Zodíaco no REAA – Entenda as razões das colunas zodiacais no templo

Filhos do Arquiteto Brasil — O ZODÍACO E A MAÇONARIA: Era o 117° rito...

O Zodíaco apareceu nos rituais do REAA como herança da Lojas Mães Escocesas. Dentre outros, essas Lojas organizavam na França os trabalhos concernentes ao simbolismo do Rito. Destaque-se que é dessa época, mais precisamente no ano de 1804 na França, o aparecimento do primeiro ritual do REAA e que seria publicado oficialmente em 1821 (estima-se) no “Guide des Maçons Écossais”. É bom que se diga que nesta época o simbolismo do REAA enfrentava nos seus primórdios de existência a sua consolidação e aperfeiçoamento. 

Até 1815 existiu dentro do Grande Oriente da França, junto com o Segundo Supremo Conselho, uma Loja Geral Escocesa com o fito de organizar o simbolismo. Essa Loja Geral viria se extinguir por volta de 1815.

Muitos símbolos e costumes pertinentes às primeiras lojas simbólicas do REAA são frutos hauridos das Lojas Mães Escocesas (Marselha, Paris e Avinhão, por exemplo).

Em linhas gerais, as quatro principais contribuições das Lojas Mães para com o aprimoramento do ritual simbólico do escocesismo nos seus primeiros anos de existência foram: primeiro, a disposição das Colunas Vestibulares B e J tal como a usada pela Maçonaria anglo-saxônica (B à esquerda e J à direita de quem entra); segundo, a aclamação Huzzé; terceiro as constelações do zodíaco fixadas na base da abóbada; quarto, a consolidação da cor vermelha para o Rito.

Outras fontes principais que influenciaram esse primeiro ritual, além daqueles hauridos das Lojas Mães, foram o “Régulateur du Maçom” e os rituais ingleses da Grande Loja dos Antigos (divulgados pela exposição “The Three Distinct Knocks”, de 1760).

Em relação às colunas zodiacais e as constelações do zodíaco dispostas tais como se apresentam hoje, o que se pode dizer é que as doze colunas primitivamente não eram utilizadas, aparecendo nos primeiros tempos apenas as constelações zodiacais, ou os símbolos correspondentes ao zodíaco, cujos quais iam fixados ao alto na base da abóbada – seis no setentrião e seis no meridião. Destaque-se que essa decoração, apenas com constelações (ou os símbolos do zodíaco) ainda é empregada no lugar das colunas zodiacais em muitos templos do REAA atualmente.

Assim, as colunas zodiacais foram utilizadas para marcar a posição das constelações zodiacais, já que muitas abóbadas não seguiam essa decoração, isto é, omitiam nela o zodíaco. Provavelmente foi dado a isso que se passou a utilizar meias-colunas verticais – como que encravadas nas paredes – para projetar as constelações ausentes na base da abóbada (marcavam essa existência).

Deste modo, as colunas zodiacais, então colocadas para suprir a falta das constelações, acabariam se tornando elementos obrigatórios segundo muitos rituais do simbolismo do REAA. 

Com as suas presenças como símbolos do zodíaco, as colunas então trazem nos seus capiteis, ao invés da constelação fixada na abóbada, pantáculos (símbolos que possuem significado de natureza esotérica) relativos à cada um dos signos do zodíaco.

Atinente ao porquê do simbolismo iniciático dessas colunas no REAA, elas correspondem a faixa no mapa celeste que as doze constelações ocupam. Desta forma, o zodíaco, em Maçonaria, nada tem a ver com prognósticos acerca de uma pessoa em relação aos astros no dia do seu nascimento. 

No REAA o zodíaco é utilizado apenas como alegoria iniciática. Nesse sentido, os alinhamentos correspondentes à Terra, o Sol e as respectivas constelações zodiacais,
agrupados sequencialmente de três em três, representam a primavera, o verão, o outono e o inverno – nascimento, vida e morte na Natureza adequada ao hemisfério Norte do nosso Planeta.

Sob a óptica iniciática maçônica, esses ciclos são representados no templo pelas colunas zodiacais a partir de 21 de março (constelação de Áries) que é o início da primavera no Norte. Dessa forma, a vida simbólica do Iniciado acompanha a sequência desses ciclos naturais (primavera, verão, outono e inverno).

Emblematicamente se relacionando às etapas da existência humana – a infância, a adolescência, a juventude e a maturidade – essas fases se comparam à primavera, ao verão, ao outono e ao inverno, respectivamente. 

Com isso, a jornada iniciática dos três graus universais da Maçonaria seguem as estações representadas pelas colunas zodiacais a partir de Áries (primavera no Norte). É sob esse formato que as colunas vão dispostas, seis ao Norte e seis ao Sul. Divididas em quatro grupos de três, elas marcam os ciclos naturais e indicam o caminho que o Iniciado deve seguir, rompendo o seu percurso ao nascer na primavera para simbolicamente fenecer no inverno e, em seguida, tal como a Natureza revivida, reviver na Luz.

O Iniciado, ao percorrer a senda demarcada pelas colunas zodiacais simula seu aprimoramento como Aprendiz (infância-adolescência) nas seis primeiras colunas, de Áries até Virgem (Norte); o Companheiro (juventude) em Libra ao Sul e o Mestre prossegue nas colunas restantes em direção ao solstício de inverno quando a Natureza se prepara para ficar viúva do Sol (vide cultos solares da Antiguidade).

Assim, esse foi um breve relato sobre o significado da presença das colunas zodiacais nos templos do REAA. Evidentemente que esse é um percurso simbólico, contudo de conteúdo altamente significativo no que concerne à transformação e o aprimoramento – uma das doutrinas do Rito.

Por fim, toda essa proposição simbólica demonstrada busca explicar a importância emblemática dos solstícios e equinócios na liturgia maçônica. Não à toa que Câncer aparece no templo sempre ao Norte e Capricórnio ao Sul. Não menos importante ainda é lembrar que os solstícios de verão e de inverno ao Norte (onde nasceu a Maçonaria), correspondem respectivamente às datas comemorativas de João, o Batista e João, o Evangelista (as Lojas de São João). Ainda nesse contexto é bom lembrar que as Colunas B e J, também conhecidas como “pilares solsticiais”, marcam a passagem dos trópicos de Câncer e Capricórnio no templo – o Sol não ultrapassa os Trópicos e o Iniciado percorre os “ciclos”. O resto é estudar e compreender, destacando que o conhecimento esotérico é reservado apenas aos Iniciados. Eis aí os subsídios.

Autor: Pedro Juk

Fonte: Blog do Pedro Juk

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As colunas zodiacais

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Introdução

Nossos antepassados, ao observarem o céu e o movimento das estrelas e astros, em seu cotidiano, começaram a perceber a relação dos mesmos com a época do ano.

Com a observação cotidiana dos astros, os antigos começaram a dar nomes de animais do seu dia a dia, neste grupo de estrelas, dai surgindo os doze signos dos zodíacos. Desse estudo, surgiu  a astrologia, A astrologia vem do grego antigo  astron, “astros”, “estrelas”, “corpos celestes”, e logos, “palavra”, “estudo”, sendo que da astrologia surgiu a astronomia.

Na história humana existem diversos povos que desenvolveram essa  técnica de se observar o firmamento. Mas foram os sumérios, na realidade o primeiro povo que a sintetizou, sendo que eles deixaram a nós, o legado da astrologia, e posteriormente  a astronomia.  

O termo Zodíaco vem do grego antigo, zódia, daí zodiakos – círculo de animais” – que nada mais é que uma faixa celeste imaginária, que se estende entre 8 a 9 graus de cada lado da eclíptica e que com essa coincide. A eclíptica, é o caminho aparente que o Sol, do ponto de vista da Terra,  percorre anualmente no céu. Essa faixa foi dividida em 12 casas de 30 graus cada uma, chamadas de constelações (do latim “conjunto estelar”).

As colunas

As colunas zodiacais representadas em nosso Templo, são colunas da ordem Jônica, tendo no seu capitel os Pantáculos, que segundo o ocultismo, são fontes inesgotáveis de energias e forças que encerram incalculáveis poderes dentro de si, e que é a representação de cada signo com o planeta e o elemento da natureza que o caracteriza. Essas colunas são colocadas no Ocidente, sendo seis ao Norte e seis ao Sul.

Elas servem como símbolos do caminho do Maçom que está evoluindo, sendo sinal de crescimento, moral, material e espiritual.

Em nossa Ordem, os ritos maçônicos usam os signos, sinais do zodíaco, em sentido simbólico, não no sentido de horóscopo especificamente, como o do nascimento de uma pessoa, seus projetos etc. Em nosso rito o REAA, ele tem por finalidade educar e instruir o Maçom, a semelhança de outros símbolos e ferramentas estudadas.

As colunas são postadas junto às paredes, e com já dissemos, são seis ao Norte e seis ao Sul. A sequência das colunas é o seguinte: de Áries a Peixes, iniciando-se com Áries ao norte próxima à parte Ocidental, e terminando com Peixes ao Sul também próxima à parte Ocidental.

Esses signos são: Áries, Touro, Gêmeos, Câncer, Leão, Virgem, Balança ou Libra, Escorpião, Sagitário, Capricórnio Aquário e Peixes. As colunas começam com o signo de Aries, pois é em março que inicia-se o “ano astrológico”, tendo relação com o Equinócio de Primavera no hemisfério norte (de outono em no nosso hemisfério sul), que acontece por entre os dias 20 e 21 de março, período esse que marca o nascimento de um novo ciclo. É quando o Sol ingressa e passa pelo 0º de Áries, ou seja, o ponto vernal. O ponto vernal é quando o Sol, passando pela eclíptica, cruza o equador celeste próximo aos dias 20 ou 21 de março determinando o início da primavera para o hemisfério norte e o de outono para o hemisfério sul. Apesar de localizar-se hoje, devido à precessão dos equinócios, na constelação de peixes. Tal precessão, ocorre a cada 25.770 anos. Ele é chamado de Grande Dia. Devido a esse fenômeno, ocorrerá com o tempo, a antecipação dos equinócios, com a mudança na posição dos astros.

Pois bem, existe um correlação na coluna zodiacal relacionado aos Graus simbólicos. Ao Grau de Companheiro corresponde Libra ou Balança; e os ao Grau de Mestre Maçom são os signos de Escorpião, Sagitário, Capricórnio, Aquário e Peixes. |Os demais são relacionados aos Aprendizes – Áries, Touro, Gêmeos, Câncer, Leão, Virgem

Vejamos suscintamente a representatividade de cada um, sendo que eles também estão relacionados aos doze filhos de Jacó que deram origem às doze tribos de Israel, bem como aos doze apóstolos de Jesus.

A sequência completa das colunas são as seguintes: Áries, Touro, Gêmeos, Câncer, Leão, Virgem, ao lado Norte, no sentido do Ocidente – Oriente, e Libra, Escorpião, Sagitário, Capricórnio, Aquário e Peixes ao Sul, no sentido Oriente- Ocidente.

Coluna nº 1: Áries, – coluna do Norte, corresponde à cabeça e ao cérebro do homem Planeta Marte e ao elemento Fogo. É o início de tudo. Da busca espiritual.

Coluna nº 2: Touro, a coluna do Norte, corresponde ao pescoço e à garganta. -Planeta Vênus e o elemento Terra. Símbolo da vida na matéria

Coluna nº 3: Gêmeos, – coluna do Norte, correspondendo aos braços e às mãos, Planeta Mercúrio e ao elemento Ar. A representação mais comum é a de dois homens abraçados, que indica a elevação espiritual. 

Coluna nº 4: Câncer (ou Caranguejo) – coluna do Norte, corresponde aos órgãos vitais respiratórios e digestivos.  Corresponde à Lua, ao elemento Água. Nas igrejas católicas esta sempre próximo a pia de batismo, como a indicar a religação com a vida espiritual.

Coluna nº 5: Leão, coluna do Norte, corresponde ao coração, centro vital da vida física. Corresponde ao Sol e ao elemento Fogo. Indica a persistência que devemos ter, a força para prosseguirmos em nossa elevação espiritual.

Coluna nº 6: Virgem, coluna do Norte; corresponde ao complexo solar que assimila e distribui as funções no organismo. Como faculdade intelectual exprime a realização das esperanças. Planeta Mercúrio e ao elemento Terra.

Coluna nº 7: Libra (Balança), Coluna do Sul – Simboliza o equilíbrio entre as forças construtivas e destrutivas. – Planeta Vênus e ao elemento Ar.

Coluna nº 8: Escorpião, Coluna do Sul, Planeta Marte.  Elemento Água. . Representa as emoções e sentimentos tanto negativos como positivos, como rancor, obstinação.

Coluna nº 9: Sagitário, Coluna do Sul. Caracterizada por Júpiter e pelo elemento Fogo. Representa a mente aberta e o julgamento crítico.

Coluna nº 10: Capricórnio, Coluna do Sul – Planeta Saturno. Elemento Terra. Simboliza a determinação e a perseverança.

Coluna nº 11: Aquário, Coluna do Sul –  Planeta  Saturno –  Elemento Ar. Representa o sentimento humanitário e prestativo.

Coluna nº 12: Peixes, Coluna do Sul, Planeta Júpiter. Elemento Água. Simboliza o desprendimento das coisas materiais.

Conclusão

Podemos concluir que as colunas foram introduzidas em nossa Ordem, para indicar o caminho de evolução do maçon. Cada coluna zodiacal, representa uma etapa na em nossa evolução, demarcando nossa  caminhada espiritual. Alguns autores, dizem que as colunas não são da maçonaria, e que  foram introduzidas posteriormente no REAA, ficando tal debate para uma próxima oportunidade.

Compilado por Dermivaldo Collinetti

Dermivaldo é Mestre Maçom da ARLS Rui Barbosa, Nº 46 – GLMMG – Oriente de São Lourenço e, para nossa alegria, um colaborador do blog.

Referências bibliográficas

José Castellani – Astrologia e Maçonaria – 3ª Edição Revisada.

Xavier Musquera – As Chaves e a Simbologia na Maçonaria.

CAMINO, Rizzardo da, Dicionário Maçônico, ISBN 85-7374-251-8, primeira edição, Madras Editora Ltda., 414 páginas, São Paulo, 2001.

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As colunas e as ordens de arquitetura

Capitéis da Antiguidade Clássica: Entenda a diferença entre as ...

Em nossa Ordem, e nos mais variados ritos, são consideradas cinco ordens de arquitetura, sendo três de origem grega e duas de origem romana, sendo no REAA, as que prevalecem são as de origem grega, que são originais, sendo que as demais são derivadas destas.

As Ordens de arquitetura, são uma combinação peculiar de três elementos arquitetônicos: base, coluna e entablamento.

Na nossa Ordem, esses estilos arquitetônicos clássicos, são utilizados em vários dos Graus maçônicos, e valem por seu simbolismo.

São cinco as ordens conhecidas:

  • De origem grega: Ordens Jônica. Dórica e a Coríntia, sendo esta última uma variação da Ordem Jônica
  • De Origem romana: Ordens Toscana e Compósita.

Apesar de não serem de origem grega, eles, os gregos a remodelaram e a tornaram a que são hoje.

Assim, faremos um pequeno resumo das ordens de arquitetura e seu simbolismo, lembrando que pelo ritual, as colunas ficam próxima ao altar da três luzes e as colunetas miniatura das mesmas, ficam no altar dessas mesmas luzes.

Ordem Jônica:  A Ordem Jônica também é conhecida como a Ordem de Atenas, sendo de origem Assíria, sendo seu lugar no Oriente próximo ao Venerável Mestre. Dai ela representar a Sabedoria. Ela é posterior a Ordem Dórica.  Nota-se que a coluneta no trono fica sempre de pé, indicando que a Sabedoria deve estar sempre alerta, seja no trabalho ou no descanso. Ela vem dos Jônios que era um povo vindo da Ásia, e que fundaram várias cidades na Grécia antiga, inclusive a cidade de Atenas, de onde se originou os grandes pensadores gregos, como Sócrates, Platão e Aristóteles.

A lenda nos conta que Íon, um líder grego dos Jônios, foi enviado à Ásia, onde construiu templos em Éfeso, dedicados a deuses gregos. Íon então, observou que as folhas de cortiça, colocadas sobre os pilares para evitar infiltração de água e amortecer o peso das traves, com o tempo, cedendo à pressão, contorciam-se em forma de ornamento em espiral, que imitavam os fios de cabelo de mulher, sendo essa  a principal característica da Ordem Jônica. Um dos exemplos da arquitetura Jônica encontra-se na Acrópole de Atenas. Representa ainda em nossa ordem o Rei Salomão.

– Ordem Dórica: Ela é a mais rústica das três gregas, e a mais antiga, priorizando a robustez, em confronto com a beleza, sendo que na Grécia antiga, ela ornamentava os deuses masculinos, sendo que sua origem é do Egito. Daí estar relacionada a FORÇA (Hercules), estando na Coluna do Norte que é governada pelo Primeiro Vigilante. Suas colunas não possuem base e seus capiteis são simples, lisos e sem qualquer ornamento. A coluneta é erguida durante os trabalhos, quando é necessária força para a execução dos mesmos (do meio dia à meia noite). Seu nome vem de Dorus, filho de Heleno, rei da Acaia e do Peloponeso. Os Templos mais importantes da Grécia antiga tinham colunas da desta ordem. Dos Dóricos, originaram-se os Espartanos, grandes guerreiros e combatentes. Como símbolo da força, nos anima e sustenta perante as nossas dificuldades, lembrando que nunca estamos sozinhos. Representa Hiram Rei de Tiro.

Ordem Coríntia: É a mais bela de todas, daí representar a Beleza (Afrodite ou Vênus), estando próxima ao Segundo Vigilante. Ela é uma evolução da Ordem Dórica. Ela é esbelta e graciosa. Sua denominação refere-se a cidade de Corinto; Quando do início dos trabalho em loja, a coluneta é abaixada. O templo de Zeus é melhor exemplo desta arquitetura.

A lenda nos conta que uma ama levou uma cesta, contendo brinquedos à sepultura da criança que cuidava, cobrindo-a com uma velha telha, por causa das chuvas. Ao iniciar-se a primavera, um pé de acanto germinou e cresceu, transformando-se em formosa árvore. Folhas de acanto, cesta e telha teriam produzido um belíssimo efeito ao crescer a planta. Essa cena foi capturada pelo escultor Calímaco, que talhou um pilar de rara beleza, com o capitel copiado daquela cena. Representa Hiram Abiff.

Às essas três Ordens de Arquitetura, acrescentam-se às vezes a ordem Compósita, e a ordem Toscana, que não devem ser levadas em conta no simbolismo maçônico. 

Conclusão

Nosso edifício espiritual repousa sobre estas Ordens e colunas simbólicas, sendo que a Sabedoria organiza o caos, criando a ordem. A Força executa o projeto, seguindo instruções da Sabedoria, e a Beleza ornamenta nossa vida. Assim, sendo Sábio temos a Força, para lutar e combater as vicissitudes da vida e temos a Beleza permanente na construção de nosso edifício humano.

Autor: Dermivaldo Collinetti

Dermivaldo é Mestre Maçom da ARLS Rui Barbosa, Nº 46 – GLMMG – Oriente de São Lourenço e, para nossa alegria, um colaborador do blog.

Referências

As Ordens Arquitetônicas na Maçonaria – Kennyo Ismail – Blog No esquadro.

WWW.MACONARIA.NET – As três colunas, Eduardo Silva Mineiro, ARLS Acácia Castelense, nº 4 – Castelo do Piauí – Piauí – Brasil.

Decálogos do grau de aprendiz – Reinaldo Assis Pellizzaro – 1 Ed. 1986.

A Simbólica Maçônica – Jules Boucher – 1979.

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À sombra dos mitos – Sinais de reconhecimento, segredo, fraternidade…

Brother H. A. | Maçonaria, Pedreiros

A Maçonaria, cuja originalidade consiste em misturar ritual e reflexão, tradição e modernidade, simbolismo e solidariedade, não escapou do mito. Ela tem uma dúzia de histórias ou referências míticas que ela emprestou do fundo cultural judaico-cristão e que lhe permitiu desenvolver uma visão particular do mundo.

Em relação à mitologia clássica, ela selecionou seus temas preferidos: ela não destaca Édipo, Sísifo ou Eros, Zeus ou os Titãs, Orfeu e o submundo, belas deusas e ninfas imprevisíveis, heróis metamorfoseados, monstros fabulosos ou histórias de amor e incesto. Mas encontramos o crime (assassinato de Hiram), tantas vezes presente nas relações entre os deuses pagãos; encontramos a questão da transmissão do conhecimento (as duas colunas) colocada por Prometeu ou Hermes; encontramos a culpa do homem envolvendo a vingança de Deus (o Dilúvio e a Torre de Babel).

Basta dizer que a mitologia maçônica, apesar de dimensões restritas, não pertence menos à mitologia universal. Ela pode se articular em torno de três eixos: primeiro, a construção do Templo, imagem fantasista do templo de Salomão. Este edifício é tanto o próprio templo interior de cada maçom que deve dominar sua natureza, e o templo exterior representado pela Cidade ideal; em todos os casos, assume-se que permanece inacabado. Em segundo lugar, a lenda de Hiram, transposição de múltiplos arquétipos, retomada parcial do mito de Ísis e Osíris, símbolo da transcendência diante da finitude humana, realização de um destino e esperança de uma ressurreição. Finalmente, o mito de cavalaria que não só penetrou o ritual desde o grau de aprendiz (cerimônia de iniciação), mas também promove os valores tradicionais atribuídos a esta instituição: honra, coragem, lealdade, generosidade, altruísmo. Tal como o conjunto da sociedade, o fascínio cavalheiresco também permeia a Maçonaria.

Esses mitos – com a exceção da cavalaria – aparecem nas Antigas Obrigações que, entre 1390 e 1720 são os textos de referência dos maçons operativos que serviram de corpus para o desenvolvimento da Maçonaria moderna. Estes manuscritos (cerca de cento e trinta cópias) geralmente incluem uma história lendária da profissão do construtor e uma lista dos deveres morais e profissionais dos pedreiros. Existem ali também muitas ocorrências religiosas: invocações a Deus ou os santos, à Virgem Maria ou à igreja, busca da salvação da alma, referências e histórias bíblicas, orações. Uma interpretação espiritualista deduzida ali, instalada no corpus maçônico no início do século XVIII: entre 1710 e 1750 escolhas ideológicas decisivas relacionadas aos mitos foram feitas: apagamento de Euclides e eliminação de Noé em favor de Hiram e Salomão, uso sistemático de elementos bíblicos, a promoção do Deus único. Esta concepção é hoje dominante no espaço reflexivo maçônico.

Uma releitura secular e racional dos mitos maçônicas foi necessária; ela desafia muitas concepções tradicionais, mas esta nova visão alternativa não é destrutiva: ele não tem a pretensão de se livrar de Deus nem de outros atributos do modelo dominante, mas ela prefere a geometria, fonte de outras Ciência e local de raciocínio dedutivo. Para ela, o mito comporta tanto a imaginação quanto a razão: é claro que a razão produz mitos e os mitos mais irracionais têm uma razão.

Mas o maçom, na busca incessante do sentido que lhe sugere a presença de seus mitos, deve reabilitar aqueles que lhe atribuem uma finalidade de compreensão lógica da razão do mundo. Por esta inteligibilidade adogmática distante dos abusos espiritualistas de discurso meloso, e sem negligenciar uma certa consciência mítica, ele cumprirá totalmente sua missão: compreender, aprender, construir e transmitir.

Dois personagens míticos eliminados: culpa de Hiram?

Euclides, a fonte racionalista esquecida

O Manuscrito Regius (1390), o mais antigo texto das Antigas Obrigações, começa com uma fórmula claramente significativa:

“Aqui começam os estatutos da arte da geometria segundo Euclides.”

Não só Euclides é o padrinho do Regius, mas lhe é creditado ser o criador das sete ciências; em todas as ações atribuídas a ele, Euclides sempre age de acordo com os princípios da razão geométrica, tornando-se um homem providencial. Ele é também – embora este ponto seja totalmente omitido pelos espiritualistas e historiadores maçons – aquele que pela primeira vez formaliza as regras de organização e funcionamento do ofício.

Ele é, assim, o autor de quatro “obrigações” decisivas:

  • A obrigação de transmissão recíproca: aquele que é mais avançado na arte da geometria deve instruir os menos dotados, a fim de aperfeiçoar e esta instrução deve ser recíproca;
  • O dever de fraternidade: os homens que praticam a arte devem “amar a todos como irmãos e irmãs”;
  • A designação de um mestre: o mais avançado na arte deve ser chamado de “mestre” para homenageá-lo particularmente;
  • O respeito mútuo: os maçons, para o bem da unidade, devem se chamar companheiros entre si, qualquer que seja o seu nível profissional.

Outro texto das Antigas Obrigações, o Manuscrito Dumfries no. 4 (C 1710) apresenta Euclides como aquele que cria quatro novas medidas verdadeiramente constitutivas da Maçonaria especulativa: a criação em forma de Ordem, o sinal de reconhecimento, o segredo e a regularidade do trabalho em loja.

Apesar desse papel essencial, Euclides não foi mantido como um mito da Maçonaria moderna: Anderson o cita pouco e os rituais desenvolvidos no decorrer do século XVIII, lhe atribuem apenas algumas evocações em alguns graus do Rito Escocês Antigo e Aceito.

Noé, um destino maçônico contrariado

Noé, mito universal e um dos mais antigos da humanidade, tanto como resultado do dilúvio quanto da arca, representa na Bíblia o fundador da nova ordem mundial. Deus, vendo-o como o único justo e o único homem de integridade, conclui com ele a sua primeira aliança depois do dilúvio. Os termos dela são simples: Deus diz a Noé que ele nunca mais o amaldiçoará e, portanto, não destruirá os seres vivos como acabou de fazer. Ele, então, determina a Noé e a seus filhos uma missão de quatro pontos: eles devem ser fecundos e prolíficos; eles dominarão a natureza; eles poderão se alimentar de tudo o que há na terra, exceto o sangue; e eles deverão velar pela vida de seus irmãos, ou seja, não matar. O arco-íris será o sinal dessa aliança. Trata-se de uma nova filosofia equilibrando direitos e deveres: possibilidade para o homem dominar a natureza, mas obrigação de respeitar a vida dos outros.

Nos textos maçônicos do século XVIII, Noé é valorizado: Anderson o apresenta em 1738 como o pai da Maçonaria, cada maçom sendo um “verdadeiro filho de Noé” e Ramsay como o restaurador da raça humana e o primeiro Grande Mestre da Ordem. O Noaquismo é assim, a religião primitiva anterior a todo dogma, uma espécie de religião natural global em que todos os homens podem se reconhecer. Noé deveria ter sido o mítico fundador da Maçonaria especulativa. No entanto, ele desaparece muito rapidamente das referências maçônicas: ele já não é mencionado na edição das Constituições de 1756 e não reaparece no novo texto da Constituição Maçônica Inglesa de 1813. Ele não é mais encontrado hoje, senão no grau 21 do REAA chamado Noaquita ou Cavaleiro Prussiano e no Grau de Royal Ark Mariner, novamente praticado na França há vários anos. Como Euclides, ele foi deposto por Hiram.

Um novo rosto para Hiram: uma apresentação de sacrifício à luta de classes

O mito de Hiram é a narrativa fundamental da Maçonaria especulativa; aparecido na década de 1730, ele coloca em cena Hiram, Mestre Maçom do canteiro de obras do Templo de Salomão, que foi assassinado por três maus companheiros a quem ele não quis revelar o segredo dos mestres. Existem cerca de cinquenta versões do mito hirâmico. Mas, Hiram continua a ser o mestre perfeito, dotado de todas as virtudes humanas e de todas as competências técnicas possíveis; ao invés de revelar um segredo, ele se sacrificou e morreu: senso de Dever, recusa a ceder à fraude, ele representa no imaginário dos maçons um modelo de coragem e de vida, ao mesmo tempo um herói e um santo, o mito maçônico absoluto.

Esta lenda é incompleta porque um episódio crítico foi omitido pelos redatores maçônicos do século XVIII.

O documento sobre o qual repousa o mito, o Manuscrito Graham (1726), relata que um conflito profissional eclodiu no canteiro de obras: é uma disputa entre os trabalhadores e os pedreiros sobre salários. Hiram ocupa o cargo de vigilante de todo o canteiro de obra, mas é o próprio rei Salomão quem intervém para se chegar a um acordo: ele explica para acalmar as recriminações que todos os trabalhadores serão pagos da mesma forma, mas ele dá aos pedreiros um sinal que os trabalhadores não conheciam:

“E aquele que podia fazer o sinal onde os salários eram pagos eram pagos como pedreiros; os trabalhadores não o conheciam e eram pagos como antes.”

Embora a calma tenha voltado, Hiram se torna, portanto, cúmplice de uma torpeza de Salomão, de uma manipulação e uma mentira, apagada do texto maçônico, ostensivamente para dar a Hiram um papel idealizado.

Hiram é, portanto, o tipo de executivo dividido entre os objetivos do cliente e as queixas dos trabalhadores, defendendo até a morte os interesses da classe dominante.

As duas colunas antediluvianas, um mito negligenciado

Este mito é amplamente destacado por vários textos das Antigas Obrigações e retomado por Anderson. Ele encontra sua origem nas Antiguidades Judaicas do historiador Flavius Josephus (37-100). Ele indica que homens que tiveram a presciência de um cataclismo universal querido por Deus e que arriscava destruir a humanidade por água e fogo decidiram construir dois pilares sobre os quais todo o conhecimento seria inscrito, com o objetivo explícito de o preservar e transmitir às gerações futuras.

Pelo efeito de uma mudança de significado, uma confusão com as duas colunas do Templo de Salomão ele foi gradualmente instalado na mitologia maçônica; hoje, apenas no grau 13 do Rito Escocês o tema se mantém intacto.

Alguns aspectos são dignos de nota:

  • De acordo com as versões, passamos de quatro construtores (os filhos de Seth, terceiro filho de Adão e Eva) a um único construtor: Enoque, o patriarca antediluviano que foi levado vivo para o céu. Da mesma forma, os materiais de construção variam de pedra ao mármore, de tijolos ao latão.
  • A intenção inicial é motivada pelo medo de perder as invenções humanas; estas dizem respeito principalmente à astrologia, depois a geometria e a maçonaria. Finalmente, é Hermes que redescobrirá uma única coluna, permitindo o sucesso da operação.

Muitos historiadores maçons integram este mito no Noaquismo; essa assimilação é injustificada. Noé e as duas colunas não têm ligação alguma entre si. Noé é um personagem bíblico, enquanto que o episódio das duas colunas, invenção profana está ausente do texto bíblico; Noé é uma personagem que faz a ligação com Deus, enquanto a decisão de construir as duas colunas é puramente humana, sem um relacionamento anterior com Deus. Pode-se até argumentar que esta decisão é a marca de um desafio a Deus, os homens assumindo que arriscam perder permanentemente o que eles ganharam.

É preciso lembrar a natureza Prometeana de um projeto perfeitamente racional.

O duplo mito salomônico, ambiguidade da natureza humana

A Maçonaria é permeada pelo mito Salomoniano em dois aspectos: primeiro, a construção do Templo como o canteiro ideal e por outro lado, a pessoa do próprio rei Salomão, cujo papel é importante, especialmente nos graus escoceses. Sejam quais forem os textos, o Templo é a expressão da perfeição; ele representa o cosmos e para muitos maçons é a expressão simbólica do Templo Maçônico. Salomão é apresentado em todos os atributos da soberania: construtor, justiceiro, concedendo recompensas, presidindo todas as assembleias; na plenitude de sua glória, ele é, especialmente no REAA, o fiador simbólico da maestria sem defeito.

De acordo com a visão bíblica, Salomão é um homem sábio, possuidor do dom do discernimento na origem de sua equidade e sua tolerância proverbial, conhecimentos científicos e uma abordagem filosófica.

Esta visão é em grande parte distorcida e inequívoca. O templo não é apenas um santuário religioso, mas também ao mesmo tempo um lugar político. Sua construção interrompe o nomadismo da religião judaica e, simultaneamente funda a identidade nacional do povo judeu. Os caprichos da história fizeram dele um lugar de rivalidade e crimes, tanto religiosos quanto políticos. Salomão, por sua vez, mandou assassinar seu irmão e vários dignitários ou rivais para consolidar seu poder; depois de uma primeira parte do glorioso reino, ele se tornou infiel a seu Deus, entregando-se ao politeísmo e à poligamia, aumentando os impostos de seus súditos, usando escravos e não respeitando seus compromissos comerciais com seus vizinhos. Com sua morte, as tribos do norte se revoltaram e o país se dividiu em dois reinos.

Por que os maçons valorizam um lugar simbolicamente tão questionável e uma figura criminosa? Esquecendo-se o lado escuro dos homens e sua história, a Maçonaria quer mostrar a imperfeição da natureza humana?

A Torre de Babel, um mito amaldiçoado que se tornou benéfico

A Maçonaria propõe três grandes interpretações do mito da Torre de Babel:

  • A visão tradicionalista: construindo a Torre, os homens deram prova de orgulho e vaidade insuportáveis para Deus; a ira divina é, assim, natural, a confusão de idiomas é um castigo merecido, assim como a maldição do homem sobre a terra. Esta concepção moralizante e culpabilizante baseada na Bíblia está presente especialmente no Manuscrito Regius (1390), no Manuscrito Graham (1726) e quase totalmente no grau 21 do REAA.
  • A interpretação construtivista: ela tem sua origem no Manuscrito Cooke (c. 1400) que apresenta este mito como a capitalização da experiência adquirida pela “ciência da geometria”, que levou a uma mestria da arte de construir. Nada é dito sobre a intenção original dos homens nem sobre a vingança divina. A torre não é mais o símbolo da vaidade humana, mas torna-se o lugar da transmissão do conhecimento técnico. Estamos aqui na origem de uma visão amplamente positiva do mito.
  • A síntese Andersoniana: As Constituições de Anderson (1723 e 1738) ultrapassam as duas correntes anteriores, emprestando-lhes vários elementos. A construção da torre não tem a intenção de desafiar a Deus, este ponto não sendo mais que uma consequência; a sanção é a mesma para os homens, a da confusão de idiomas e a dispersão; mas os homens adquiriram por meio dela, uma competência excepcional que servirá ao desenvolvimento da arte de construir.

Assistimos durante quarenta anos uma inversão axiológica: seguindo-se a evolução geral da opinião a diversidade é agora uma bênção e o múltiplo é a ordem natural do mundo. Babel permanece a metáfora da desordem extrema e do excesso, mas a maioria dos maçons de nossos dias compartilha a ideia de que a diversidade é uma riqueza em nome do princípio de que é preciso “reunir o que está espalhado”. A reinterpretação regular desse mito mostra que ele não se fossiliza, Babel tendo se tornado ao longo do tempo o paradigma da unidade e da diversidade humana.

O mito no coração do homem

Todas as culturas o utilizam. É uma história que tem uma ou mais histórias; elas retratam deuses ou seres sobrenaturais ou heróis divinizados que adquiriram status divino; esses deuses têm relações entre si e com os homens. Eles muitas vezes se comportam de forma imoral, mas isso é para mostrar aos homens em contraponto aos valores morais que eles devem respeitar. Para muitos – especialistas ou simples seguidores – a natureza religiosa do mito é evidente, porque a intrigas na maior parte das vezes se refere à origem dos deuses, do mundo, do mal, da morte. Todas as religiões estabeleceram ligações com os mitos, porque eles são portadores de uma visão sagrada. Portanto, a questão dos mitos fundadores é essencial porque participa da crença coletiva em uma criação antiga, se não arcaica, expressando uma verdade reconhecida como certa e que se tornou atemporal.

Autor: François Cavaignac
Tradução: José Filardo

Fonte: REVISTA BIBLIOT3CA

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As Colunas Boaz e Jakin

Estas colunas todas as vezes que mencionadas evocam a imagem do Templo do G.A.D.U, por tradição chamado Templo de Salomão. Neste ensaio, pretendo demonstrar esta obra específica de Salomão e Hiram-abif, suas origens, localizações, tamanhos, finalidades e o mais difícil, seus nomes e significados.

Origens

Eram comuns à época estas colunas e obeliscos, serem erigidos para se “louvar” os deuses e destes angariar favores e, havia também, uma tradição disseminada dos governantes marcarem suas histórias e realizações pessoais com obeliscos ou colunetas, antes e durante ao advento de registros escritos ou figurativos e para isto usaram destas colunas e obeliscos.

Como exemplos, mais conhecidos, os diversos obeliscos Egípcios, quase todos monolíticos e inúmeros outros. Esses pilares foram comuns na Síria, Fenícia e Chipre naqueles tempos. Houve também, imensos pilares, alguns de fogo ou incensa, que eram parecido a sua contra-partida de fenício e eles teriam a finalidade de iluminar a fachada do templo à noite, ainda também, pegando o primeiro amanhecer ou anoitecer, refletir a fachada do templo, e produziam uma nuvem de fumaça escura durante o dia.

Também foram descobertas as fundações de pilares semelhantes nos locais dos templos em Hazor e condado Ta’Yinat que tinham duas colunas em suas entradas, semelhantes a que seriam construídas no templo. Heródoto (484 – 425 a.C.), historiador grego, também conhecido como “Pai da História”, descreveu dois grandes pilares próximos ao Templo de Hércules em Pneu, que eram iluminadores da noite.

Por que da sua origem no templo hebreu?

Cabe como prólogo desta questão, perguntar-se, porque a falta de menção das colunas nas narrações ao advento da construção do Templo? Não será por meros erros ou por omissões dos copistas ou escribas, em que não há por nenhum momento a menção destas colunas quando das definições da arquitetura e obras do Templo. Vide todas as discrições havidas em Reis ou Crônicas (I Reis, 6:1-38 – II Crônicas, 3:1-14).

Ver-se-á na ocasião, quando o Rei Davi dispôs a seu filho Salomão a planta do Templo recebida do G:.A:.D:.U:. narrações tão peculiares e ostensivamente pormenorizadas de coisas e detalhes, não havendo, entretanto, por menor que fosse, qualquer menção destas colunas. Vide I Crônicas, 28:11-21; 29:1-9. Somente terminadas as obras do Templo (I Reis, 7: 37- 38), começam a aparecer menções a estas famosas colunas. Vide I Reis, 7:15-22.

Por que mandara Salomão fazer estas colunas?

Por que elas não fizeram parte do Templo quando de sua arquitetura primordial?

A que serviriam?

Foram para demarcar a obra e sua posteridade?

Para responder a estas questões faz-se necessário demonstrar o caráter ambíguo dos arquitetos e construtores destas obras.

  • Vivera o povo Hebreu sobre o jugo dos Egípcios por mais de cinco séculos antes do êxodo. É obvio se deduzir que esta convivência poderia e teria incorporado hábitos e coisas daqueles povos ao Povo Hebreu e suas descendências.
  • Era o arquiteto Hiram-abif (judeu por parte de pai), filho de Tiro, cidade Fenícia, familiarizado com o estilo de construções Egípcias e Fenícias, em pedra talhada e com a arquitetura megalítica dos antigos.
  • Eram os Templos de Carnaque e Luxor, há época, precedidos de obeliscos, como tantos outros e notórios.
  • Tantos os executores, como os arquitetos, que eram de Tiro, indubitavelmente, teriam tido uma grande influência no projeto dos pilares para o templo em Jerusalém.
  • Estas obras (as colunas) jamais teriam caráter de quaisquer tipos de adorações (totalmente proibido pelo Talmude e o Torá) ou messiânicas. Portanto não eram para ser sagradas. Não fariam parte do Templo, como não fizeram na sua arquitetura primordial.

Dado a ambiguidade, ao se erigir estas colunas demarcou-se o momento pessoal dos arquitetos e executores destas obras e seus nomes para posteridade, e disto não tenho a menor dúvida. Julgo, também, pela síntese da pesquisa especulativa e dedutiva serem estas colunas um marco, os obeliscos que encerram em si o desejo de marcar uma obra. Um monumento comemorativo. Inicial e tão somente.

Localizações

Em diversos autores e livros muito se tem especulado sobre a posição destas colunas; à direita ou esquerda estaria Jakin; à direita ou esquerda estaria Boaz.

Uns dizem, sendo o Templo construído no sentido de sua porta de entrada estar para Leste (o sol), Jakin estaria à esquerda, isto por óbvio, de quem estiver dentro do Templo olhando para fora. Estando fora do Templo estaria à direita e há assertivas de ser esta sua verdadeira posição o que se demonstra a seguir. De antemão, não há quaisquer dúvidas que elas foram postas à frente do Templo.

Para determinar estas colocações tomaremos por base duas dissertações que nos parecem por demais definitivas, ou sejam, em Crônicas e Reis:

“E pôs estas colunas no vestíbulo do Templo, uma à direita e outra à esquerda: a que estaria à direita, chamou-a Jakin e a que estava à esquerda, chamou-a Boaz.” (II Crônicas, 4:17).

“E pôs estas duas colunas no pórtico do Templo, e tendo levantado a coluna direita, chamou-a por nome Jakin. Levantou do mesmo modo a segunda coluna, e chamou-a por nome Boaz.” (I Reis, 7:21).

Este último relato, ipsis litteris, põe quaisquer discussões de se estar dentro ou fora para se determinar às posições das colunas fora de contexto. Pode alguém duvidar agora de que este “ato de levantar” que se fez diante de um Templo terminado (e seu pórtico externo – vestíbulo), de que os termos “direita” e “esquerda” só podem ser considerados desse ponto de vista? De quem olha este levantamento.

Aclara e corrobora em Antiguidades Judaicas, de Flavius Josepho, nascido em Jerusalém em 37 d.C. e falecido em Roma 100 d.C., a seguinte discrição:

“Ele colocou (Hiram-abif) uma dessas colunas junto à ala direita do vestíbulo, e chamou-a de Yachïn, e a outra à esquerda, sob o nome de Baïz.”

O termo vestíbulo em qualquer idioma é entendido, comumente, como espaço entre a rua e a entrada dum edifício. Quando se quer determinar uma área ou um espaço que seja interno é usual determina-lo como “vestíbulo interno”.  Por outro lado, por excelência, e confirmada em diversas narrações na Bíblia, é que os Povos na antiguidade determinavam os pontos cardeais dos nossos dias olhando para o Sol, seu ponto de referencia primordial. Para se determinar o ponto Leste do Templo teria que se estar à frente do Templo olhando para o Sol.

O Sol pelo seu simbolismo ou analogias físicas representava o nascer, o clarear do dia, da jornada. Diversos foram os Povos em que suas seitas tomaram o Sol como sua principal divindade. O ocidental, e acentuadamente após a criação da bússola magnética, passou a se orientar pondo o Norte à sua frente, por uma questão lógica e física, para determinar a orientação pelo pólo magnético Norte daquela (à bússola). Estas digressões são para afirmar o quanto se dava de valor aos astros para suas orientações e divindades.

Dimensões

As duas colunas sobre as quais estamos argumentando foram alvo de várias polêmicas quanto à sua altura, principalmente por dúvidas causadas pelas diferenças apresentadas pelos cronistas de Reis que apresentam-na com 18 côvados de altura enquanto os cronistas de Crônicas apresentam a altura de 35 côvados. Podemos pela própria leitura dos textos se fazer alguma análise:

“E fundiu duas colunas de bronze: cada uma delas era de dezoito côvados de altura: e a ambas colunas dava voltas uma linha de doze côvados.” (I Reis, 7:15).

“Cada coluna tinha dezoito côvados de altura…” (II Reis, 25:17).

“E quanto às colunas, cada uma delas tinha dezoito côvados de alto e a cercava um cordão de doze côvados. Ora a sua grossura era de quatro dedos, e era oca por dentro.” (Jer., 52:21).

“E fez diante da porta do Templo duas colunas que tinham trinta e cinco côvados de altura.” (II Crônicas, 3:15).

É evidente que na descrição do cronista de Crônicas, ela é sucinta e não descreve se se tratava de valor para cada coluna ou o total de ambas. Se por elipse gramatical tomarmos o trecho: “que tinham 35 côvados de altura”, poder-se-iam considerar o que somavam de ambas.

Pelas três primeiras assertivas, caprichosamente bem descritas, somos levados a tomar como corretas estas alturas. Outrossim, diante da premissa que o templo media sessenta côvados de comprimento, vinte côvados de largura e trinta côvados de altura (Reis 6:2), tais colunas não deveriam ser maiores que a altura do templo; portanto, não teriam 35 côvados.

Arquiteturalmente, a proporção de quase ⅔ da altura do prédio, isto é dezoito côvados, estaria mais condizente e não empanariam o Templo, principal obra. Pelas definições de Jeremias 52:21, pode-se afirmar terem estas colunas em medidas atuais (em metros) 9,45 metros de altura; 6,30 metros de circunferência e quatro dedos de espessura que equivaleria a 0,87 mm, e eram ocas. Elas pesavam mais de uma tonelada. Se considerarmos o capitel, a sua altura passaria a ser de 12,07 metros de altura. Nabuzeradã (o caldeu) as levou para a Babilônia, em pedaços, na destruição do templo.

Os nomes

Não será simples dissertá-los, caso venhamos a conferir a estas colunas algum caráter meramente filosófico ou religioso. Tentarei a seguir, baseado nas análises de escritos em Reis e Crônicas, tecer alguns comentários e entendimentos sobre os nomes destas colunas. Não há e não houve, por outro lado, o poder sacerdotal na concepção destas colunas. Se houve, é estranha a falta de quaisquer registros, uma vez que todos governantes temiam o mundo sacerdotal e dos profetas e eram fatos de registros. Quantos Profetas e Sacerdotes não foram perseguidos e sacrificados?

Para isto, por força de não encontrar quaisquer indícios de fundo religioso para estas colunas, baseado na estrutura sócio-religiosa do povo Hebreu à época, em que não se permitia erigir sobre qualquer forma, fossem em madeira, pedra, barro, couro, etc., imagens, retratos ou totens que representassem a figura humana, principalmente, ou viessem a representar endeusamentos, pois eram severíssimas as punições pelos Rabinos e Profetas, descarto a possibilidade religiosa.

Cristo foi crucificado, só por conceber em metáforas e parábolas sua condição de ser filho de Deus, o Messias esperado, a quem os Judeus aguardam até os dias atuais. O caminho que me parece mais simples é o do SIMBOLISMO (do marco). Mesmo no aspecto FILOSÓFICO esbarraríamos na falta de registros de vários porquês, sobretudo os interesses pessoais e atitudes pessoais para a concepção destas colunas. Posto isto, iremos começar pelos registros em I de Crônicas, 22:10:

“Ele edificará uma casa ao meu nome, e ele será meu filho, e eu serei seu pai: e eu firmarei o trono do seu reino sobre Israel eternamente.”

E em I de Crônicas, 28, 7:

“E firmarei para sempre o seu reino, se perseverar em cumprir os meus preceitos, e os meus juízos, como Ele o faz presente.”

Acima vemos os relatos de Davi, quando ordenou a Salomão a construção do Templo de Deus. As frases em grifos foram como Davi relatou a seu filho Salomão a “conversa” havida com Deus. Vejam que neste momento, nestas orações, estão posto, a afirmação “firmarei” [o trono do seu reino] e [para sempre o seu reino], isto é, firmar assegurar o pacto com Deus.

  • מ י ך י (Jakin) – Ele firmará. Ele estabelecerá. 
  • ז ב (Boaz) – Em Força. Na força.

Qualquer similitude ou similaridade com a tradução da palavra Jakin ou Boaz, acima representado também em Hebraico, não é mera concepção para coincidências com o relatado por Davi a Salomão. Temo, chegando quase à assertiva, pelo contexto dos registros, serem estas colunas o conteúdo do simbolismo da ação de ser Salomão o nomeado eleito de Deus, quanto ao registro deste ter sido o escolhido e também edificador do Templo. Elucubremos os termos: Ele firmará e Em força. Poder-se-ia construir as seguintes frases com simbolismos diferentes. Exemplo:

  • Firmado (estabelecido) meu Reino no Real Poder.
  • Deus assegurou na força (realeza), solidamente, o Templo e a Religião de que ele é o centro.

Quaisquer das duas frases carregam em si o estabelecimento de um ocorrido, do qual todos esperavam, a edificação do Templo de Deus e o “coroamento” do Reinado de Salomão, disto, já havia se passados longos sete anos na construção do Templo. Para os tempos de hoje estes marcos seria uma inauguração. Ressalte-se conforme registros, ter havido comemorações que levaram dezenas de dias, tanto quanto neste dia, no ato feito por Salomão da bênção do Templo, ele, o próprio Salomão, foi novamente ungido (rogativa) ao pé da coluna, provavelmente Jakin (pois assim se passou a proceder com todos os outros Reis: II Reis 11:14 e II Crônicas 23:13), vejamos em:

“Porque Salomão tinha feito uma base de bronze de cinco côvados de comprido, e outros tantos de largo, e três de alto, que tinha colocado no meio do átrio: pôs-se de pé sobre ela: e depois posto de joelhos com o rosto virado para a multidão de Israel, e as mãos levantadas para os céus disse.” (II de Crônicas, 6:13).

“Sucedeu, pois, que tendo Salomão acabado de fazer oração, e esta rogativa, se levantou de diante do altar do Senhor: porque ele tinha postos os joelhos em terra, e tinha as mãos estendidas para o céu”.Pôs-se logo em pé, e abençoou a todo ajuntamento de Israel, dizendo em voz alta…” (I Reis, 8:54-55).

Novamente, por elipse gramatical, tomemos o termo: “posto de joelho”, em Crônicas e rogativa (ungimento) em I Reis. Posto de joelhos, entender-se-ia que ao mesmo se solicitou pôr-se de joelho e rogativa é uma ação de bênçãos sacerdotais. Ao ser ungido, tradicionalmente, se colocava o ente a ser sagrado frente ao altar para receber as bênçãos sacerdotais. Fazia-se por outro lado a rogativa aos sacerdotes por venturas do reinado, ocasião em que se imolavam as “vítimas” nos altares.

E assim se fez, a público, para conhecimento de todo povo de Israel e ao lado da coluna Jakin.

Para finalizar, ao término das dissertações sobre as origens ou as possíveis origens para as colunas, concluo com a assertiva de que estas colunas foram para firmar a construção do Templo e tornar para posteridade a afirmação do eleito de Deus.

Dedico este trabalho ao irmão gêmeo de Iniciação à Maçonaria Ir:.Marco Túlio Scussel, luz recebida numa quinta-feira em 17.10.1985 da e.v., na Loja Sphinx Paulistana no. 248.

Autor: Fernando Guilherme Neves Gueiros
M.M., ex-Sphinx Paulistana 248, GLESP – SP / Brasil

Referências

Bíblia Católica – Edição Barsa – Trad. Pe. Antonio Pereira de Figueiredo.
Bíblia Evangélica – Sociedade Bíblica do Brasil – Trad. João Ferreira de Almeida.
Ritual do Simbolismo – 1º~3º Grau Segunda Edição 1987 – GLESP.
Rituais Filosóficos – Supremo Conselho do Grau 33 do Rito Escocês Antigo e Aceito da Maçonaria para a República Federativa do Brasil.
A Simbólica Maçonaria – Jules Boucher – Editora Pensamento – 1988.
Dicionário Ilustrado de Maçonaria – Sebastião Dodel dos Santos – Editora Essinger – 1984.
O Templo do Rei Salomão na Tradição Maçônica – Alex Horne (Grau 33) – Editora Pensamento – 1989.
A Cabala Tradição Secreta do Ocidente – Papus – Editora do Brasil – 1986.

 

A Sabedoria, a Força e a Beleza

A Maçonaria apóia-se, simbolicamente, sobre três grandes colunas, as quais simbolizam a Sabedoria, a Força e a Beleza.

A Sabedoria

É representada na Loja pelo Venerável Mestre, o qual é o sol que ilumina nossa loja e que tem seu simbolismo máximo quando a luz parte do Oriente, do altar do Venerável Mestre, para iluminar a loja, com o acendimento das velas nas mesas do 2º e 1º Vigilantes.

No entanto, isto não é tudo, pois do Venerável Mestre é exigido que tenha sabedoria, o que é mais do que saber; é ter sensibilidade para ouvir, para tolerar, ter senso de Justiça, ter responsabilidade com todos os Irmãos da Loja, para que estabeleça projetos em busca de nossa obra de lapidarmos nossa Pedra Bruta. Ouvir é uma arte, a qual deve ser bastante exercitada pelo Venerável Mestre, ouvindo a todos os Irmãos, desde as mais ínfimas questões até as mais importantes, desde o mais novo aprendiz até o mais antigo Mestre, porque todas as ideias são importantes; tolerar é a arte de assimilar certos equívocos cometidos em Loja, compreendendo-os, sem pensar logo que aquela manifestação equivocada tem a intenção de criticar a administração da Loja ou está ferindo algum sagrado ponto da ritualística, é saber que toda manifestação de intolerância é apenas uma exteriorização de sentimentos internos de seu emissor, pelo que sempre quando alguém é intolerante, estamos diante de alguém que necessita se despir de seus medos e frustrações, para ser mais feliz e melhor servir a humanidade. Necessita ter o Venerável Mestre também, certa dose de humildade, para entender que nem sempre está certo, que nem sempre sabe tudo, que pode errar pelo simples fato de ser humano e que ser humilde não lhe retira o comando da Loja.

Meus Irmãos, em nosso cotidiano, devemos ter sabedoria para decidirmos as mais diversas questões que surgem todos os dias em nossa vida, temos que ter as mesmas qualidades acima enumeradas, porque só exercitando tais qualidade poderemos ser felizes e não ter sobre nós a sombra do arrependimento, tendo em vista que tudo o que fizermos e decidirmos sempre será em um momento único, será uma decisão única, ainda que possa ser modificada mais adiante, ela já terá lançado seus reflexos para o futuro.

A Força

Em Loja representada pelo 1º Vigilante, tem seu objetivo na execução dos projetos do Venerável Mestre, mas a força aí mencionada é aquela que tem origem na vontade, na garra, na certeza do dia seguinte, na certeza de que o homem existe para ser feliz, dependendo apenas dele alcançar este objetivo, devendo concentrar suas energias na busca deste mundo melhor, a partir de sua própria melhora como Ser Humano limitado que é. Antes de reformar o mundo, o homem deve reformar a si mesmo, através da reforma íntima e isto demanda muita força de vontade, muita perseverança, porque nada existe de mais difícil, do que mudar a si mesmo. Antes de apontar os erros na casa do vizinho, deve corrigir os erros de sua própria casa. Se queremos um mundo melhor, devemos começar por nós.

A Beleza

Na Loja é representada pelo 2º Vigilante, tem seu objetivo no embelezar as ações dos Irmãos na busca dos objetivos traçados e projetados pelo Venerável Mestre e executados pelo 1º Vigilante, porque estarmos sempre fechados para a beleza da vida, significa sermos escravizados por nossos objetivos; significa que nossos objetivos que têm sua razão de existirem para que embelezem e facilitem nossa missão de sermos felizes, passaram a ser nossos senhores, a ditarem nossa vida; significa que os meios passaram a ser mais importantes do que os fins, invertendo a ordem natural das coisas e tornando-nos vitimas de nós mesmos.

O homem tem em sua missão o objetivo de melhorar o mundo, o dever de ser feliz, porque se todos formos felizes, o mundo será um paraíso e alcançar este objetivo só depende de nós. Devemos ter dedicação ao trabalho, mas trabalharmos sempre dentro de um certo limite de tempo, temos que ter um horário para tal mister; devemos ter tempo para vivermos a nossa família, porque ela é a base de tudo e é por ela que vivemos e trabalhamos, acompanharmos nossos filhos na escola seja ela de ensino fundamental, médio ou superior, porque nossos filhos sempre necessitarão de nós; são eles nossos reflexos na sociedade, temos que ensiná-­los, educá-los, prepará-­los para a vida, ensiná-­los a respeitar a vida, o meio ambiente, o direito de todos, devemos ensinar a honestidade, a noção do certo e errado, não apenas com palavras, mas com atos e exemplos. Devemos estar presentes na vida dos filhos e de nossa família, tendo tempo para brincar, educar, conversar, discutir os mais diversos temas com nossos familiares, fazermos planos conjuntos, pois nosso próprio casamento teve como origem estes objetivos e sem eles nossa vida estaria à deriva em um mar revolto. A verdadeira beleza está nas coisas que alcançamos, nos dias venturosos em que estamos felizes junto aos nossos, na família que temos, no bem que fizermos. Todos os nossos atos devem ter uma boa dose desta beleza, porque só assim estaremos cumprindo nossa missão existencial. Na vida, a beleza está em conjugarmos todos os verbos na primeira pessoal do plural, nós, porque a primeira pessoa do singular apenas divide o grupo, a loja, a família.

Todo este simbolismo nos indica que, na obra de nossa construção Moral, devemos trazer para a Luz, todas as possibilidades das potências individuais, despojando-­nos das ilusões da personalidade. E nesse trabalho, só poderemos ser Sábios se possuirmos Força, porque a Sabedoria exige sacrifícios que só podem ser realizados pela força, mas ser Sábio com Força, sem ter Beleza, é triste, porque é a Beleza que abre o mundo inteiro à nossa Sensibilidade.

Autor: Romarino Junqueira dos Reis
Loja Concórdia et Humanitas nº 56, Oriente de Porto Alegre, RS

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