Fraternidade maçônica

No mundo profano, talvez um dos mais conhecidos lemas atribuídos à Maçonaria é a tríade Liberdade, Igualdade e Fraternidade. Tal tríade restou conhecida pelo lema da Revolução Francesa: Liberté, Egalité e Fraternité.

O que pouca gente sabe é que tal tríptico não advém da Maçonaria à Revolução Francesa (talvez uma das maiores fake News que cerca o universo maçônico), mas exatamente o contrário. Como se sabe, a Revolução Francesa ocorreu no chamado “Século das Luzes”, dentro do movimento que passou a ser chamado de Iluminismo.

Grandes teóricos iluministas tiverem em seus estudos a base para a invocação de movimentos revolucionários. Aliás, tal lema consta inclusive de prédios públicos e da própria constituição da França.

Liberdade e Igualdade advêm puramente do movimento iluminista. Já a Fraternidade advém também de um preceito cristão, tanto que encampado pela Igreja Católica até os dias atuais e com forte trabalho sobre tal virtude por teóricos como Santo Agostinho (a Igreja reúne os homens em fraternidade, que os religiosos vivem a igualdade por não terem propriedades, que os fiéis “vivem na caridade, na santidade e na liberdade cristã”).

Pois bem, a própria maçonaria nasce no século das luzes e, como não poderia deixar de ser, é fortemente influenciada pelo movimento iluminista. Assim, boa parte das lojas maçônicas tomaram para si o tríptico da Revolução Francesa.

Contudo, merece especial atenção à maçonaria o lema “Fraternidade”, mas analisando-o a partir da Fraternidade Maçônica.

O termo “fráter” (irmão, em latim) faz parte do dia a dia das lojas maçônicas. No REAA é absolutamente invocado, sendo, inclusive, utilizado até na abertura das sessões maçônicas quando da leitura do Salmo 133 que invoca, especialmente, a convivência fraterna.

Não é demais dizer que a fraternidade é a base do pensamento maçônico, sendo ele invocado em várias situações quando, por exemplo, o amparo ao irmão necessitado e sua família, a caridade maçônica e em uma série de compromissos assumidos pelo maçom quando é iniciado.

Ocorre que, no mundo moderno, o termo “irmão”, utilizado exatamente para demonstrar a fraternidade parece ter seu uso relativizado. Não é incomum nos depararmos com situações de ativa beligerância entre irmãos, em total inobservância ao preceito de não usar um avental enquanto mantiver algum tipo de nódoa com outro irmão.

O termo acaba sendo desvalorizado. Muito comum se referir a maçom como “é um irmão nosso”, mas sem se atentar se realmente nutre sentimento fraterno pelo irmão e seus familiares.

Pior, com o individualismo crescente em nossa sociedade, intensificado pela grave pandemia do COVID-19, o amparo assistencial ao irmão necessitado parece estar senso extirpado das lojas maçônicas. E tal sentimento não se resume à amparo financeiro, mas também amparo emocional, muito necessário nos dias de hoje.

Ao que parece, o problema assola as lojas, que, não raramente, buscam mais se tornar em verdadeiros tribunais de julgamento de conduta de irmãos, do que amparar o irmão que esteja em dificuldade. Busca-se “cobrar” do irmão inadimplente sem, antes, buscar o amparo fraterno ao irmão em dificuldade. Fosse verdadeiro irmão assim o faríamos?

Não é incomum que irmãos manifestem sinais que precisam de ajuda. Contudo, muitos tentando evitar “assumir problemas de outro” preferem se omitir, até que o irmão se afaste ou seja afastado da vida maçônica. Contudo, repisa-se, seria este um verdadeiro comportamento fraterno?

Penso que talvez um dos maiores problemas da evasão maçônica seja exatamente a ausência de fraternidade. Os irmãos não mais se sentem amparados por sua loja! O pedido de “quite placet” de um irmão, hoje em dia, parece ser recebido mais com alívio do que com pesar.

São apenas divagações sobre tão importante tema, que jamais poderá ser exaurido neste breve trabalho.

E você, tem praticado a FRATERNIDADE?

Autor: Fernando Ramos Bernardes Dias

*Fernando é ex-Venerável Mestre da ARLS Renovação e Progresso, nº 250, do oriente de Patrocínio, jurisdicionada à GLMMG.

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Episódio 47 – A Fraternidade

Nenhuma instituição humana oferece oportunidade para a prática da fraternidade como a Maçonaria. No entanto é preciso que o maçom tenha consciência do papel que deve desempenhar, quer na sua Loja, no seio de sua família, no seu trabalho ou onde se encontrar, agindo como verdadeiro artífice na consolidação da fraternidade. (music: Slow Burn by Kevin MacLeod; link: https://incompetech.filmmusic.io/song/4372-slow-burn; license: https://filmmusic.io/standard-license)
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Fraternidade dos Maçons

Por uma Conspiração da Fraternidade | Roberto Crema

Quando um profano, assim como eu fui, é indicado por algum mestre a ingressar na maçonaria, ele, na maioria das vezes, não tem noção que “administrativamente” somos divididos em potências, ritos, etc. Ele pensa que ingressará na Maçonaria Universal e que em qualquer lugar do Mundo será reconhecido como tal. Mas depois da iniciação tem-se o primeiro espanto quando é informado dessas divisões. Mas, em alguns Orientes, perceberá que realmente essa divisão é somente administrativa e que todos os irmãos trabalham em harmonia aplicando a verdadeira Fraternidade Universal e é sobre ela que faço minha peça de arquitetura de hoje.

A fraternidade é um conceito filosófico profundamente ligado às ideias de Liberdade e Igualdade e com as quais forma o tripé que caracterizou grande parte do pensamento revolucionário francês “Liberdade, Igualdade e Fraternidade”.

Não existe tratamento mais afetuoso que o de “Irmão”. Não só na nossa Ordem, mas em várias irmandades e até, espontaneamente, vários homens assim se tratam. Mas o significado do nosso tratamento maçônico é bem diferente de todos os outros, pois os ensinamentos que recebemos dentro de nossos Templos, onde a fraternidade deve impregnar em nossas atitudes, nos leva a sermos mais Irmãos que os de outras confrarias.

Na Maçonaria, a Fraternidade harmoniza os seres por meio da parte espiritual; diz-se que os Maçons são Irmãos porque provém da mesma Iniciação; morrem na Câmara das Reflexões, para renascerem produzidos ou procriados por meio do germe filosófico que transforma integralmente a criatura, refletindo-se em seu comportamento posterior.

moral ensinada pela Maçonaria baseia-se no amor ao próximo e nós, hoje, estamos sentindo realmente como é bom e como é agradável ver os irmãos vivendo em união. Devemos colocar os ensinamentos em prática dentro e fora de nossas Oficinas, buscando a essência da vida que o nosso Grande Arquiteto do Universo nos ensina. O bem-querer, a tolerância e a Fraternidade dentro da Loja, transformam o homem em criatura dócil, espontânea e fiel, apta a desempenhar a cidadania no mundo profano, porque ali o Senhor ordena a bênção e a vida para sempre.

A Maçonaria é formada por um conjunto de homens que se reúnem, discutem e estudam juntos. É fácil enxergar que os homens são muito diferentes uns dos outros e nem poderia ser diferente, entenda, todos somos únicos. Uns são calmos, outros agitados; uns com formação universitária, outros não chegaram a frequentar a universidade e mesmo assim possuem uma cultura invejável; uns são ricos outros pobres, alguns tem o hábito da leitura e gostam de se aprofundar nos ensinamentos, leis e ritualísticas maçônicas, outros não, uns estão adorando ler esse pequeno texto, outros estão loucos se coçando pra fechar a aba. Isso é da natureza humana, e por isso deve haver um esforço acima do normal para que essa convivência não se deteriore.

Para vivermos a Fraternidade, a parte ética e de comportamento é muito importante.

São admitidas pequenas rusgas e alguns sinais de irritação, devido à convivência podem aparecer, assim como acontece dentro de nossa própria família. Mas temos a obrigação de as tornarem passageiras. O Maçom tem o dever de tolerar esses incidentes e perdoar.

Fraternidade é a síntese de todas as qualidades superiores que habitam o homem, tais como: saúde, liberdade, alegria, sabedoria, tolerância, bondade, amor e a paz. Para a Maçonaria, a Fraternidade esteve sempre à frente de todos seus ensinamentos, pois cada Maçom sabe do dever que tem para com o próximo, dever esse que é executado com alegria e desprendimento, pois, não há felicidade maior do que a de fazer o bem ao próximo. Em todas as épocas e em todos os lugares se fundamentou, se fundamenta e se fundamentará sempre esse conceito no princípio de Justiça Divina, justiça essa expressa nas frases dos apóstolos Matheus e Lucas que escutaram do próprio Jesus Cristo quando determinou: “Não façais aos outros o que não quereis que vos façam”. Esta é a Lei, e o resto é comentário. Nesse princípio se baseia a liberdade verdadeiramente cristã e nele repousa a declaração dos direitos do homem e do cidadão. Só pode ser fraterno quem se sentir igual; só pode sentir-se igual quem é livre. Este é um conjunto de princípios maçônicos essenciais, pois sem eles a Maçonaria não teria a sua grandeza. Sem eles não teria sentido a busca incessante da verdade, que não pode apenas ser consentida ou tolerada, pois é um direito de todos.

Quando alguém critica um Irmão, sem que haja um justo motivo para tanto, está sendo injusto com ele mas principalmente consigo. Sim, com ele mesmo, porque deixou de lado a equidade que é a virtude que nos auxilia a agir com moderação. Toda critica injusta revela falta de fraternidade. E para que possamos ser fraternos é necessário que sejamos desapegados, isto é, enxotarmos para fora de nosso íntimo a inveja, a vaidade descabida e o orgulho. Isso nos levará a enxergar melhor os nossos defeitos, fazendo com que sejamos mais tolerantes com nossos semelhantes.

Existem inúmeros Maçons verdadeiramente imbuídos do Espírito Fraterno; mas também temos irmãos que não conseguem atingir, nem sentir um mínimo desse sentimento exigido pela Sublime Instituição, esses terminam voltando ao mundo profano que na verdade, nunca abandonaram.

Aqueles que não convivem fraternalmente e conseguem ficar, tornam-se sempre pontos de discórdia e se transformam no grande câncer da Loja.

Peço nesse momento uma reflexão interna: estou tendo uma convivência Fraternal?

Unidos somos mais fortes, então conclamo a todos os irmãos a obedecerem às ordens de nosso único Pai: “Não façais aos outros o que não quereis que vos façam”.

Hoje é um dia de muita alegria e juntos iremos renovar nossa promessa de que durante toda nossa vida, aplicaremos o ensinamento que tivemos em Loja, pois imaginem como o Mundo poderia ser muito melhor se Todos pudessem manter entre si a Fraternidade!

Façamos cada um sua parte.

Autor: Eduardo Lavagnini

* Eduardo é Mestre Maçom pela ARGBLS Amizade, Trabalho e Justiça nº 36, Oriente de Umuarama – Grande Oriente do Paraná

Fonte: Ritos & Rituais

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Duodécimo Landmark

A fraternidade universal pode começar por mim - Passa Palavra de 25 de  setembro de 2019 - Padre Raul

Os Maçons devem-se, mutuamente, ajuda e proteção fraternal, mesmo no fim da sua vida. Praticam a arte de conservar em todas as circunstâncias a calma e o equilíbrio indispensáveis a um perfeito controle de si próprio.


O último Landmark da Maçonaria Regular começa por enfatizar os deveres de fraternidade dos maçons. Fecha-se assim o círculo: relembremos que o primeiro Landmark define a Maçonaria como uma fraternidade Iniciática.

Após a referência inicial ao conceito de Fraternidade, os Landmarks como que se dedicam a outros temas e delimitações, não desenvolvendo o conceito. Mesmo no sexto Landmark, a única relação que se pode fazer com o conceito de Fraternidade é de ordem omissiva: os Irmãos Maçons respeitam as opiniões e crenças de cada qual e, portanto, devem omitir todos os atos que possam afetar a harmonia fraterna entre eles.

Ficou reservado para o último Landmark, como que assinalando que o terreno da maçonaria Regular ficava assim integralmente delimitado, regressando-se ao ponto de partida, o desenvolvimento de como devem os maçons agir para preencher o conceito de Fraternidade: devem-se mutuamente ajuda e proteção, não de qualquer tipo, mas fraternal, ou seja, o tipo de ajuda e proteção que cada um de nós deve a seu irmão. Embora não irmãos de sangue, os maçons são Irmãos na Ética, na Busca do Aperfeiçoamento, na Prática da Virtude e no Combate ao Vício!

Para tudo isso, para o fácil e para o difícil, para as boas e para as más horas, com os ventos bonançosos e arrostando com a borrasca, cada maçom deve, SEMPRE, e sem hesitação, ajudar e proteger seu Irmão.

Este dever de ajuda e proteção não é, porém, ilimitado: basta atentar no décimo Landmark para se ter presente que a ajuda e a proteção devem ser prestadas sempre com submissão às leis e respeito às autoridades constituídas.

O dever de ajuda e proteção permanece até e mesmo no fim da vida. Cada maçom deve auxiliar seu Irmão a viver com dignidade até ao fim da vida, para que a sua morte ocorra com igual dignidade. Perante a aproximação da morte, o auxílio de um Irmão que lembre que ambos acreditam que a morte não é um fim, mas apenas uma passagem – para o Oriente Eterno, dizem os maçons… – será porventura útil para auxiliar o moribundo a viver seus últimos momentos calma, serena e confiantemente e a morrer de forma tão digna como viveu! E, ocorrida a Passagem ao Oriente Eterno de um maçom, devem seus Irmãos aos seus restos mortais o respeito que em vida lhe consagraram e a homenagem devida a quem procurou com firmeza seguir os sãos princípios da Fraternidade Maçónica!

Finalmente, este último Landmark aponta o essencial meio para que seja possível ao maçom proficuamente trilhar o caminho de seu aperfeiçoamento: deve ele procurar manter sempre o perfeito controle de si próprio e, para tal, mister é que aprenda, que se esforce, que consiga, em todas as circunstâncias, manter sempre a calma e o equilíbrio para enfrentar qualquer situação. O simples enunciado deste dever dá-nos a noção de quão difícil de atingir ele é! Mas também a certeza da indispensabilidade da obtenção desse desiderato e da necessidade de envidar todos os esforços para, em todos os momentos, em todas as ocasiões, manter a calma e o equilíbrio. E os que, progressivamente, o conseguem, que enorme vantagem passam a ter sobre os demais!

Os Landmarks da Maçonaria Regular são, não só o estabelecimento dos limites entre o que é Maçonaria Regular e o que é outra coisa, mas também preciosos ensinamentos e princípios para serem por todos seguidos ao longo de suas vidas. Este duodécimo e último Landmark é bem o espelho disso!

Autor: Rui Bandeira

Fonte: A Partir da Pedra

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