Dia do Trabalho, Noite Mágica de Walpurgis e Adam Weishaupt

Segundo versões populares umas, “oficiais” outras, o Dia do Trabalho começou a ser comemorado por causa de uma paralisação de trabalhadores – homens e mulheres – que saíram às ruas de Chicago protestando, gritando, exigindo melhores condições vida e redução da jornada de trabalho. Era o 1º de maio de 1886. Chicago era importante núcleo industrial norte-americano. Uma redução na jornada de treze para oito horas diárias, nem pensar! representaria duro golpe no ascendente sistema capitalista dos Estados Unidos. Tio Sam coçou a cabeça, pensou longamente durante 43 segundos… e ordenou a repressão: pancadaria generalizada, prisões em massa. Homens desarmados foram brutalmente espancados; mulheres e crianças pisoteadas pela cavalaria e feridas a coronhadas. Do confronto, mais de cem mortos foram contados pela polícia. Oito líderes do movimento foram presos. Um cometeu suicídio na prisão e quatro outros receberam a pena capital – foram enforcados.

Não estou contando uma história de fadas acontecida na Idade Média. Estou narrando um fato ocorrido 134 anos atrás. Para o leitor que estiver na faixa dos 50 anos de idade, seu bisavô pode ter sido contemporâneo dessa chacina perpetrada na terra da Liberdade. Foi ontem…

Mas porque 1º de maio?

Era uma vez… do outro lado do Oceano Atlântico, na Baviera. Um grupo de homens vinha se preparando desde 1776 para a eclosão desse movimento nas ruas de Chicago. Pelos estudos que levavam a efeito, tomaram conhecimento de um remoto 1º de maio situado 300 anos antes em Lucca, na Itália, quando aprendizes de artesanato organizaram a primeira manifestação trabalhista conhecida, exigindo a fixação de uma espécie de salário mínimo e menor tempo de trabalho diário. Vejam como eram proficientes os aprendizes de antanho!

Esse tal grupo da Baviera que pesquisava o 1º de maio de Lucca percebeu também que essa data constava de uma tradição das sociedades primitivas durante a primavera pagã. Do ponto de vista antropológico e agrário, a data estava carregada do simbolismo da fertilidade do solo e, por analogia, da fecundidade do pensamento social e político. E, (não se assustem!) aquele grupo de homens da Baviera era liderado Adam Weishaupt, o mais controvertido personagem da história do século dezoito.

Foi Adam Weishaupt que, a partir dos ideais iluministas e do misticismo oriental criou a “Ordem dos Perfectibilistas” que mais tarde foi denominada Ordem dos Mestres Illuminati.

Não imaginem quaisquer teorias sobre conspiração, pois a única conspiração que existe é aquela planejada pelos intolerantes contra o livre pensamento. Adam Weishaupt, graduado em Direito na Universidade de Ingolstadt onde, mais tarde, foi professor titular de Direito Canônico, foi iniciado nos antigos Mistérios dos ensinamentos Pitagóricos através da seita do Xeque persa Hassan Sabbath, conhecido como o “Velho da Montanha” (aquele velho que os sabidos dizem que nunca existiu). Munido desses conhecimentos e acompanhado pelos legítimos representantes do pensamento místico alemão de seu tempo, Weishaupt escolheu o dia 1º de maio para fundar a Ordem dos Perfeitos Illuminati.

Obedecendo ao gosto da época, ele escolheu certos números e organizou-os para formar uma cifra significativa para os iniciados: sendo maio o quinto mês do ano, somado ao número 1, obteve o 6 (arcano da Liberdade) e acrescentou a soma dos algarismos do ano 1+7+7+6, obtendo o resultado 21 (arcano da busca da felicidade e caminho da alma). Detalhes sobre as operações chamadas “adições” e “reduções teosóficas” que não pretendo elucidar no âmbito deste pequeno artigo mesmo porque não acredito em coisas mágicas. Mas, se creio ou não nessa numerologia, isso não vem ao caso. Mas foi assim que Adam Weishaupt calculou sua criação e sua ação na Europa e além do Atlântico. Juntamente com a Loja Maçônica de Adolf Von Knigge, os seguidores de Weishaupt estabeleceram os objetivos e metas da Ordem dos Iluminados na Noite Mágica de Walpurgis (deusa Viking da primavera), entre 30 de abril e 1º de maio de 1776.

O Rito de Weishaupt foi introduzido na Grande Loja da Baviera (Walpurgisnacht) e depois nas Lojas do Grande Oriente da maçonaria francesa que já se referia abertamente aos Illuminatti e trocava farta correspondência com revolucionários nas três Américas.

A Maçonaria nunca se responsabilizou pelas ideias e ações dos Illuminati, pois seus membros são livres para participarem deste ou daquele movimento religioso, filosófico ou político. George Washington, por exemplo, conheceu Adam Weishaupt e esteve, durante algum tempo, associado à Ordem dos Illuminatti. Mas, quando em 1789 começaram os movimentos da Revolução Francesa, Washington preferiu se afastar dos Illuminati, mantendo sua filiação exclusivamente na Maçonaria. Todavia, a república norte-americana já estava estabelecida sobre princípios tanto maçônicos quanto iluministas e illuminati. O fato de o 1º de maio ser mundialmente consagrado aos trabalhadores não foi mera coincidência.

A data trazia ressonância dos planos de Weishaupt. Aquele protesto nas ruas de Chicago fez lembrar o 1º de maio de 1531 em Lucca, assim como 1º de maio de 1776, ano que aparece no dólar americano, em algarismos romanos sob uma pirâmide, como selo da Novus Ordo Seclorum.

É minha visão pessoal do movimento Illuminati, um assunto polêmico e pouco conhecido entre nós em seus aspectos “genealógicos” – ou seja – da formação das sucessivas gerações e linhagens de pensadores que deram origem ao pensamento político do século XVIII na Europa e nas Américas.

Discordem à vontade.

Autor: José Maurício Guimarães

José Maurício foi o primeiro Venerável Mestre da Loja de Pesquisas “Quatuor Coronati” Pedro Campos de Miranda – GLMMG. Também é membro da Academia Mineira Maçônica de Letras.

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