“Que a mulher esposa tem por sua vez os direitos sustentados desde os dias do chamado PONTIFICADO ROMANO.”
Um provérbio persa diz: “Não firas a mulher nem com a pétala de uma rosa”.
A maçonaria reforça este aforismo ainda mais: Nunca firas a mulher com um lampejo de pensamento. Seja ela moça ou idosa, formosa ou feia, má ou bondosa, delicada ou áspera, sabe ser sempre o segredo do G∴ A∴ D∴ U∴.
Como usar a luva branca?
Não existe uma forma padronizada e recomendada pela Maçonaria. Porém, popularizou-se o costume de orientar a “Cunhada” a ter sempre consigo o seu par de luvas, pois em momentos de dificuldades, discretamente deixa a luva em exibição, não se preocupando com a configuração da apresentação.
Autor: José Amâncio de Lima
Amâncio é Mestre Instalado da ARLS Estrela de Davi II – 242 – GLMMG, Oriente de Belo Horizonte, membro da Academia Mineira Maçônica de Letras, delegado da 1ª Inspetoria Litúrgica do REAA de Minas Gerais e, para nossa alegria, também um colaborador do blog.

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Referências
FIGUEIREDO, Joaquim Gervásio de. Dicionário de Maçonaria. 4ª edição. Editora Pensamento. São Paulo. Páginas 550.
GLMMG (BH). Ritual do Grau de Aprendiz Maçom. Página 136.
HOUAISS, Antônio. Koogan Larousse. Editora Larousse Brasil. Rio de Janeiro. Páginas 1635.
RAIMUNDO, (trabalho) Luvas Brancas para o Palácio em Power Point.
ZELDIS, León. (trabalho) – Publicado no Correio Filosófico [GOPB], Nº 56 maio 2013.
Parabens pelo excelente trabalho. Realmente poucos sabem o significado de receber um par de luvas brancas, simbolo da humildade e da pureza das mãos.
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Comecei minha iniciação está semana dia 10-02-2022. Foi muito bem explicado pelo venerável sobre a utilização da luva branca.
Artigo de grande valia escrito pelo nosso irmão Luiz Marcelo Viegas.
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Excelente trabalho, muito bem exposto os significados das luvas. Sua origem e aplicações foram bem marcadas e pontuadas. Principalmente neste momento em que vivemos deveríamos distribuí-las e atentar aos que estão manchando no mundo profano. É o que continha e obrigado …
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