Episódio 33 – O número 33

A maioria dos Maçons e não Maçons associam o número de graus do Rito Escocês Antigo e Aceito com a idade que estava Jesus Cristo quando foi crucificado. Isto é uma grande bobagem e um grande perigo, pois automaticamente nos vincula a uma doutrina religiosa. (music: Slow Burn by Kevin MacLeod; link: https://incompetech.filmmusic.io/song/4372-slow-burn; license: https://filmmusic.io/standard-license)

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Os mistérios e o simbolismo dos números

Your Quantum-Safe Migration Journey Begins with a Single Step

“Tudo está disposto de acordo com os números.” – ” O número é a lei do Universo.” (Pitágoras)

“O Universo parece ter sido projetado por um matemático”. (James Jeans)

Introdução

A Numerologia, considerada por alguns como ciência e por outros como pseudociência, é o estudo do significado dos números e sua influência no caráter e no destino das pessoas.

Mas para a Maçonaria, ela tem um outro significado. Para nós, ela está ligada a uma das sete artes liberais, a GEOMETRIA. Como uma das sete artes, a Geometria, integrando o quadrivium, visa estudar as possibilidades de medir um espaço, sendo que em nossa Ordem, a Geometria, faz uso de seus conceitos  nas edificações que erigimos, bem como vemos no interior de nosso Templo, como os diversos  símbolos que se relacionam com ela, como esquadro, compasso, triângulo, retas, círculos etc. e instrumentos necessários para a construção de nossa obra e de nosso Templo espiritual.

A Numerologia pode ser encontrada em diversos livros sagrados, como a  Bíblia, Alcorão e no  Livros Egípcios dos Mortos, sendo  uma ciência antiga, desconhecendo-se suas origens, mas já se sabe que era praticada na Caldeia, na Índia, China, pelos Druidas e pelos Cabalistas.

Porém a numerologia ou escola de Números mais utilizada é a de Pitágoras.

Nascido na Grécia em 570 a.C., o filosofo e matemático Pitágoras (do grego Πυθαγόρας) foi quem nos legou o significado vibracional e metafísico dos números,  Os números estão presentes em tudo e podem influenciar nossas vidas, nossas atitudes e até decisões.

Pitágoras, é considerado o pai da Matemática e da numerologia moderna, tendo fundado uma escola esotérica em Crotona, por volta do ano 600 a.C. tendo sido um dos mais iluminados filósofos e matemáticos da Humanidade. Ele tinha uma maneira diferente de interpretar os números. Analisava-os através de suas qualidades e não somente como quantidade. Ele afirmava que os números, com suas vibrações energéticas, explicavam tudo no Universo, inclusive sua Criação. Ele nos deixou o atual sistema de divisão musical e o ciclo evolutivo dos Números de 1 a 9, no qual se baseia toda a experiência humana. 

No entanto, em torno de 3000 AC, os números já tinham um significado para os povos da antiguidade. Os sumérios já possuíam um sofisticado sistema numérico que originou a hora de 60 minutos e o minuto de 60 segundos, mais tarde aperfeiçoado pelos povos que habitaram a Mesopotâmia, como os babilônios e os caldeus. O sistema numeral de Pitágoras surgiu somente por volta de 632 a.C. Outras escolas, no entanto, são conhecidas pelo mundo: na Índia, no Japão e até mesmo na África, além do sistema sagrado hebraico, que se popularizou no Ocidente sob o nome de Cabala.

Os números que escrevemos são denominados arábicos, para distingui-los dos chamados algarismo romanos (I, II, III, IV, V etc.).

Apesar de serem chamados de arábicos, eles tiveram origem na Índia, sendo os árabes que levaram os mesmos para o Ocidente, em substituição aos algarismos romanos (originário da antiga Roma) e que não conheciam o zero.

Todos nós lidamos, todos os dias, com os números. Entretanto, poucos são aqueles que tem a exata noção da importância e do significado dos mesmos. Na verdade, os números têm características e significados que lhes são próprios.  Existe inclusive, uma relação entre as letras do nome de uma pessoa e os  números. Cada letra do alfabeto corresponde a um número e se por acaso o número for maior que 9 deve se reduzir o número a um dígito. Por exemplo, se o número de uma letra do nome da pessoa corresponder a 12 soma-se 1 + 2 e o número será 3. No caso de ocorrer do nome da pessoa, ter letras consideradas com acento, eles não deverão ser considerados, nesse caso o ç irá equivaler a c e o é ao e, e assim por diante.  Esse é O SISTEMA PITAGÓRICO, que se utiliza da transformação das letras de um nome em números, de forma a estabelecer seu correspondente numérico.  Assim, a letra A corresponde ao 1, a letra B ao 2, a letra C ao 3 e assim sucessivamente respeitando-se a regra acima e de acordo com a tabela abaixo:

123456789
ABCDEFGHI
JKLMNOPQR
STUVWXYZ 

Os números tem um significado especial e que influi na vida das pessoas, carregando uma vibração positiva ou negativa, dependendo do nome de batismo. Muitos artistas adotam nomes que não o de nascença, acreditando que eles irão influir em sua vida de forma positiva profissionalmente.

Eles são ordem e limitação, e só eles tornam o universo possível. A natureza move-se e interage-se por números e compreender os números é conquistar a natureza.

Daí porque Pitágoras sempre  procurou compreender a natureza dos números e investigar a sua ação no Universo. A Maçonaria na sua parte esotérica, estuda os números, e é nesse singelo trabalho que vamos  analisar a importância deles na nossa simbologia.

A simbologia dos números

O ZERO (0)

O Zero simbolizando o vazio o nada, o não manifestado, surgiu na Índia, no século IV AC, sendo que os egípcios também utilizavam um intervalo parecido para representar o conceito de zero.

A forma geométrica do círculo (ZERO) é a que mais nos mostra a ideia de infinito, e enquanto que qualquer outro tipo de linha nos mostra sempre um início e um fim, o ZERO (como círculo) é perfeitamente contínuo.

O ZERO simboliza o Espaço, o Absoluto, a não criação, a imanifestação, o princípio oculto de todas as coisas.

Em uma palavra, o ZERO é o símbolo oculto que representa Deus, o GADU, o incriado, a Causa sem Causa, de onde tudo se origina.

Apesar de normalmente associado ao nada, o zero é capaz de aumentar em dez vezes qualquer número, claro, se colocado no lado direito. Essa mesma ambiguidade da matemática acompanha o zero na simbologia, no budismo e no taoísmo, o Zero representa o vazio anterior à própria criação; sendo que no islamismo, ele é a essência da divindade.

O Zero, pode ser considerado também uma das definições da Divindade, a fonte da existência e o Vazio Original no qual essa existência se manifesta. A palavra árabe que corresponde ao zero, significa vazio, valor nulo.

A simbologia é tão enigmática que levou os antigos filósofos gregos a se perguntarem: o nada deve ser considerado algo? Como o nada pode existir em alguma coisa? Eis uma questão a ser respondida pelos nossos filósofos.

O UM (1)

Significa, início, força, liderança, individualidade, independência, O número um existe por si mesmo, todos os outros provem dele. O Um é o início, o princípio, o começo. É a mente Divina, o criador universal, ele representa a primeira fase da evolução. Ele ,  o 1(um) é o comandante supremo e o poderoso Deus incognoscível único é, assim, o número da criação, pois dele saem todos os outros, e, portanto “o Senhor seu Deus é Deus uno”. É o número da liderança e do comando, daí a expressão “Ele é o número um”

A UNIDADE (mônada) é representada graficamente por um ponto como o yod hebraico cursivo no tetragrama IHWH (YODHEH WAWHEH) que literalmente significa: “Eu sou aquele que sou”.

Por fim, vejamos que o que nos diz o Ritual de Aprendiz do REAA:  O número UM, a unidade, é o princípio dos números, mas, a unidade só existe pelos outros números. Todos os sistemas religiosos orientais começaram por um ser “primitivo”. Conquanto esta abstração não tenha, positivamente, uma existência real, tem contudo um lado positivo, que o torna susceptível de uma existência definida: é o que os antigos dominavam de “Pothos”, isto é, o desejo ou a ação de sair do “absoluto”, a fim de entrar no real – considerado por nós concreto. A Unidade só é compreendida por efeito do número DOIS; sem este, ela torna-se idêntica ao Todo, isto é, identifica-se com o próprio número.

Em Hebraico o Um é equivalente a letra Aleph. 

O DOIS (2)

Significa associação, binário, cooperação, equilíbrio, representando assim a oposição que se opõe a ação. É a dualidade. Para Rizzardo da Camino: 

Dualidade caracteriza a função do número dois, significando, de um lado, a duplicidade, e de outro, o antagonismo. A vida é formada de dualismos que representam o equilíbrio. Viver seria monótono se não surgissem momentos alternativos. A lição bíblica de Jó é absorvida pela Maçonaria, pois sendo temente a Deus, sabia, sabia que os momentos de provação cessariam para dar lugar aos de felicidade; o episódio egípcio, de José, um dos doze filhos de Jacó, reflete bem a filosofia do dualismo, com o episódio das “sete vacas gordas e das sete vacas magras”, sonho que vaticinava um período de sete anos de fartura seguidos por sete anos de penúria, sendo que Faraó armazenou o trigo da época de fartura para à de escassez.

Vemos também que o um e o dois se completam surgindo como polos opostos de acordo com a Lei da Polaridade presente em todo o Universo.

“O número dois é um número terrível, um número fatídico, como cita nosso ritual de AM. É o símbolo dos contrários e, portanto, da dúvida, do desequilíbrio e da contradição.

Como prova disso, temos o exemplo concreto de uma das sete ciências ou artes maçônicas – a Aritmética – em que 2 + 2 = 2 X 2. Vemos que até na Matemática o número dois produz confusão, pois, ao vermos o número 4, ficamos na dúvida, se é resultado da combinação de dois números pela soma ou pela multiplicação, o que não se dá, com outro qualquer número. Ele representa o Bem e o Mal; a Verdade e a Falsidade; a Luz e as Trevas; a Inércia e o Movimento, a Ação e a Reação, enfim, todos os princípios antagônicos.

Os Pitagóricos, não consideravam o “um” como número, mas sim o “dois”, sendo considerado o primeiro número par e o mais passivo de todos os números. Pitágoras dizia que ele é o número da Audácia, por ser o primeiro a ter a coragem de separar-se do Divino Um.  Diferentemente dos outros, é um número que, somado ou multiplicado por si mesmo, permanece com o mesmo resultado.

Em Hebraico, o Dois é equivalente a letra Beth.

O TRÊS (3)

Significa, expressão, comunicação, criação, é o número do espírito.

É a soma do Um (a perfeição) e o Dois (a união) daí ser considerado um número perfeito. É o número da sabedoria, do amor perfeito e da força da alma. Tem também o significado de fertilidade, fartura.

No estudo do número TRÊS, o Triângulo é o mais importante símbolo maçônico.   

Tenório d’Albuquerque, na sua obra: “O que é a Maçonaria”, cita Iseckson, Eliphas Levi e Dario Velloso, cujas opiniões se completam e combinam para uma explicação sobre o Triângulo. Na página 165, diz:  “O Triângulo Maçónico é o triângulo dos Pentáculos cabalísticos, o Triângulo de Salomão dos ocultistas, o Infinito da altura ligado às duas pontas do Oriente e do Ocidente, o triângulo indivisível, isto é, o temário do Verbo, ‘origem do dogma da Trindade’ para os magistas e cabalistas. É, afinal, um ‘Supremo mistério’ da Cabala: ‘imagem simbólica do Absoluto’, ‘a um tempo emblema da Força Criadora e da Matéria Cósmica’, o ‘símbolo maçónico do Livre Pensamento’; pela significação literal, é simples delta ou triângulo; pela significação figurada, é o Equilíbrio, a Perfeição; pela significação esotérica, é energia da Cabala, Trindade na Mística e Deus na Teurgia”.

Aliás, não é só a Maçonaria que cultua o simbolismo do Triângulo. Outras religiões e culturas conhecidas também o fazem, principalmente porque é a representação simbólica perfeita dos TRÊS aspectos do GADU,  representado pelos lados do Triângulo equilátero.

Nas religiões cristãs ele representa a Trindade Divina – Pai, Filho e Espírito Santo; nas orientais veem nele os três aspectos do Criador. Em qualquer delas se vê a Unidade do Todo, a Dualidade da Manifestação e a Trindade Perfeita.

TRÊS, é o número da Luz, correspondente a Fogo, Chama e Calor. O Maçom deve ter em si o Fogo do amor para com tudo o que é bom, justo e honesto; Amor, Vontade e Inteligência; constituem o significado dos TRÊS PONTOS que todo Maçom deve ter a honra de apor à sua assinatura, colocando-os de maneira a formarem um triângulo de Perfeição.

O número TRÊS é básico no Grau de Aprendiz Maçom; a sua bateria é composta de 3 golpes; a marcha é feita com 3 passos; a batida na porta é com 3 pancadas; a idade do Aprendiz Maçom é de 3 anos. Tendo sido introduzido na Loja, realiza nela três viagens, e recebe pôr fim a Luz ao terceiro golpe do malhete do Venerável Mestre. São  Três Luzes Menores, Três Joias Fixas e Três Joias Móveis.

Diz o nosso Ritual do Primeiro Grau que: 

“A diferença, o desequilíbrio, o antagonismo que existem no número DOIS, cessam repentinamente, quando se lhe ajunta uma TERCEIRA unidade. A instabilidade da divisão ou da diferença, aniquilada pelo acréscimo de uma TERCEIRA unidade, faz com que simbolicamente, o número TRÊS converta em unidade”.

Na Maçonaria Simbólica o número TRÊS representa o clímax da Perfeição, sendo que o maior grau que se pode galgar na Maçonaria Simbólica é o Grau Três, ou seja o do  Mestre Maçom.

Em Hebraico o Três é equivalente a letra Ghimel.  

O QUATRO (4):

Significa, ação, estabilidade, firmeza, segurança e conservadorismo. Para os Rosa-cruzes é a tétrada, ou tetragrama.

Para Rizzardo da Camino  o Quatro simboliza a Cruz. Como todos os demais Números, o Quatro presta-se ao jogo filosófico das combinações, como por exemplo, a soma da Trindade como a Unidade. Contudo, na Maçonaria, representa o primeiro dos Graus Inefáveis.

Para Joaquim Gervásio de Figueiredo : O Quarternário é designativo da personalidade mortal humana, formada pela união de quatro princípios perecíveis: o corpo físico, o corpo vital, o corpo astral, e o corpo mental concreto.

Enquanto os números UM, DOIS e TRÊS, se relacionam com o espírito, com a Vontade Divina, o QUATRO e a realização no mundo material da Vontade Divina, É o número da Terra propriamente dito. Do quaternário inferior.  O Quatro é a ação, realização, estabilidade, segurança, conservação, firmeza, justiça. Representa no mundo material os quatro elementos da matéria, ar, fogo, terra e água.

DESIGN INTELIGENTE

O DNA é formado por um conjunto de informações genéticas que definem as características dos seres vivos. É o mais avançado código que se tem notícias, nele está contido uma sequência numérica, ao identificar as cargas dos elementos químicos do DNA pesquisadores encontraram o seguinte padrão numérico:  10 | 5 | 6 | 5

1°Yod: Princípio ativo (Sujeito);

2°He: Atividade desenvolvida por esse princípio (Verbo);

3°Vau: Aplicação da atividade, que se regula e se adapta conforme o objetivo;

4°He: Resultado produzido (Objeto).

Em Hebraico o Quatro é equivalente a letra Daleth.

O CINCO (5)

Significa liberdade, evolução, aventura, evolução e curiosidade. A Essência do número CINCO é o Espírito de Deus, capaz de não permitir que os QUATRO elementos se equilibrem.

Assim, enquanto com eles coexistir a QUINTA essência, a vida estará nele presente e as suas forças não serão capazes de se neutralizar DUAS a DUAS. Este número é mágico e peculiar, pois era usado pelos gregos e romanos como amuleto para proteger o portador dos espíritos malignos

Temos a quatro essências, água, ar, fogo, terra. No entanto, existe uma QUINTA ESSÊNCIA equilibrando as outras quatro, que graças a essa, se equilibra, O número CINCO preside a Energia capaz de manter em vibração os elementos primordiais. Este QUINTO elemento é a Energia UNA, representando o emblema da perfeição, representa ainda Deus na transformação.

NA Bíblia, em seu 2°. Capítulo do Gênesis, explica, simbolicamente, a presença da QUINTA ESSÊNCIA:

Mas uma neblina (composto pelos elementos ar e água), subia da terra (pela ação do calor, provocado pelo elemento fogo) e regava toda a superfície do solo. Então soprou o senhor Deus ao homem do pó da terra e lhe soprou nas narinas o fôlego da vida, e o homem passou a ser uma alma vivente.

Para os Pitagóricos,  o cinco era a harmonia suprema  representada na arquitetura das catedrais do estilo da arte gótica, (séculos  XI e XII) com as estrelas de cinco pontas (pentagrama) as rosáceas de cinco pétalas( era   um ornamento usado no seu auge em catedrais durante o período gótico.) e a cruz que também simboliza o número cinco, com as suas quatro retas por oposição a um centro.

Na alquimia o número cinco ocupa uma posição de destaque. Vem dela o nome quintessência.

Desta maneira, o número cinco, representa a energia que garante  a vida.

Em Hebraico o Cinco é equivalente a letra He

O SEIS (6)

O Seis é a harmonia, conciliação, equilíbrio, justiça. Há, ainda, um aspecto simbólico muito mais elevado a ser estudado no número SEIS. É a Estrela de David, emblema do Poder Divino e da fraqueza humana. O Hexagrama, que se encontra suspenso sobre o Trono do Venerável Mestre em nossa oficina, é constituído por dois triângulos que se entrelaçam, tendo um o seu vértice voltado para cima, que simboliza o bem , macrocosmo, enquanto o outro está com o vértice voltado para baixo, que simboliza o mal,  o microcosmo. Esse entrelaçamento dos dois triângulos, nos remete ao axioma de Hermes, O Trimegisto “O que está em baixo é como o que está em cima”.  Outras representações também  são atribuídas ainda aos dois triângulos, além do bem e do mal: masculino e feminino, atividade e passividade, luz e trevas, espírito e matéria  Dessa forma surge a Estrela de SEIS pontas conhecida como Estrela de David, que alguns chamam de Estrela de Salomão.

Em Hebraico o Seis é equivalente a letra Vau.

O SETE  (7)

Significa: análise, investigação, lógica, misticismo, reflexão, sabedoria. É um número sagrado e perfeito. Os versículos de número 5 a 31, do Capítulo I, e versículo 2, do Capítulo II, do Gênesis, nos informam que a criação do mundo foi feita em seis dias, tendo sido reservado o SÉTIMO dia para o descanso do Criador. O número SETE é um número sagrado porque representa a reunião da Trindade Superior que age sobre o Quaternário terrestre, simbolizando o homem com todas as suas possibilidades de evolução. Temos em nosso corpo Sete Chacras, pontos de energia, centros magnéticos que lhe permitirão atuar nos Sete mundos. Sete Arcanjos. Sete dons do Espírito Santo, representados em forma de Pomba, Sete virtudes; Sete artes e ciências; Sete Sacramentos, Sete notas musicais. Sete pragas do Egito, descrita no Êxodo. Sete Igrejas do Novo Testamento, os Sete planetas que regem os destino do homem, de acordo com a astrologia   Na China ele é associado ao princípio masculino Yang.  Ele é um número místico por natureza. Segundo o Alcorão, Alá criou Sete céus ou paraíso. Na Teosofia, existem Sete raças, Sete Planos Divinos. Sete são as maravilhas do mundo antigo.

O Sete é o único número simples que aritmeticamente não é múltiplo nem divisor de um outro número entre 1 e 10. Ele é a soma do número Três (Espirito) com o número Quatro (Matéria), daí a perfeição.

A Biologia, ciência da vida, descobriu que as células de nosso corpo, passam por uma renovação a cada Sete anos, o que nos mostra que somos um novo individuo a cada Sete anos. Dai o ciclo do ser humano. Ele entra em todas as circunstâncias da vida, regendo o desenvolvimento humano e os acontecimentos do mundo, na parte material, moral e biológica.

Em Hebraico o Sete é equivalente a letra Zain.

O OITO (8)

Significa, poder, vitória, riqueza material, reconhecimento.  Ele é lembrando por ser associado ao símbolo do infinito (lemniscata) que é um oito deitado. Por isso também é associado a infinitas possibilidades, o fluxo sem início ou fim.

Símbolo da harmonia cósmica, suas formas aparecem na mitologia greco-romana no caduceu de Mercúrio (Hermes): duas serpentes entrelaçadas simbolizam o eterno movimento cósmico e a relação existente entre deuses.

Sua forma representa os dois mundos, o espiritual e o material, com o fluxo de energia de cima para baixo e de baixo para cima

Em Hebraico o Oito é equivalente a letra Cheth.

O NOVE (9)

Significa realização, universalidade, abnegação, compaixão. É o final de um ciclo e começo de outro. É o último número com apenas um dígito.   O número Nove é três na segunda potência.  Ele representa a realização total do homem com todas as suas aspirações atendidas e seus desejos satisfeitos. No Taro é o número do próprio homem, pois a ele é associado. No Taro ele é representado por figura humana, dai representar a própria humanidade. A gestação  humana  tem nove meses, sendo que na religião Hinduísta o Nove é  o número de Brahma. Ele é o único número  que quando multiplicado por qualquer número por ele, a soma sempre dá Nove.

2 X 9 = 18… 8+1 = 9

3 X 9 = 27 …2+7= 9

32 X 9 = 288… 2+ 8 + 8 + = 18… 1 + 8 = 9 

Em Hebraico o Nove é equivalente a letra Teth.

Compilado por: Dermivaldo Collinetti

Dermivaldo é Mestre Maçom da ARLS Rui Barbosa, Nº 46 – GLMMG – Oriente de São Lourenço e, para nossa alegria, um colaborador do blog.

Bibliografia

  • Ritual de Aprendiz Maçom
  • O grau de Aprendiz Maçom e seus mistérios – Jorge Adoum
  • O que deve saber um Mestre Maçom – Papus
  • Grande Dicionário Enciclopédico de Maçonaria e Simbolismo – Nicola Aslan
  • Dicionário de Maçonaria – Joaquim Gervásio de Figueiredo
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Τετρακτυς: a tétrada pitagórica

Rosicrucian Tradition - The Papers of Thomas D. Worrel

Onde quer que um símbolo esteja relacionado a um número, aí há, quase sempre, uma referência a Pitágoras. O que dele sabemos vem de comentários de outros pensadores e, no que concerne às interpretações pitagóricas dos números, a influência de pensadores tardios é imensa, principalmente do médio-platonismo e do período renascentista, de modo que não há como saber se realmente as interpretações correspondiam ao verdadeiro pensamento do Mestre ou se eram apenas divagações com apenas algum fragmento de verdade.

Um dos símbolos mais marcantes é a Tetraktýs ou Tétrada, simbolizada pela disposição dos números 1, 2, 3 e 4 em um triângulo equilátero. Para os pitagóricos, a Tetraktýs era sagrada e até se jurava sobre ela. As fontes hermenêuticas são Jâmblico e Nicômaco de Gerasa.

A palavra Tétrada é uma tradução do termo grego Τετρακτυς, cuja pronúncia é /tetraktýs/, com tônica na última sílaba e com o y tendo o mesmo som do u francês ou do ü alemão. Doravante, toda expressão escrita da pronúncia de um termo grego ou latino virá entre barras, /…/. A Tétrada, como disse, refere-se à coleção dos quatro primeiros números, 1, 2, 3 e 4. Para eles, tudo podia ser explicado a partir dela.

Para entender o porquê, é necessário compreender que esses quatro primeiros números simbolizavam princípios fundamentais norteadores da reflexão filosófica sobre o mundo. Em primeiro lugar, eles se referiam, respectiva e equivalentemente, às noções de Mônada, Binário, Ternário e Quaternário. A totalidade das coisas era simbolizada pela Década, ou seja, pelo número 10, pois a soma aritmética 1+2+3+4=10 era uma representação da totalidade abrangida pelos princípios fundamentais.

A chave para a compreensão da Tétrada, segundo opino – e entendo não ser definitiva ou consensual -, está na antiga questão platônica do Uno e do Múltiplo. Olhemos em redor. Percebemos a existência de diversos seres e vemos que estamos imersos no mundo do Múltiplo. O próprio fato de que nos percebemos como uma identidade psíquica separada dos demais seres nos faz ver que vivemos sob o império do Múltiplo. O mundo, em sua totalidade, é o reino do Múltiplo. Surge aí a questão que intrigou Platão em seu diálogo Parmênides. A leitura do Parmênides, de Platão, deveria ser acompanhada pelos comentários de Proclo. A edição de Carlos Steel dos Procli In Platonis Parmenidem Commentaria, pela Oxford University Press, é magnífica. Se o Uno é absoluto, se é infinito, se com seu pensamento abarca absolutamente a totalidade das coisas com inteligência infinita, como é que podemos intuir que a totalidade das coisas não se confunde com o Uno? Posto de outra forma, Deus é a causa primeira das coisas do mundo, mas como é que Deus e o Mundo não são o mesmo? Como é que podemos conceber a ideia de Deus ser Absoluto e, no entanto, não ser o Mundo, sem cair no panteísmo? A essa separação entre o Uno e o Múltiplo se dava o nome de diferenciação.

Antes de continuar, convém que esclareçamos o conceito de número. Para os antigos, a série dos números começava no 3. Número vem do latim numerus /númerus/, que, por sua vez, é correlacionado com o grego νόμος, /nómos/, que significa norma com caráter de lei. Seu correspondente grego é a palavra ἀριθμός, /arithmós/, que, além de significar número, também significa ordemdisposiçãoarranjo. Ela vem de ῥυθμός, /rhythmós/, isto é, ritmo, cuja raiz é a mesma do verbo ῥέιν, /rhéin/, que significa fluir. Assim, o fluxo do mundo implica o número. Portanto, o conceito pitagórico de número não é o quantitativo, não é o número do cálculo. O número é a ordem, a coerência que subjaz a relação entre um todo e suas partes. O número é processo, ritmo e fluxo, é o produto das relações entre os opostos. Oposição não tem o sentido de confronto. Vem do verbo opponēre, /opponêre/, formado pelo prefixo ob adjunto a ponere, /ponêre/, ou seja, significa “pôr diante de”. A relação que surge da oposição é definida por sua proporcionalidade intrínseca. O número é, assim, a forma dessa proporcionalidade intrínseca, é a harmonia que resulta do ajustamento dos opostos. Esse produto munido de harmonia interna é representado pelo 3. Se recordarmos que ἀριθμός, /arithmós/ significa ordem, disposição ou ajustamento, fica claro o conceito de número e porque, para os pitagóricos, o 1 não era um número. Segundo Pitágoras, o ἀριθμός /arithmós/ é a série móvel que flui da Mônada, simbolizada pelo número 1. Toda criatura finita é número e possui número. Com efeito, todo ser finito é composto e, portanto, as suas partes constituintes relacionam-se conforme proporções específicas. O único ser absolutamente simples é o Ser Supremo, a Mônada. No Uno, o entendimento é absoluto, é direto, não requer a mediação de outras verdades representadas por proposições, pois o Uno é a própria Verdade. Dessa forma, o 1 não podia ser número, pois não se caracterizava por uma relação com um terceiro. Similarmente, o 2 não podia ser número, pois embora indicasse a multiplicidade do duplo, um oposto ao outro, não subsumia a relação entre esses opostos e, por conseguinte, nada dizia da relação entre os eles.

O Múltiplo é o universo, a totalidade das coisas. Há dois princípios básicos no universo e esses princípios são separados: Espírito e Matéria.

O Espírito é simbolizado pelo número 3. Por quê? Porque 3 é símbolo da Razão. Com efeito, razão, que vem do latim ratio, /rátio/, é aquela relação entre duas coisas distintas. Na Matemática, a razão aparece quando dizemos que A está para B assim como B está para C. A relação entre A e C é mediada por B. Na Ontologia, a razão aparece quando um ente A mantém com B uma relação específica. Essa relação também pode ser expressa pela Lógica, como no silogismo, em que a premissa menor se conecta à conclusão pela premissa maior. O Eu só se percebe como unidade completa porque está imerso na multiplicidade. A percepção da multiplicidade é a percepção do Não-Eu, do que é oposto (oppositum, isto é, ob-positum, /ob-pósitum/) ao Eu, posto diante do Eu. O Eu, em sua unidade, só se dá conta da dualidade porque a diferença é sempre uma diferença relativamente a algo que está idealmente no ato gnosiológico. O Ternário é o símbolo do Espírito, que participa simultaneamente da Unidade e da Dualidade, mediante a categoria da relação, ou seja, pela Razão. Por isso é o número do Grau 1 em certas ordens inicáticas. O homem criado é ainda puro trabalho, porém, como a relação implica ratio /rátio/ ou razão, o iniciado é o homem racional na etapa inicial de sua ascensão. Jâmblico considerava o 3 o primeiro número, justamente por que ἀριθμός /arithmós/ ou numerus /númerus/ pressupõem disposição, arranjo, relação e harmonia.

O número 4 é símbolo das coisas temporais e das coisas corpóreas. Por isso, pode ser visto como um símbolo da materialidade, já que Matéria, tempo e espaço são correlacionados. A associação do 4 à Matéria pode ser decorrência histórica da associação que os antigos faziam entre o mundo material e as quatro direções cardeais. A Matéria em si mesma é caótica, não tem forma nem ordenação. Ela precisa da Vontade criadora do Espírito para obter uma forma ordenada. Assim, o Universo, entendido como o reino do Múltiplo, é representado pelos números 3 e 4, ou seja, Espírito e Matéria, os seus dois princípios básicos. Obviamente, acima desses dois princípios está Deus.

Finalmente, o Binário ou Díada. O 2 simboliza o processo de diferenciação entre o Uno e o Múltiplo. Como se dá essa diferenciação? Esse processo é incompreensível para nós. Está além de nossa capacidade racional e intuitiva. De fato, se encontrássemos uma explicação racional de como se dá a diferenciação, estaríamos usando a Razão, o 3, para explicar algo que ontologicamente a antecede. Assim, como falamos do Uno com termos tais como Absoluto, Infinito etc., isto é, dele falamos sem que verdadeiramente compreendamos o que seja a experiência do Absoluto e do Infinito, assim também falamos da diferenciação sem, contudo, poder compreender intrinsecamente o que seja. A inescapabilidade com relação à multiplicidade é uma limitação da mente finita do homem. A Mente Absoluta de Deus abrange todas as coisas em um único Pensamento. A ideia de oposição é uma necessidade da mente humana que surge exatamente da sua finitude. A dualidade como símbolo da oposição não é, assim, uma emanação do Sumo Bem, pois, se assim fosse, seria forçoso admitir um princípio oposto ao do Sumo Bem, ou seja, um princípio do mal, o que é impossível. No Uno, a Vontade não se diferencia do Ato. O lapso entre a vontade e o ato é algo da mente finita, da mente humana, não da Mente Infinita. Embora não possamos “vivenciar” essa unidade, podemos pressupô-la. Na Mônada, vontade e ação são idênticas. Assim, o construto pitagórico da Díada é um artifício da mente humana para dar uma racionalidade ao problema da Totalidade Absoluta de Deus e Sua independência relativamente ao Múltiplo. As cosmogonias e psicogonias, inclusive a própria ideia de criação do mundo, são mecanismos mentais de supressão do vácuo intelectivo inerente à questão da diferenciação. Falamos em Criação justamente como forma de suprir de intelecção aquilo que é ininteligível.

Uma curiosidade surge. Gershom Scholem é enfático ao mostrar as origens neopitagóricas e neoplatônicas da Cabala medieval. Para explicar a emanação, os cabalistas medievais da Catalunha conceberam a ideia de tzim-tzum, um pontinho no Uno do qual se inicia a emanação até se chegar a Malchut, a Matéria, a décima sephirah. Essa ideia é uma representação simbólica do processo de diferenciação entre o Uno e o Múltiplo. É evidente, porém, que são tentativas de explicação para algo que é essencialmente incompreensível. A diferenciação é incompreensível. Simplesmente não temos como responder à pergunta “Porque o universo é em vez de não ser?” Note que aí já se admite que o Uno é superior ao Ser, além do Ser, super esse, como diziam neoplatônicos com Pseudo-Dionísio Areopagita.

Se considerarmos a totalidade dos números abrangidos pela Tétrada, os números de 1 a 10, o que devemos ter em mente é que cada um deles possui uma interpretação metafísica. Para os quatro primeiros números já demos nossa interpretação. O que mais nos chama a atenção, entretanto, é a incompreensibilidade quanto ao número 7.

Em geral, os comentários sobre o número 7 se restringem a listar uma série de coisas que têm sete. Nem expoentes da Renascença como Marsilio Ficino e Pico della Mirandola escapam a essa sina irritante. Por exemplo, o 7 é dito sagrado porque simboliza os sete planetas, os sete dias da semana etc. e uma porção de outros exemplos que, na verdade, não explicam coisa alguma.

Mais uma vez, a solução está na Tétrada e na questão do Uno e do Múltiplo. Devemos ter como referência a ideia de que Deus é uno, absoluto, que não está sujeito nem à divisibilidade nem à multiplicidade. Ora, nós somos espíritos e, portanto, cada um de nós é indivisível, uno. Mas somos muitos, portanto a ideia de espírito está sujeita à multiplicidade, justamente por estarmos falando do espírito criado, não do Espírito Criador. A não-Multiplicidade do Criador refere-se ao Absoluto, à unidade absoluta, total, infinita. Nós, diferentemente, somos unidades finitas no reino do Múltiplo.

Continuemos. Todos os números pares são divisíveis. Por exemplo, o número 6 pode ser dividido em um par de Ternários, sendo que 3 é um número dentro da Década. Em outras palavras, os números pares estão sujeitos à divisibilidade, que é uma característica de imperfeição.

Resta considerar os ímpares. O números 1, 3 e 5 são indivisíveis, mas estão multiplamente dentro da Década. Por exemplo, 3 é indivisível, mas cabe três vezes dentro da Década. Assim também o 5, que cabe duplamente. Restam apenas 7 e 9. O número 9 só cabe uma vez dentro da Década e, portanto, não está sujeito à multiplicidade, mas pode ser dividido em três Ternários, estando, por conseguinte, sujeito à divisibilidade. Finalmente, o número 7 é indivisível, não estando sujeito à divisibilidade. Além disso, ele só cabe uma única vez dentro da Década e, por isso, também não está sujeito à multiplicidade.

Em outras palavras, de todos os números da Década, apenas o 7 é capaz de simbolizar a Divindade em seu caráter uno, indivisível e absoluto. Dessa forma, o 7 é símbolo do Divino em seu aspecto indivisível, infinito e absoluto. Ele é o único número dentro da Década que é não só indivisível como também não sujeito à multiplicidade e, portanto, é símbolo do Uno, pois compartilha com o Uno dessas características. É por isso que o 7 é considerado um número divino.

Vejamos algumas consequências para a prática simbólica. Em primeiro lugar, considere a Escada de Jacó, à qual são associadas as sete virtudes. Se a Escada é símbolo de ascensão espiritual, então o 7 nos diz que essa ascensão é infinita, que é divina. A Escada dos Mistérios Mitraicos tem sete metais, a Escada do sonho de Buda tem sete cores. No Apocalipse, João é chamado a escrever num livro o que estava prestes a ver e a enviá-lo às sete Igrejas. Isso quer dizer que a mensagem deveria ser universal, não às sete igrejas específicas, como a de Éfeso e outras. A ideia dos sete pecados e das sete virtudes é a forma simbólica de dizer que os pecados e virtudes são infinitos. São tantos setes! Toda vez que virmos 7 num símbolo, associemos a ele o infinito e o absoluto divinos e vejamos o que daí decorre. A similitude da plausibilidade dessa interpretação do 7 em tantos mitos e símbolos de diversas culturas apenas nos mostra algo arquetípico da mente humana. Mircea Eliade dá vários outros exemplo e eu particularmente penso ser esse arquétipo uma realidade cultural entre os povos.

Assim como o 1 simboliza o Uno e a origem de todas as coisas abrangidas pela Década e, portanto, a imanência, o 10 simboliza a transcendência. Se a formação do Microcosmo, pela ação inteligente do Espírito sobre a Matéria, se inicia no 3, entre o início e o fim, bem no meio do caminho, está o 5, símbolo do Homem completo, representado pelo Homem Vitruviano. Nessa etapa, o intelecto é sua principal característica A partir do 5 começa o caminho da transcendência rumo ao Infinito, ao 10. Aqui já tenho em mente o pensamento cabalístico medieval de natureza pitagórica. Tão longo, tão infinito e absoluto é esse caminho que a ele poderíamos associar o número 7 ou mais.

A razão da carência de interpretações satisfatórias repousa precisamente na incapacidade de introspecção simbólica a que estamos acostumados em razão da descrença implícita que temos de que a simbologia seja algo útil e fundamental para nossas vidas. Enquanto o homem apenas aceitar a reflexão simbólica superficialmente e não na profundidade de sua alma, jamais será capaz de compreender os magníficos ensinamentos dos símbolos.

A simbologia dos números, iniciada há dois milênios e meio pelos pitagóricos, continuou sua evolução ainda por vários séculos a fio até hoje. Não é uma evolução linear, obviamente. A cada etapa sofreu adaptações a diferenças culturais e aos interesses específicos dos intérpretes. Mas o que me surpreende é como o princípio geral contido na Tetraktýs perpassou todas essas idiossincrasias culturais e temporais.

Autor: Rodrigo Peñaloza

Fonte: Medium

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A Geometria e o Número na Arte Real (Parte II)

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Diz o Gênese que Deus concluiu a Criação em seis dias, “e repousou no sétimo dia de todo o labor que fizera”[17]. O sete simboliza o reencontro, no plano da Criação, da Unidade imutável que é sua origem e síntese, o que se expressa aritmeticamente mediante a soma dos sete primeiros números inteiros: 7 = 1 + 2 + 3 + 4 + 5 + 6 + 7 = 28 = 2 + 8 = 10 = 1 + 0 = 1. Também se diz que o sete é o número da Formação, consequência imediata das distinções que nossa mente estabelece entre as coisas criadas – representadas pelo senário – que aparecem por isso revestidas de formas.

A construção do heptágono e da estrela de sete pontas, imagens simbólicas do septenário, expressa geometricamente a observação exterior, se é que se pode chamar assim, que a mente efetua da manifestação projetando sobre ela as formas[18]. Para dividir uma circunferência em sete partes iguais e assim determinar os vértices de um polígono regular inscrito de sete lados, há que traçar um diâmetro e dividi-lo em sete segmentos de igual comprimento. Em seguida, com raio igual ao diâmetro desenhado e centros nos dois extremos deste, se abrem dois arcos circulares que se cortam em dois pontos exteriores à circunferência. A reta que passa por um destes pontos e pela segunda das seis divisões marcadas sobre o diâmetro com o fim de dividi-lo em sete partes iguais, corta a circunferência em dois pontos. Tomando a distância entre o ponto mais próximo à segunda divisão do diâmetro e o extremo do diâmetro que se acha mais próximo de tal ponto, e usando-a sete vezes como corda da circunferência, achamos os sete vértices do polígono inscrito[19]. O heptágono se constrói unindo pares de vértices contíguos, enquanto que a estrela de sete braços se obtém traçando uma poligonal que passe pelo primeiro de cada três vértices (isto é, unindo o primeiro vértice com o quarto, o quarto com o sétimo, o sétimo com o terceiro, etc.), ficando fechada ao cabo de três circulações completas.

Sendo o cubo uma expressão geométrica do senário, seu centro, o ponto no qual os braços da cruz tridimensional formada pelas alturas do poliedro são cortados, representa o septenário como símbolo do retorno à Unidade principial, o que também está simbolizado pelo Sabbath judeu e pelo domingo cristão; são dias de descanso da semana durante a qual, à imagem da Criação, transcorre o trabalho do homem.

O sete é também a soma do três e do quatro ( 3 + 4 = 7 ). O septenário pode ser contemplado, pois, como a união da tríade principial presidida pelo Logos e pelo quaternário que dela emana, ao que não é estranha a divisão das antigas sete Artes Liberais em três artes da palavra ou trivium (Gramática, Lógica e Retórica) e quatro ciências cosmogônicas ou quadrivium (Aritmética, Geometria, Música e Astronomia). Geometricamente, a soma do ternário e do quaternário é análoga à coroação de um quadrado com um triângulo, sendo a figura resultante o alçado da pedra cúbica em ponta, que, como o número sete, simboliza a perfeição da Arte Real. Sete maçons fazem uma Loja “justa e perfeita”, como sete notas completam a escala musical “que reproduz o som dos sete planetas em sua rotação”[20].

No centro das sete esferas planetárias se encontra a Terra, símbolo do conjunto do mundo material que, como produto da Unidade e do mundo das formas, está caracterizado pelo número oito. Geometricamente, o oito pode ser representado através de dois quadrados, um inscrito no outro e cujos vértices de um sejam os pontos médios dos lados do outro. É a imagem do recipiente no qual se combinam os quatro princípios alquímicos da matéria para produzir a substância do Universo, ou do athanor no qual se vertem os sete metais da grande Obra, caldeirão este que não é senão a alma do próprio alquimista. A forma do oito evoca o contínuo correr das águas do psiquismo que o Adepto busca aquietar.

O mercúrio, com o que se relaciona o movimento fluido da psique, está em correspondência com a oitava sefiroth da Árvore da Vida cabalística[21]. O octógono é a expressão geométrica do caráter intermediário que todo o anímico e mercurial possui. Este polígono – que se constrói unindo os extremos de duas cruzes inscritas em uma circunferência de forma que os braços de uma sejam as bissetrizes dos ângulos retos formados pelos braços da outra – é uma forma construtiva de transição empregada nos templos da maioria das tradições para apoiar um domo ou cúpula hemisférica, associada ao céu, sobre uma base quadrada que simboliza a estabilidade da terra. A forma octogonal é também a das pias batismais e os antigos batistérios dos templos cristãos. Tratam-se de lugares de passagem situados no exterior ou na entrada das igrejas, em uma localização intermediária entre um espaço profano e outro sagrado na qual se opera um sacramento que, dentro da esfera do individual, corresponde ao domínio psíquico intermediário entre o espírito e o corpo[22], [23]. A morte iniciática é outro trânsito com o qual o oito está relacionado, poderíamos dizer, com maior razão ainda; como o batismo cristão, comporta um segundo nascimento, porém de uma natureza distinta e superior uma vez que produz, além dos efeitos psíquicos de ordem individual aos quais se circunscreve a regeneração por via exotérica, uma transmutação que conduz o ser ao ponto de partida de uma realização de ordem supra-individual[24].

O estabelecimento de uma (aparente) diferenciação entre a realização material e a Unidade conduz ao novenário ( 8 + 1 = 9 ). O nove é o símbolo da multiplicidade indefinida, representada pelos indefinidos pontos da circunferência que se correspondem com as indefinidas manifestações formais do Ser[25]. O nove, como a circunferência, retorna sobre si mesmo incessantemente ( 9 = 9 + 8 + 7 + 6 + 5 + 4 + 3 + 2 + 1 = 45 = 4 + 5 = 9 ), o que evoca o aspecto aprisionador das formas materiais da manifestação, e em particular, do pele de que se acha revestido o estado humano do Ser. Não há saída possível pela tangente diante da corrente do devir ou da tentativa de correr mais que ela[26], do mesmo modo que não há saída do novenário multiplicando o nove por outro número inteiro, posto que o resultado sempre é redutível ao nove. A única saída da circunferência é interior, a caminho do centro ou Unidade na qual todo o manifestado deve reabsorver-se, completando o ciclo: 9 + 1 = 10 = 1 + 0 = 1.

Epílogo

O Aprendiz maçom que ingressa em Loja toma assento na coluna do Setentrião. Se diz que é a região menos iluminada do templo, apta para quem acaba de iniciar suas andanças pela via do Conhecimento e que “ainda não é capaz de suportar uma grande luz”. Procedente do âmbito da manifestação total do Ser, simbolizada pelo denário e pela roda ou o círculo, começa seu caminho de retorno à Unidade, isto é, ao centro de si mesmo iluminando seus passos com uma ainda débil claridade interior. Como o personagem do nono arcano do Tarot, lanterna na mão, avança lentamente, com paciência e em solidão, regressando do nove ao oito, do oito ao sete…

FINIS

Autor: Marc Garcia
Tradução: Sérgio K. Jerez

Notas

[17]Gn 2, 2.

[18] – A inscrição em uma circunferência de um heptágono ou de seu polígono estrelado equivalente se apoia em um ponto exterior a ela.

[19] – Esta construção geométrica tem uma aplicação mais ampla. Se o diâmetro da circunferência se divide em N partes iguais, sendo N qualquer número inteiro maior ou igual a 3, se obtém os vértices de um polígono regular inscrito de N lados.

[20] – Sete maestros masones, op. cit., cap. 17.

[21] – Ver Federico González, op. cit. cap. 1.

[22] – Ver René Guénon, Símbolos Fundamentales de la Ciencia Sagrada, cap. XLII. Ed. Eudeba, 1988.

[23] – Compreendida, ou ao menos entrevista a razão de ser da forma e da localização da pia batismal, sua substituição por um alguidar situado junto ao altar, tão freqüente nas atuais celebrações do batismo cristão torna-se tremendamente grotesca.

[24] – René Guénon, Aperçus sur l’Initiation, cap. XXIII. Editions Traditionnelles, 1992.

[25] – René Guénon, Sobre el Número y la Notación Matemática. Cuadernos de la Gnosis nº 4, págs. 14-15. Ed. Symbolos, 1994.

[26] – Se diria que algo assim é o que persegue o mundo moderno intensamente: remando, chegar mais rápido que a água do rio à cascata por onde deve precipitar-se definitivamente.

O Código – Episódio 1 – “Números”

Nesse excelente documentário produzido pela BBC, o professor Marcus du Sautoy revela um código numérico escondido, que está subjacente a toda a natureza. Um código que tem o poder de explicar tudo, desde os números e formas que vemos à nossa volta às regras que governam as nossas próprias vidas. Neste primeiro episódio, Marcus revela como um número significativo aparece em todo o mundo natural. Eles são parte de um mundo matemático oculto que contém as regras que regem tudo em nosso planeta e além dele.

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A Geometria e o Número na Arte Real (Parte I)

A Maçonaria encarna uma via iniciática por meio da qual ainda é possível, num Ocidente obscuro e enfermo, vincular-se efetivamente à Tradição Unânime e Primordial. Trata-se de uma Arte na qual foram purificados e endossados símbolos, ritos e mitos de ordem cosmogônica que reis, guerreiros e homens de oficio reconheceram, desde tempos imemoriais, como suportes para a realização metafísica.

O neófito iniciado nos mistérios da Arte Real recebe uma influência espiritual que opera sua regeneração psíquica, isto é, seu renascimento ou tomada de consciência de si mesmo como homem verdadeiro. Este despertar corresponde simbolicamente a um percurso de um ponto de uma circunferência até seu centro, e também a uma conta ao inverso, que parte do denário e termina na Unidade, princípio gerador da multiplicidade implícita na década. Acabada a viagem pelos pequenos mistérios, começa, sem solução de continuidade, o trânsito pelos mistérios maiores, a ascensão pelo eixo imóvel em torno ao qual gira a roda do porvir, ou raio que, atravessando o Sol, traça a via que devolve o ser ao seio do Não-Ser.

Geometria, Número e Cosmogonia

O profano que solicita ser admitido na Franco-Maçonaria, no Rito Escocês Antigo e Aceito, redige um testamento filosófico na Câmara de Reflexão ante os três princípios alquímicos. Três zonas de seu corpo são desnudadas antes de ser conduzido, privado da visão, até a porta do Templo. Tendo sido introduzido na Loja, realiza nela três viagens, e recebe por fim a Luz ao terceiro golpe do malhete do Venerável Mestre. O ternário preside o início da edificação do templo interior do maçom da mesma forma que a construção do Cosmos, do qual a Loja é uma imagem perfeita.

As teogonias mais elevadas consideram um ternário principial constituído por um princípio superior ou Ser puro (na tradição hindu, Ishwara ou Apara-Brahma; na tradição extremo-oriental, o “Grã Extremo” ou Tai-ki) e a primeira das dualidades surgida da polarização da Unidade (Purusha e Prakriti na tradição hindu; o Céu, Tien, e a Terra, Ti, na tradição extremo-oriental). O Ser ou Unidade transcendente, no seio do qual se acham indissoluvelmente unidas as duas polaridades do binário principial anteriormente a toda diferenciação, pressupõe outro princípio: o Brahma neutro e supremo (Para-Brahma ) do hinduísmo, o Wu-ki do taoísmo, o Não-Ser ou Zero metafísico do qual nada pode ser predicado e que contém ao Ser que é sua afirmação[1]. Segundo a Cabala, o Absoluto, para manifestar-se, se concentra em um ponto infinitamente luminoso, deixando as trevas ao seu redor. Esse ponto luminoso é o Ser no seio do Não-Ser, a Unidade que afirma o Zero e da qual emanam as manifestações indefinidas do Ser[2].

Assim como o um é o símbolo aritmético da Unidade, o ponto sem dimensões é a imagem geométrica do Ser. Sua determinação no seio do Não-Ser é análoga à que uma ponta de um compasso estabelece ao apoiar-se em uma folha de papel. Se produz a polarização do um-ponto-Ser-Unidade no binário ao apoiar a segunda ponta do compasso na folha. Os dois pontos determinados sobre o papel estão vinculados entre si por meio do compasso, e o segmento de reta que une ambos os pontos é a projeção unidimensional de tal vínculo sobre o plano geométrico. Aritmeticamente, pode-se simbolizar a polarização da Unidade como o produto de dois números inversos entre si:

1 = n x 1/n

sendo n um número inteiro qualquer. O produto n x 1/n não é distinto da Unidade; a dualidade aparece só ao considerar-se separadamente os dois elementos complementares de tal produto, indiviso no interior da Unidade. Outra imagem numérica equivalente é a obtenção do dois pela soma da Unidade com seu reflexo, que é ela mesma:

1 + 1 = 2

Esta operação simboliza de uma maneira nítida a gênese do binário pela Unidade, e mostra que não há nada na natureza deste que seja diferente da Unidade geratriz.

A consideração distintiva da Unidade e da dualidade produz o ternário:

2 + 1 = 3

Geometricamente, o ternário surge ao se traçar arcos de circunferência centrados nos dois polos do binário e cortá-los entre si, definindo um terceiro ponto ou vértice. Se a abertura do compasso é igual à distância entre os extremos do binário, se obtém, ao unir os vértices dois a dois mediante segmentos de reta, um triângulo equilátero que de novo evoca a não-diferença entre a Unidade e suas produções duais.

A proporção áurea é uma das expressões mais sintéticas do caráter interior do ternário formado pela Unidade no binário. Esta proporção, à qual na antiguidade grega se designava com a vigésima primeira letra do alfabeto (21 = 2 + 1 = 3), se obtém ao dividir um segmento em duas partes, de maneira que o comprimento da parte menor esteja para a da maior como esta para a comprimento total do segmento dado. Se diz que a parte menor é segmento áureo da maior e que a maior o é do segmento inicial. A proporção áurea é a quantidade incomensurável resultante do quociente entre a comprimento do segmento dado e a de seu segmento áureo. Esta última se determina geometricamente desenhando um triângulo retângulo que tenha por catetos o segmento dado e sua metade, e restando à hipotenusa o cateto menor.

A proporção áurea é a única proporção continua de três termos[3] que se pode construir com só dos termos distintos. O segmento e suas duas partes são “três que são dois, que são um”, o símbolo de uma diferenciação entre a Unidade percebida como objeto e o preceptor de tal objeto contidos ambos no reconhecimento ininterrupto de uma Unidade omnicompreensiva. Por outro lado, tal diferenciação prefigura as dimensões primeira e segunda da manifestação no seio da Unidade, o qual é refletido pela propriedade geométrica de que, se a comprimento do segmento dado é a unidade de medida, as medidas de suas partes em proporção áurea resultam ser uma o quadrado da outra (ou, reciprocamente, esta é a raiz daquela)[4].

A Unidade adicionada ao ternário produz o quaternário. O Tao te King diz: “O Tao deu a luz ao Um, o Um deu a luz ao Dois, o Dois deu a luz ao Três, o Três deu a luz às inúmeras coisas”[5], pelo que, nas palavras de René Guénon, “o quatro, produzido imediatamente pelo três, equivale de certo modo a todo o conjunto dos números, e isso porque, desde que se tenha o quaternário, se tem também, pela adição dos quatro primeiros números, o denário, que representa um ciclo numérico completo: 1 + 2 + 3 + 4 = 10, que é, como já dissemos em outras ocasiões, a fórmula numérica da Tetraktys pitagórica”[6]. O quatro é o símbolo da Unidade que se manifesta; é o número que marca a manifestação, a qual se desdobra em um marco de referência quaternário composto de um espaço tridimensional e o tempo (3 + 1 = 4 ) no qual todos seus elementos se acham regidos pela lei da tétrada: quatro pontos cardeais, quatro estações do ano, quatro idades do homem.

A representação geométrica do quaternário em seu aspecto estático é o quadrado, e em sua vertente dinâmica, a cruz. A complementaridade de ambos os símbolos fica patente ao inscreverem-se as figuras em uma circunferência: uma e outra resultam de unir os quatro vértices circunscritos mediante segmentos retos das duas maneiras que é possível fazê-lo, cada um com seu contíguo ou então cada um com seu oposto. Os braços da cruz são como os raios de uma roda que, dando-lhe rigidez, afirmam seu giro em torno de seu eixo. Ao contrário, os lados do quadrado são como limaduras ou planos da roda que detêm seu giro e a fixam. O traçado do quadrado se efetua a partir da cruz unindo-se os extremos contíguos desta. A cruz se constrói no interior da circunferência, desenhando-se um diâmetro e sua perpendicular. Isso nos devolve à consideração de que tudo parte de um Centro único, que o quaternário manifesta.

O tetraedro é a figura geométrica que expressa o quaternário na tridimensionalidade. Sua projeção vertical sobre o plano ao qual pertence sua base é um triângulo equilátero cujas três alturas convergem em seu centro, reflexo da cúspide do poliedro. O ponto afirmado no seio do triângulo e acima do tetraedro são imagens do Verbo manifestado, pelo que se diz que o quatro é o número da Manifestação. Na Loja, o ponto mais alto é o olho do Delta luminoso, ou a iod do Tetragrama divino, ambos símbolos do grande Arquiteto do Universo para cuja glória trabalham os maçons[7]. O quaternário também é revelado pela planta em forma de quadrado longo do Templo maçônico e do pavimento mosaico, cujas dimensões são igualmente significativas (comprimento duplo ou triplo que a largura; retângulo de litígios de largura 3 e comprimento 4; comprimento e largura em proporção áurea, etc.).

O giro da cruz ao redor de seu centro – engendrando a circunferência que, em união com seu centro, representa o denário – é a expressão geométrica da circulação do quadrante que a Tetraktys pitagórica simboliza aritmeticamente (1 + 2 + 3 + 4 = 10). A cruz resolve exatamente o problema inverso da quadratura do círculo, dividindo sua área em quatro partes iguais, o que se pode expressar numericamente permutando os termos da igualdade anterior (10 = 1 + 2 + 3 + 4)[8]. Para quadrar o círculo com um quadrado cuja área seja igual à do círculo dado, se requer a intervenção do quinário: deve-se inscrever, em primeiro lugar, um pentágono no círculo; logo, um segundo pentágono cujos vértices sejam os pontos médios dos arcos de circunferência limitados por vértices adjacentes do primeiro pentágono; e, por último, outros dois pentágonos cujos vértices se acham pela bissecção dos arcos demarcados respectivamente por um vértice do primeiro pentágono e o vértice mais próximo do segundo. Obtêm-se assim quatro pentágonos cujos vinte vértices, que podemos numerar correlativamente, se distribuem uniformemente ao longo da circunferência. As retas que passam por quatro pares de vértices tais como o segundo e o quinto, o sétimo e o décimo, o duodécimo e o décimo quinto, e o décimo sétimo e o vigésimo delimitam um quadrado cuja área é muito aproximadamente a do círculo dado[9].

A soma da Unidade e de sua expansão quaternária considerada como uma realidade distinta àquela produz o quinário ( 4 + 1 = 5 ). Podemos dizer que o cinco é o símbolo da Unidade reencontrada na Produção numérica, tal como a encruzilhada das quatro direções cardeais revela o centro da cruz e do quadrado do qual os braços da cruz são diagonais. O cinco faz que tudo retorne novamente a sua origem, como ao cabo das quatro estações de um ciclo, a quinta é de novo a primeira. No homem, a quinta etapa de seu vida, após suas quatro idades, é um instante ou ponto em que se unem sua morte e seu nascimento, o “aqui e agora onde tempo e espaço se fundem na unidade perfeita do eterno presente”[10]. Esse ponto, que se situa além da tridimensionalidade e da temporalidade, se corresponde simbolicamente com o lugar onde se encontram as quatro direções cardeais, isto é, com o centro da cruz.

O cinco é o número do homem, do microcosmos e do Companheiro, grau da iniciação maçônica ao qual se desperta contemplando a Estrela Flamígera de cinco pontas após cinco viagens de instrução. No Rito Escocês, Antigo e Aceito, a viagem central simboliza o trabalho interior apoiado na meditação dos símbolos próprios das sete Artes Liberais, entre as quais se contam a Geometria e a Aritmética. A estrela pentagonal em cujo centro resplandece a letra G ou a iod hebraica se refere ao grande Arquiteto do Universo e também ao “perfeito iniciado que o maçom se esforça por ser”.

O traçado geométrico da estrela de cinco pontas se efetua dividindo uma circunferência em cinco partes iguais e unindo suas divisões ou vértices alternadamente (o primeiro com o terceiro, o terceiro com o quinto, o quinto com o segundo, etc.) mediante segmentos retos até fechar a linha poligonal que assim se descreve, o que se consegue ao cabo de duas circulações completas. Para determinar os cinco vértices da estrela há que se traçar dois diâmetros perpendiculares da circunferência dada, como, por exemplo, o vertical e o horizontal, e desenhar duas novas circunferências interiores tangentes entre si e à circunferência inicial cujos centros sejam os pontos médios dos raios que compõem um dos dois diâmetros traçados. Os raios de tais circunferências menores têm uma comprimento que é metade da do raio da circunferência inicial. Suponhamos que os centros das circunferências menores estão alinhados sobre o diâmetro horizontal da circunferência maior; a reta que passa pelo extremo inferior do diâmetro vertical e pelo centro de uma qualquer das circunferências menores corta a esta em dois pontos. Desenhando, com centro no extremo inferior do diâmetro vertical da circunferência maior, arcos circulares com raios iguais às distâncias entre tal extremo e um e outro dos pontos de corte antes determinados sobre a circunferência menor, as quatro intersecções de tais arcos com a circunferência maior resultam ser vértices da estrela pentagonal. O quinto vértice é o extremo superior do diâmetro vertical da circunferência inicialmente dada[11].

Esta construção geométrica, como todas as da Arte das formas, é um suporte precioso para meditar sobre a construção do Cosmos a partir da Unidade, cujo estágio intermediário está representado pelo cinco. A curvatura das circunferências interiores é análoga à da linha sinuosa que divide as metades clara e escura do yin-yang binário. Assim, a soma das comprimentos dessas duas circunferências é igual à da primeira circunferência, o que é outra expressão simbólica da polarização da Unidade na dualidade. Por outro lado, a proporção áurea, relacionada com o ternário, marca a geometria da estrela de cinco pontas: estão em proporção áurea as distâncias entre dois vértices alternados e dois vértices contíguos, como também o estão a comprimento de um braço da estrela e a de um lado do polígono invertido que constitui seu corpo[12]. A cruz da qual parte a construção geométrica descrita é a marca do quaternário na estrela pentagonal; e quando se traçam arcos tangentes às circunferências menores com centro em cada um dos dois extremos do diâmetro vertical da primeira circunferência, de modo que os círculos menores fiquem inscritos em uma mandorla, a distância entre os vértices de tal mandorla resulta no diâmetro de uma circunferência cuja comprimento é quase idêntica ao perímetro de um quadrado circunscrito à circunferência inicial, produzindo-se assim a circulação do quaternário.

A consideração do conjunto dos seres individuais – simbolizados pelo número cinco – como algo aparentemente distinto da Unidade que é seu princípio e continente produz o senário ( 5 + 1 = 6 ), o símbolo aritmético da Criação e do macrocosmos. A expressão geométrica do senário está implícita na circunferência, a qual é dividida em seis partes iguais por seu raio. O seis define, pois, o módulo da roda do vir a ser, o trecho significativo que recorda, no âmbito do contingente, a permanente união entre o centro e os inumeráveis pontos da circunferência, e também a unidade de medida do tempo[13], [14].

Unindo entre si de maneiras diversas seis pontos uniformemente distribuídos sobre a circunferência se constroem distintas figurações geométricas do senário. Traçando segmentos retos entre pares de pontos contíguos obtemos o hexágono regular, cujos lados são de comprimento igual à do raio da circunferência em que se inscreve. Se, além disso, se une três vértices alternados do hexágono com o seu centro, a figura resultante é a projeção do símbolo tridimensional do senário, o cubo, sobre um plano perpendicular a uma de suas diagonais. Por outro lado, se os vértices distribuídos ao longo da circunferência que se unem com traços de reta não são contíguos, mas alternados, se obtém a estrela de seis pontas ou de Davi, ou selo de Salomão, que revela o senário como a união do ternário não-manifestado e de seu reflexo invertido, ilusório e mutante no plano da criação ( 3 + 3 = 6 ), isto é, o produto da polarização da tríade principal ( 3 x 2 = 6 ).

O cubo é a representação geométrica da Cidade Perfeita, a Jerusalém Celeste, e também da Loja, da qual se diz que tem um comprimento de leste a oeste, uma largura de norte a sul, uma altura até o zênite e uma profundidade até o nadir[15]. Também tem forma de cubo a pedra desbastada pelo maçom com as ferramentas próprias da Arte Real, que, pelo paralelismo e a retidão de suas faces, perpendiculares às seis direções do espaço, é útil para a construção do templo interior: “… sem dúvida, sempre representa o cubo o Ideal da perfeição humana, já que se apresenta com absoluta igualdade, retidão e paralelismo tetragonal nas três dimensões da vida material, moral e espiritual, enquanto em geral a primeira, que corresponde ao comprimento, prevalece no estado e atividade ordinários da humanidade”[16].

Continua…

Autor: Marc Garcia
Tradução: Sérgio K. Jerez

Notas

[1] – René Guénon, La Gran Tríada, cap. II. Ed. Obelisco, 1986.

[2] – René Guénon, Sobre el Número y la Notación Matemática. Cuadernos de la Gnosis nº 4, pág. 7. Ed. Symbolos, 1994.

[3] – Relação proporcional de três quantidades das quais uma é o termo médio, da forma a/b = b/c. Na proporção áurea, a é o comprimento do segmento dado, b o de seu segmento áureo e c o da parte menor.

[4] – Ver Robert Lawlor, Geometría Sagrada, cap. V. Editorial Debate, 1993. A “unidade de medida” a que nos referimos é um comprimento eleito por convenção como escala com a finalidade de poder medir, com relação a ela, os demais comprimentos. Tratando-se de uma magnitude continua, é divisível indefinidamente a diferença da unidade aritmética, a qual é necessariamente indivisível e sem partes (ver René Guénon, Sobre el Número y la Notación Matemática. Cuadernos de la Gnosis nº 4, págs 25-26. Ed. Symbolos, 1994). Por outro lado, se na equação da nota 3 se atribui um valor 1 ao comprimento a, c resulta ser o quadrado de b, e reciprocamente, b a raiz quadrada de c.

[5] – Lao Tse, Tao te King, XLII. Versião de John C. H. Wu. Editorial Edaf, 1993.

[6] – René Guénon, os Principios do Cálculo Infinitesimal, cap. IX

[7] – Ver Sete Maestros Masones, Símbolo, Rito, Iniciación. La Cosmogonía Masónica, cap. 13. Ed. Obelisco, 1992.

[8] – René Guénon, Sobre el Número y la Notación Matemática. Cuadernos de la Gnosis nº 4, pág. 11. Ed. Symbolos, 1994.

[9] – Ver Robert Lawlor, op. cit., cap. VII.

[10] – Federico González, o Tarot de los Cabalistas, Vehículo Mágico, cap. II. Editorial Kier, 1993.

[11] – Ver Robert Lawlor, op. cit., cap. VII. outra maneira mais simples e conhecida de dividir a circunferência em cinco partes iguais é traçar dois diâmetros perpendiculares de tal circunferência e projetar sobre um deles, por meio de um giro em torno do ponto médio de um de seus dos semidiâmetros, o segmento reto que une esse ponto com um extremo do outro diâmetro. A distância entre o citado ponto médio e seu correspondente projetado é igual à distância entre dos vértices consecutivos de uma estrela de cinco pontas inscrita na circunferência dada.

[12] – Ver Robert Lawlor, op. cit., cap. VI.

[13] – No caminho entre Jerusalém e Emaús, Cristo revela a dois de seus discípulos o sentido interior das Escrituras (Lc 24, 13-35). Curiosamente, a distância entre ambas os povoados é de “sessenta estádios”.

[14] – Não é casual que o dia se divida em 6 x 4 = 24 horas, a hora em 6 x 10 = 60 minutos e o minuto em 6 x 10 = 60 segundos.

[15] – Sete maestros masones, op. cit., cap. 29.

[16] – Ver Aldo Lavagnini, Manual del Compañero, pág. 126. Ed. Kier, 1992.

A Teologia da Aritmética

numeros

Qual é a importância do número? Qual é a importância da aplicação do número aos fenômenos, ou seja, contar?

Quais são os problemas com o número? Quais são os problemas da aplicação numérica aos fenômenos, ou seja, contar?

Qual é a vantagem de um relato numérico? O que pode ser feito com o número que não pode ser feito de outra forma?

Qual é a vantagem de relatos imagéticos ou narrativas?

Filolau, em Estobeu 1.3.8 ( DK11 )

O poder, a eficácia e a essência do número são vistos na Década;  ela é grande, ele realiza todos os seus propósitos e é a causa de todos os efeitos. O poder da Década é o princípio e guia de toda a vida, divina, celestial ou humana em que se insinua;  sem ela tudo é ilimitado, obscuro e furtivo. De fato, é a natureza do número que nos ensina a compreensão, que nos serve como um guia, e nos ensina todas as coisas que de outro modo ficariam impenetráveis e desconhecidas para todos os homens. Pois não há ninguém que poderia ter uma noção clara sobre as coisas em si mesmas, nem em suas relações, se não houvesse o Número ou – essência Numérica. Por meio de sensação, o Número instila uma determinada proporção, e assim estabelece entre todas as coisas relações harmônicas, análogas à natureza da figura geométrica chamada gnomon; incorpora razões compreensíveis de coisas, separa-nas, individualiza-as, tanto coisas limitadas quanto ilimitadas. E não é só em assuntos relativos à daimons ou Deuses que você pode ver a força manifestada pela natureza e poder do Número, mas em todas as suas obras, em todos os pensamentos humanos, em toda parte, de fato, e até mesmo na produção de artes e música. A Natureza e a Harmonia não têm número, pois o que é falso não tem parte em sua essência e o princípio do erro e da inveja é impensado, irracional, de natureza indefinida. Nunca poderia o erro cair na Natureza, porque sua natureza é hostil a ela. A verdade é o caráter próprio, inato do Número.

Alexandre Polistor, em Diógenes Laércio VIII.24 -25

Este princípio de todas as coisas é a mônada ou unidade; decorrente desta mônada, a díade ilimitada ou dois serve como substrato material à mônada, que é causa; a partir da mônada e da díade ilimitada surgem os números; a partir de números, pontos; a partir de pontos, linhas; a partir de linhas, figuras planas; a partir de figuras planas, figuras sólidas; a partir de figuras sólidas, corpos sensíveis, os elementos dos quais são quatro: fogo, água, terra e ar; estes elementos intercambiam e se transformar um no outro completamente, e se combinam para produzir um universo, animado, inteligente, esférico.

Macróbio, em Comentário sobre Sonho de Cipião de Cícero I.vi.7 -8, 10-11

O um é chamado monas, que é a Unidade, e é tanto masculino quanto feminino, par e ímpar, não é um número em si, mas a fonte e origem dos números. Esta mônada, o princípio e o fim de todas as coisas, embora ela mesma não conheça um começo ou fim, refere-se ao Deus Supremo… Não se incomode com o fato de que, embora a mônada pareça superar todos os números, é especialmente louvável em conjunto com sete: a mônada incorrupta não é acompanhada com qualquer outro número mais apropriadamente do que com a Virgem. A reputação da virgindade cresceu tanto sobre o número sete, que é chamado de Pallas (Athena). Na verdade, ele é considerado virgem, porque, quando dobrado, não produz nenhum número abaixo de dez, sendo este último verdadeiramente o primeiro limite dos números. É Pallas porque nasce apenas da multiplicação da mônada, assim como se diz que Minerva só nasceu de um dos pais.

Pseudo-Iâmblico, em Teologia da Aritmética 13-14

Da divisão em dois, eles chamam a díade de ‘Justiça’ {dikê} (como se fosse ‘dicotomia’ {dikhê}, e a chamam de Ísis, não só porque o produto de sua multiplicação é igual {ison} à soma de sua adição, como dissemos, mas também porque só ela não admite divisão em partes desiguais. E eles chamam de Natureza, uma vez que é o movimento no sentido de ser e, como se fosse uma espécie de vir-a-ser e extensão de um princípio semente. … Eles também a chamam de Diometor, a mãe de Zeus (eles disseram que a mônada era Zeus) e Rhea, após o seu fluxo e extensão, que são as propriedades tanto da díade quanto da Natureza, que está em todos os aspectos vindo a ser. E dizem que o nome díade é adequado para a lua, tanto porque ela admite mais definições {duseis} do que qualquer dos outros planetas, e porque a lua é reduzida pela metade ou dividida em dois.

Platão, em A República VIII 529b – 530c

[ 529B ] E atrevo-me a dizer que, se uma pessoa estivesse jogando a cabeça para trás e estudando as vigas do teto, você ainda acharia que sua mente foi a perceptora, e não os olhos. E muito provavelmente você está certo, e eu posso estar sendo um tolo: mas, na minha opinião, aquele conhecimento sozinho, que é do ser e do invisível, pode fazer a alma olhar para cima, e se um homem boceja aos céus ou pisca ao chão, procurando aprender algum sentido em particular, eu negaria que ele pode aprender, porque nada desse tipo é matéria de ciência; sua alma está olhando para baixo, não para cima, [529c] seja o seu caminho para o conhecimento por água ou por terra, quer ele flutue quer esteja deitado de costas. Eu reconheço, disse ele, a justiça de sua repreensão. Ainda assim, eu deveria verificar como a astronomia pode ser aprendida por qualquer forma mais adequada àquele conhecimento do qual estamos falando. Vou dizer-lhe, respondi: o céu estrelado que contemplamos é feito sobre um fundo visível e, portanto, apesar de ser a mais bela e [529d] mais perfeita das coisas visíveis, deve necessariamente ser considerado inferior até para os verdadeiros movimentos de rapidez absoluta e lentidão absoluta, que são relativos um ao outro, e transportar com eles o que está contido neles, em número verdadeiro e em todos os números verdadeiros. Agora, estes devem ser apreendidos pela razão e inteligência, mas não pela visão. Verdade, replicou ele. Os céus salpicados de luzes devem ser usados como um padrão e como uma visão do conhecimento superior; [529e] sua beleza é como a beleza de figuras ou imagens excelentemente forjadas pelas mãos de Dédalo, ou algum outro grande artista que tenhamos oportunidade de observar; qualquer geômetra que os visse apreciaria o requinte de sua obra, mas nunca sonharia em pensar que nelas poderia encontrar o verdadeiro [530a] igual ou o verdadeiro duplo, ou a verdade de qualquer outra proporção. Não, respondeu ele, tal ideia seria ridícula. E não terá um verdadeiro astrônomo o mesmo sentimento quando olha para os movimentos das estrelas? Não pensará ele que o céu e as coisas no céu são emolduradas pelo seu Criador da maneira mais perfeita? Mas ele nunca imaginará que as proporções de noite e dia, ou deles com o mês, ou do mês com o ano, ou [530b] das estrelas com eles e umas com as outras, e quaisquer outras coisas que são materiais e visíveis também podem ser eternas e sem qualquer desvio – o que seria absurdo; e é igualmente absurdo sofrer tantas dores ao investigar sua verdade exata. Concordo plenamente, embora nunca tenha pensado nisso antes. Então, disse eu, na astronomia, como na geometria, devemos empregar os problemas e [530c] deixar os céus por sua conta, se quisermos abordar o assunto da forma correta e assim fazer com que o dom natural da razão seja de real utilidade.

Platão, em A República X 616b – 617d

Cada grupo passava sete dias na planície. Ao oitavo, devia levantar o acampamento e pôr-se a caminho para chegar, quatro dias mais tarde, a um lugar de onde se via uma luz direita como uma coluna estendendo-se desde o alto, através de todo o céu e de toda a terra, muito semelhante ao arco-íris, mas ainda mais brilhante e mais pura. Chegaram lá após um dia [616c] de marcha; e aí, no meio da luz, viram as extremidades dos vínculos do céu, porque essa luz é o laço do céu: como as armaduras que cingem os flancos das trirremes, mantêm o conjunto de tudo o que ele arrasta na sua revolução. A essas extremidades está suspenso o fuso da Necessidade, que faz girar todas as esferas; a haste e a agulha são de aço, e a roca, uma mistura de aço e outras matérias. É a seguinte a natureza da roca: quanto à forma, assemelha-se [616d] às deste mundo, mas, segundo o que dizia Er, deve-se representá-la como uma grande roca oca por dentro, à qual se ajusta outra roca semelhante, mas menor, do modo como se ajustam umas caixas às outras, e, igualmente, uma terceira, uma quarta e mais quatro. Com efeito, há ao todo oito rocas inseridas umas nas outras, deixando ver no alto os seus bordos circulares [616e] e formando a superfície contínua de uma única roca em torno da baste, que passa pelo meio da oitava. O bordo circular da primeira roca, a que fica no exterior, é o mais largo, depois seguem esta ordem: na segunda posição, o da sexta; na terceira posição, o da quarta; na quarta posição, o da oitava; na quinta, o da sétima; na sexta, o da quinta; na sétima, o da terceira e na oitava, o da segunda. O primeiro círculo, o maior de todos, é o mais cintilante; o sétimo [ou sol] brilha com o mais vivo esplendor; o oitavo [ou da lua] [617a] tinge-se da luz que vem do sétimo; o segundo e o quinto [Saturno e Mercúrio], que têm mais ou menos a mesma tonalidade, são mais amarelos que os anteriores; o terceiro [Vênus] é o mais branco de todos; o quarto [Marte] é avermelhado; e o sexto [Júpiter] é o segundo mais alvo. Todo o fuso gira com um mesmo movimento circular, mas, no conjunto arrastado por este movimento, os sete círculos interiores realizam lentas revoluções de sentido contrário ao do todo. Destes círculos, o oitavo é o mais rápido, [617b] depois seguem-se o sétimo, o sexto e o quinto, que ocupam a mesma posição em velocidade; nesta mesma ordem, o quarto ocupava a terceira posição nesta rotação inversa; o terceiro, a quarta posição, e o segundo, a quinta. O próprio fuso gira sobre os joelhos da Necessidade. No alto de cada círculo está uma Sereia, que gira com ele fazendo ouvir um único som, uma única nota; e estas oito notas compõem em conjunto uma única harmonia. [617c] Três outras mulheres, sentadas ao redor a intervalos iguais, cada uma num trono, as filhas da Necessidade, ou seja, as Moiras, vestidas de branco, com a cabeça coroada de grinaldas. Elas cantam acompanhando a harmonia das Sereias, e são três: Láquesis canta o passado, Cloto, o presente, e Átropo, o futuro. E Cloto toca de vez em quando com a mão direita no circulo exterior do fuso, para fazê-lo girar, enquanto Átropo, com a mão esquerda, faz girar os círculos interiores. Quanto a Láquesis [617d], toca alternadamente no primeiro e nos outros, com uma e outra mão.

Autor: Radcliffe G. Edmonds III
Tradução: S.K.Jerez

 

El Numero Tres

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La palabra TRES, deriva de la Lengua Latina “TRINUM” o “TIU­BIUM”, y es el primer número IMPAR, puesto que se, compone por la reunión de TRES UNIDADES; o de otro modo, del UNO y el DOS; que vienen siendo la UNIDAD y el primer Número PAR.

Históricamente sabemos que entre los antiguos pobladores, el TRES era el más Sagrado de los NUMEROS; aun cuando es una figura Aritmé­tica, a la que se le han atribuido algunas virtudes MISTICAS, al asegurar que es la base de los Signos de la PERFECION, y por eso vemos que en la Filosofía de PLATON se le consideraba, como la Imagen del SER SU­PREMO en sus TRES personalidades: la Material, la ESPIRITUAL, y a Intelectual que es lo que tácitamente, determina a la UNIDAD HOMBRE, por cuya razón, tal vez ARISTOTELES llegó al convencimiento de que el TRES contiene en sí; al PRINCIPIO, al MEDIO y al FIN, lo que también viene a indicamos, que es el Símbolo de la Perfecta ARMONIA, del factor de CONSERVACION y del PROGRESO natural, entre todos los SERES y las COSAS.

En la Mitología Griega y Romana, al número TRES se le ha conside­rado como el principal atributo de los sucesos LEGENDARIOS, como por ejemplo: se dice que el RAYO de Jove era TRIDENTE; que el ASTRO Rey tenia tres nombres, SOL, APOLO y LIBER y que, igualmente al PLANETA nocturno, se le designaba de TRES maneras: LUNA, DIANA y HECATE; que también había TRES Furias y se conocían TRES Parcas, que influían en el ánimo de los hombres.

De la misma manera entre los DRUIDAS, se le consideraba al Número TRES, como de gran influjo dentro de sus prácticas Sagradas, y más tarde los Mithras, suponían que el Empíreo se sostenía por medio de TRES inteligencias: ORMUZD, MITHRA y MITHRAS y así sucesivamente a la Cifra TRES, se le ha venido dando o atribuyendo un carácter universal­menteMISTICO a través de las Edades.

Sabemos que en la Masonería también el TERNARIO es el más usual de los Símbolos, si tomamos en consideración que desde la época de los Romanos, los Artífices establecieron el axioma que dice: “TRINUM FA­CIUNT COLLEGIUM”, que traducido al Castellano indica que TRES, HACEN UN COLEGIO; palabras que más tarde vinieron a constituir, la Base Fundamental en que la Masonería se apoya, para establecer que TRES Maestros forman un LOGIA; que CINCO, TRES Y DOS, la Gobiernan y que SIETE, TRES y CUATRO la hacen Justa y Perfecta.

Por lo que se refiere a la Aritmética, en sus combinaciones y resul­tados numéricos, para establecer la PERFECCION en los cálculos y ope­raciones respecto a este Signo, lo demuestra por medio de las siguientes Multiplicaciones: TRES por TRES es igual a NUEVE; NUEVE por TRES igual a VEINTISETE; VEINTISIETE por TRES igual OCHENTA Y UNO; y Sumado el OCHO y el UNO, es igual a NUEVE; número que Dividido entre TRES, es igual a TRES, o sea la CANTIDAD inicial y base de la OPERACION; y así sucesivamente existen una serie de combinaciones por las que JAMAS se pierde el VALOR del referido Número TRES.

Sin embargo, es bien conocida la Gran Influencia que desde los más remotos tiempos, en todas las Razas y entre la totalidad de los Pueblos Civilizados, Semicivilizados e Ignorantes, ha ejercido la teoría de los Nú­meros y sobre todo, en el ánimo de los hombres que poseen determinada INCLINACION un tanto instintiva hacia la perniciosa SUPERSTICION; y quienes de una manera convincente les atribuyen ciertas propiedades MISTERIOSAS y de marcada afición, dentro de los sucesos o eventos de la VIDA REAL, cuyas características Simbólicas, son sus manifestaciones de BUENO o MAL augurio; apoyándose en esos MITOS, los Supersticiosos tratan o tienden a demostrar, determinados hechos INVEROSIMILES, que la inmensa mayoría de las veces son únicamente; OBRA de la CASUALIDAD, o de una MERA COINCIDENCIA; por esa razón, a los números en general, los encontramos consagrados sólo como factores de INFLUENCIA manifiesta, y de ACCION decisiva en las Ciencias, en la Naturaleza, en las Religiones, en la Masonería Simbólica y Filosófica y aun dentro de los Usos y Costumbres Humanas.

Por ese motivo, durante nuestras investigacionesy descubrimientos al respecto; nos hemos encontrado conque existen NUMEROS que con especialidad, han gozado de fama y de PODER CABALLSTICO incontras­table, por lo que allá en la actualidad, todavía hay quienes lo aseguran así.

En consecuencia, vamos a ocupamos únicamente de la aplicación consciente del número TRES, objeto del presente Tema; puesto que no podemos negar que es un SIGNO muy USUAL, dentro de la práctica de las Costumbres, de las Creencias y de los Ordenamientos que imperan en la Conciencia Humana, para el fin de resolver o determinar fácilmente, las acciones que en general tienden a DISTINGUIR o SEÑALAR. a los SERES y las COSAS creadas por nuestra Madre Naturaleza; como vamos a demostrarlo en seguida.

Por ejemplo: entre los DRUIDAS, los Esenios, los Asirías, los Caldeos, los Egipcios, los Griegos, los Romanos, los Judíos; y más tarde en la India, la China y en todos los Países Civilizados conocidos, el Número TRES fue muy venerado, circunstancia por la que en la Edad Media, siempre se le considero como un SIGNO FAVORITO, atribuido al SER SUPREMO.

También por ese motivo se cree que los más Célebres Filósofos de la Antigüedad, entre ellos PITAGORAS pretendían que la Ciencia de los NUMEROS, tenia como única base para sus diferentes Operaciones a la susodicha Cifra TRES, y al que siempre consideraron como poseedor de una VIRTUD SECRETA, de una acción SINGULAR y de una influencia ELOCUENTE, cualidades dignas de admiración y de estudio, sobre todas las COSAS, las CAUSAS y los EFECTOS.

De todas maneras, nosotros sabemos también que el guarismo o cifra UNO; forma a la UNIDAD como factor INDIVISIBLE; aunque tampoco puede ser una CANTIDAD, porque constituye al Origen o Manantial de todos los NUMEROS y CANTIDADES; razón por la cual, hemos llegado a demostrar que el TRES o TERNARIO, es el primer número IMPAR; en cambio el número DOS, viene siendo la Primera cantidad y por lo mismo la primera Cifra PAR, ya que en sí, lo constituyen DOS UNIDADES.

Ahora bien, la Cantidad o Número TRES, según la opinión de los más destacados Hombres de Ciencia,. Filósofos y Naturistas; fue el Símbolo PREDILECTO por excelencia, a la vez que reverenciado, venerado y con­sagrado en los MISTERIOS de la Mitología Antigua; por cuyo motivo siempre ha’ venido representando un papel importantísimo, en las ense­ñanzas que contienen las Tradiciones del ASIA, mediante la Personalidad de CONFUCIO; y en la Filosofía EUROPEA antigua; mediante la Perso­nalidad de PLATON.

Por otra parte; si el número TRES representa a la PERFECTA AR­MONJA, quiere decir que en eso puede haberse basado VIRGILIO para exclamar: “OMNE TRINUM PERFECTUM”, que traducido al Españo1 se interpreta como: TODO NUMERO TRES ES PERFECTO; por esa razón sabemos que en primer término, esta Cifra figura. en el MUNDO FISICO; luego en el MUNDO MORAL Y después en el INTELECTUAL, como factor que señala la esencia de los SIGNOS; en relación con los Seres y las Cosas conocidas y por conocer, dentro del Universo.

En tal concepto. vamos a profundizamos un poco más en la materia, para que nos podamos dar o formar una mediana idea. de la INFINITA aplicación que puede ofrecer el NUMERO TRES, dentro del inmenso campo Simbólico. Científico y Filosófico; así como de su influencia dentro de la Naturaleza. en las Religiones, en las Ciencias y en la propia Masonería.

Trataremos pues. de presentar un pequeño CUADRO, acerca de la relación; de las definiciones y de las enseñanzas más notables que se co­nocen y que se manifiestan en este GRAN NUMERO; que al mismo tiempo. se encuentra rodeado de Ingeniosas combinaciones, de Curiosas propie­dades y de Raros atributos que la Imaginación, el Entendimiento, la Razón y el Sentimiento Humano desde Época inmemorial. le viene dando o atri­buyendo al referido Número TRES.

Consecuentemente, principiaremos por estudiar el TERNARIO según se describe dentro del contenido de la Filosofía OCULTA o METAFISICA,­ y por la que se aprecian los TRES MUNDOS: el ELEMENTAL, el CE­LESTE y el INTELECTUAL, como lo vamos a ver en seguida, mediante los siguientes ejemplos: en el Universo existen la MATERIA, el MOVI­MENTO y el ESPACIO; todas las Cosas Materiales y Espirituales tienen: PRINCIPIO, MEDIO y FIN; al Tiempo se le conoce como base de medida: al PRESENTE, al PASADO y el FUTURO; el hombre se encuentra dotado de TRES potencias intelectuales: la MEMORIA, el ENTENDIMIENTO y la VOLUNTAD; además, posee TRES factores esenciales de Vida: el CUERPO, el ALMA y el ESPIRITU; los atributos que se suponen INNATOS en el SER SUPREMO son: INF1NITO, ETERNIDAD y SUMO PODER.

La Física considera al elemento AGUA. como AIRE condensado, razón por la que sus componentes constan de TRES partes: dos de HI­DROGENO y una de OXIGENO; en consecuencia también el AIRE está formado por otros TRES elementos: el Oxígeno, el HIDROGENO y el AZOE; y por lo mismo; la FECUNDIDAD de la TIERRA se manifiesta por medio del AGUA, del AIRE y del CALOR.

En la Geometría, los Cuerpos se distinguen, por su FORMA, la DEN­SIDAD Y el COLOR; la descomposición de la LUZ a través del Prisma. presenta los TRES colores Primarios: el AMARILLO el AZUL y el ROJO; la extensión se mide por medio del PUNTO, la LINEA y la SUPERFICIE; la Trigonometría o la Ciencia del Triángulo. establece que toda superficie es reducible a TRIANGULOS; el Triángulo contiene TRES ángulos: RECTO. AGUDO Y OBTUSO; existen TRES clases de Triángulos: EQUILÁTERO, ISOSELES y ESCALENO; hay TRES formas de ángulos: RECTILÍNEO, CURVILINEO y MIXTILINEO; el Triángulo está limitado por medio de TRES líneas: dos CATETOS y una HIPOTENUSA; a las figuras por su forma, las definimos en TRIANGULARES, CUADRANGULARES Y CIR­CULARES; si los Cuerpos son todos aquellos que ocupan un lugar en el espacio; deben clasificarse como GEOMETRICOS, AMORFOS e INDEFI­NIDOS; conocemos TRES cuerpos con artistas: el CUBO, el PRISMA y la PIRAMIDE; el Cubo puede ser de forma CUADRANGULAR, RECTAN­GULAR Y TRAPEZOIDAL; los Prismas afectan TRES formas: RECTOS, INCLINADOS y TRUNCADOS.

En la ESTEREOTOMIA, o sea, el Arte de cortar la Madera o las piedras para Construcción, en sus cálculos de adaptación Geométrica, se conocen TRES formas: la TRIANGULAR, la CUADRANGULAR, y la PEN­TAGONAL además de que se aplican TRES clases de volúmenes para dar la forma a los cuerpos: REDONDO, CILINDRICO y ESFERICO.

La Mecánica en. sus operaciones Matemáticas demuestra, que la FORMA de la materia, se conoce, por medio del PRODUCTO .de la MASA, multiplicado por el ESPACIO y dividido por el TIEMPO; también existen TRES clases de Palancas: la de PRIMERO, SEGUNDO Y TERCER Género; cada una debe reunir TRES condiciones para su aplicación: punto de APOYO, la POTENCIA y la RESISTENCIA.

La Física determina Tres estados naturales propios de los cuerpos;, el SOLIDO, LIQUIDO Y GASEOSO; existen TRES clases de esencias aéreas en la atmósfera: el VAPOR, el GAS y el ETER; los Naturistas han dividido a todos los Seres y las Cosas que existen sobre la tierra en TRES Reinos: el ANIMAL, el VEGETAL y el MINERAL.

En las Bellas Artes se nos presentan TRES clases de Estudios Fundamentales: la PINTURA, b ESCULTURA y la ARQUITECTURA; el Pintor debe reunir TRES cualidades, para que pueda dominar su Profesión: el DIBUJO, la EXPRESION y el COLORIDO; la Escultura tiene TRES atributos: la ANATOMIA, la ESTRUCTURA, y la ESTETICA; la Arquitectura tiene también TRES Ordenes de Columnas, originalmente primitivas: el DORICO, el JONICO y el CORINTIO; cada una de estas TRES Columnas, constan de TRES partes: BASE, FUSTE Y CAPITEL; hay que hacer notar, que. posteriormente, fueron creados otros dos Ordenes: por los Obreros Constructores en Italia, ellos fueron el TOSCANO y cl COMPUESTO.

En la Música se distinguen TRES sonidos: el AGUDO, el MEDIO y el GRAVE; sus Claves son también TRES: de SOL, de DO y de FA; y en idénticas condiciones: TRES ,son los intervalos del PERFECTO ACORDE.

El Circulo de las Ciencias comprende TRES factores esenciales: los PRINCIPIOS, los ELEMENTOS y LOS RESULTADOS; los Trinósofos, o sean los que para sus expresiones usan TRES ideas distintas, poseen TRES cualidades esenciales, para determinar todos sus actos: PENSAR, HABLAR y OBRAR; los Matemáticos han subdividido a dicha Ciencia, en ARITMÉTICA, ALGEBRA Y MECANICA; hay TRES clases de Números: EN­TEROS, QUEBRADOS y MIXTOS; TRES operaciones reconoce la Aritmé­tica: la SUMA, la MULTIPLICACION y la RESTA, en el concepto de que calcula que la de DIVIDIR, representa otro sistema u operación de RESTAR.

La Oratoria se divide también en TRES Ramas: INVENCION, ALOCUSION y DISTRIBUCION; la Oración consta de TRES partes: SUJETO, VERBO Y COMPLEMENTO; la Lógica aplica TRES preceptos: PRINCIPIO, ASERCION y CONSECUENCIA; de la misma manera, TRES son las partes de la Gramática: PROSODIA, ANALOGIA Y SINTAXIS.

La Mitología Griega y Romana, dividió al Imperio del Mundo, entre sus TRES Dioses: a JUPITER como Rey de los Cielos, a NEPTUNO, como señor de los Mares y, a PLUTON, como el Tirano de los Infiernos; por ese motivo confiaba el hilo de la existencia Humana, a las TRES Parcas: CLOTHO, SACHESIS y ATROPOS.

Las TRINIDADES Egipcias fueron: ISIS, OSIRIS y HORUS; las de los Indúes eran: BRAHAMA, VICHNU y SHIVA; entre los Godos se conocieron a: WOTAM, FREYA Y THOR; las de los Escandinavos fueron: ODIN, VILE y VE; entre los Mexicanos o Aztecas tuvieron a: HUITZILOPOXTLI, TLALOC y TEXCALTIPOCA; y entre los Católicos Cristianos se conocen al LIMBO, al PURGATORIO y al INFIERNO.

Entre los Epicúreos, o sean los que se dedican a practicar el cultivo del Espíritu y de las Virtudes sustentadas por el famoso Sabio Griego EPICURO, existía la obligación de arrojar TRES veces la Tierra, sobre los Cadáveres al sepultarlos; costumbre que sin duda, puede haber dado origen al hábito actual, que a menudo se observa en los Cementerios, du­rante los sepelios al vertir TRES paladas o puñados de tierra, antes de cubrir totalmente los sepulcros.

Los antiguos Romanos, en su Sistema de Gobierno, dividían al Estado en TRES Dependencias: la Primera estaba formada por los Patricios y más viejos experimentados como Padres de la PATRIA, mismos que constituían el SENADO; a la Segunda la constituían los PLEBEYOS, o sea la Clase Baja del Pueblo; y la Tercera se encontraba organizada por la Orden de los CABALLEROS, a quienes equipaba y sostenía la República para su DEFENSA.

El Gran Sabio y Censor CATON, hombre de marcadas costumbres austeras y elocuente Orador Romano; durante su ,vida sólo de TRES cosas se arrepintió: de haber dejado PASAR un día sin preocuparse por aprender algo; de haber viajado por MAR, pudiéndolo haber hecho por Tierra; y de haber confiado un SECRETO a su Esposa, sabiendo que muy pocas Mujeres los GUARDAN.

CESAR, durante su guerra en contra de Pompeyo, anunció su victoria sobre Pharnases, hijo de Mitrídates que quiso permanecer neutral; por medio de las siguientes palabras: “VINI VIDI VINCI”, o sean las célebres voces que significan: VINE VI, y VENCI, con que dicho Emperador y gue­rrero, expresó el rápido triunfo de sus armas en contra de su enemigo.

Se tiene conocimiento de que cuando se desencadenó el Diluvio Uni­versal, fue construida el ARCA de NOE sobre TRES pisos; para que pudiera alojar TRES especies de cada uno de los animales, que habitaban el Mundo en aquella época; y que durante el tiempo que permaneció sobre la superficie de las aguas; se arrojaron al aire, como mensajeras al Di­vino Hacedor, TRES Palomas cada TRES Horas, hasta obtener la respuesta.

El Templo de Salomón contenía TRES departamentos, en que se rendía Culto a TRES imágenes: la de la TIERRA, la de los MARES y la de los CIELOS; también había que penetrar a TRES Cámaras de prepa­ración, antes de recibir la LUZ: a la de la VERDAD, a la de las CIENCIAS y a la de las ARTES; dentro de los antiguos Templos Iniciáticos, se tenia que pasar a través de TRES aposentos: el NEGRO, el AZUL y el ROJO, para el fin de conocer TRES cualidades: el VALOR, la BONDAD Y la ENERGIA del Candidato.

Los CABALLEROS Templarios primitivos, también tenían una gran veneración por el Número TRES, por ejemplo: el Presidente del Capítulo; durante las iniciaciones por TRES veces hacia las preguntas al Aspirante; para saber si persistía en su idea de ser admitido en el Seno de la Aso­ciación, la que una vez aceptada; de igual manera por TRES VECES con­secutivas tenía que hacer su demanda, y del mismo modo hacia TRES peticiones para obtener el PAN, el AGUA y la SAL; una vez iniciados y proclamados, al presentarse ante el ALTAR, emitían sus TRES votos de Obediencia: el de CASTIDAD, el de TEMPLANZA y el de CARIDAD; observaban TRES grandes ayunos; comulgaban TRES veces al año: oían Misa TRES veces a la semana; durante sus días de abstinencia, no podían comer de más de TRES manjares distintos; cada uno de estos Caballeros se obligaba, a mantener para su servicio, TRES caballos; juraba no huir ante el ataque de TRES enemigos en conjunto; adoraban a su Símbolo de la Cruz, durante TRES solemnidades del año; repartían limosna, TRES veces también, eran azotados en pleno Capitulo aquellos Caballeros que faltaban a sus DEBERES.

Continuando esta serie de apreciaciones, hemos llegado también al convencimiento, de que efectivamente en el Mundo existieron TRES grandes Fundadores de Religiones: tales como MOISES, JESUS y MAHOMA, los que al mismo tiempo publicaron sus TRES Libros Dogmáticos, de marcado Espiritualismo cuyo Ritual conocemos por medio del VEDA, el EVANGELIO y el KORAN, textos que han servido de base orgánica para la propagación de esas TRES religiones.

Dentro de la Religión Católica Cristiana, existe el pasaje Biblico en que se asegura: que TRES fueron los Magos que vinieron a adorar al Niño Jesús cuando nació: MELCHOR, GASPAR y BALTAZAR; mismos que también le hicieron TRES regalos: ORO, INCIENSO Y MIRRA.

Cuenta la misma Leyenda que posteriormente entre los mismos Após­toles de Cristo, hubo algunos incidentes notables; por ejemplo: PEDRO lo negó TRES veces como su Maestro, y no por eso dejó de recibir las llaves del Cielo que eran TRES; además, de la misma manera TRES de los re­feridos Apóstoles ofendieron a Jesucristo, porque JUDAS le vendió PEDRO lo negó como ya se dijo antes y TOMAS dudó de sus prédicas.

Para la ejecución de los Mártires del Gólgota, se erigieron TRES Cruces en el Cerro del Calvario; TRES clavos los sujetaron a cada uno en la Cruz; TRES fueron los Mártires crucificados: JESUS, DIMAS y GESTAS; JESUS; murió a las TRES de la tarde y resucitó al TERCER día; las Virtudes Teologales son también TRES: FE, ESPERANZA Y CARIDAD.

Una vez que ya hemos tratado con algunos detalles, la aplicación e influencia que tiene el número TRES sobre determinadas OBRAS, SUCE­SOS Y HECHOS de los Seres y su Vida en general, en relación a las COSAS, sus CAUSAS Y sus EFECTOS que más o menos imperan en la conciencia humana; así como por lo que respecta a su origen y al. influjo entre sus diferentes aplicaciones, dentro .de la realidad Histórica conocida en el UNIVERSO, y además en concordancia con el Mundo Científico, con el Fi­losófico y con el Material, el Espiritual y el Intelectual; ahora nos ocupa­remos del estudio, acerca de su intervención, para con el Simbolismo de la Masonería, tomando en cuenta su Ritualismo y sus prescripciones Dogmáticas.

Consiguientemente, conoceremos algunas de las aplicaciones que del Número TRES se conocían también, dentro de la Filosofía Moral y el Cien­tificismo Masónico; sobre cuyas enseñanzas se apoyan sus TRES Grandes Columnas, a saber: la SABIDURIA, la FUERZA y la BELLEZA; TRES palabras forman la DIVISA Moral que propaga nuestra Institución: LI­BERTAD, IGUALDAD Y FRATERNIDAD; igualmente son TRES los Prin­cipios Inmutables del DEBER Y del DERECHO Masónicos: la RAZON, la EQUIDAD y la JUSTICIA; dentro de sus preceptos Más preciados dentro del Simbolismo, también nos encontramos a las TRES elocuentes Máxi­mas, Que se expresan en la siguiente forma: UNO para TODOS; TODOS para UNO y así como en la VIDA, UNIDOS en la ETERNIDAD.

Además, dentro de la Organización y Disciplina de los Cuerpos Ma­sónicos, se establece que existen TRES clases de Logias, las que como ya sabemos son: la SIMPLE, constituida por la reunión de TRES maestros; la JUSTA, dirigida por TRES y DOS o sean CINCO Maestros que la rigen y la PERFECTA compuesta por TRES y CUATRO o sean, SIETE Maestros que la administran; además, la Masonería Azul o Simbólica está consti­tuida de conformidad con su Ley Orgánica, por TRES Cámaras y de TRES Grados: de APRENDIZ, de COMPAÑERO y de MAESTRO.

A un Aspirante a Iniciación, deben proponerlo TRES Maestros Ma­sones Miembros de la Orden y en pleno goce de sus Derechos; también TRES Maestros deben abonar su Conducta y Antecedentes Profanos; debe tener TRES cualidades: FUERZA, BELLEZA Y CANDOR; TRES Maestros forman el Triángulo de pesquizas, para investigar sus ocupaciones Intimas, sus actividades Privadas y su vida Pública; TRES preguntas debe contes­tar al firmar su TESTAMENTO o sean: QUE DEBERES TIENE EL HONI­BRE PARA CON DIOS; QUE DEBERES TIENE EL HOMBRE PARA CON SUS SEMEJANTES; Y QUE DEBERES TIENE EL HOMBRE PARA CONSIGO MISMO; a éste respecto, debemos tomar. en consideración que el Recipendiario debe pensar con detenimiento y serenidad sus respuestas, en virtud de que nuestra Filosofía nos determina Claramente, que existen Principios que se SIENTEN; VERDADES que se AMAN y DEBERES que irremisiblemente se CUMPLEN, dentro de los Usos y Costumbres mani­fiestas, durante esa actuación INTIMA, PRIVADA, y PUBLICA, por medio de la cual debemos demostrar en forma consciente, que hemos recibido una esmerada Educación Moral, Espiritual e Intelectual; misma..que pos­teriormente propagamos, primeramente entre la Colectividad Social y des­pués poderla. llevar a toda la HUMANIDAD, de una manera efectiva.

Una vez que el Postulante es presentado en Logia para su iniciación el Venerable Maestro, para conocer sus verdaderas intenciones le hace TRES preguntas: QUIEN OS CONDUJO HASTA ESTE RECINTO; VENIS DE VUESTRA LIBRE Y ESPONTANEA VOLUNTAD; NO ES LA CURIOSIDAD LA QUE OS OBLIGO A ESTAR ENTRE NOSOTROS; luego se le hacen dar TRES viajes alegóricos de la Misión que dentro de la Ma­sonería está obligado a desempeñar; se le conduce simbólicamente a través de los TRES elementos primordiales de la Naturaleza: el AIRE, el AGUA y el FUEGO; se le consagra por medio de TRES palabras: LIBERTAD, IGUALDAD Y FRATERNIDAD; al Proclamar al Recipendiario, se le aclama tributándole TRES Baterías Simples de júbilo; para su reconocimiento y el de los demás Masones, se le enseñan TRES Signos; TRES Tocamientos y TRES palabras; su EDAD es de TRES años y también son TRES los abrazos cruzados que debe dar a SUS hermanos, una vez que los haya reconocido como tales.

Al Aprendiz Masón, se le hace anunciar por medio de TRES golpes dados a la Puerta del Templo, conocida su presencia se le da entrada, en seguida marca TRES pasos naturales hasta colocarse entre Columnas; hace sus TRES saludos reglamentarios al Venerable Maestro y al Primero y Segundo Vigilantes; luego inicia su Marcha hacia el Altar, por medio de TRES pasos en la forma que nos es conocida, para después rodear el ARA por su derecha y finalmente ocupar su Columna. en el Norte.

Las demostraciones de FRATERNIDAD, cuyas TRES palabras enca­bezan las Planchas o Trazados de Arquitectura son: SALUD, FUERZA Y UNION o de otro modo: SALUD, TOLERANCIA Y UNION: en toda clase de abreviaturas que aparecen en los distintos escritos Masónicos, se colocan TRES puntos al final, o después de cada letra Inicial; TRES son las Dignidades de la Logia, el Venerable Maestro y el Primero y Segundo Vigilantes; son también TRES, las Luces que en la Primera Cámara ilumi­nan los Tronos y las Mesas de los Dignatarios y Oficiales del Taller; igual­mente son TRES las Joyas movibles que se usan durante los Trabajos de la Logia de Aprendiz: la BIBLIA, el COMPAS y la ESCUADRA; TRIPLE es el Triángulo con que se representa a todas las Perfecciones. creadas por el GRAN ARQUITECTO DEL UNIVERSO; el Venerable Maestro les hace TRES preguntas a los hermanos Visitadores: de dónde VENIS; qué nos TRAEIS y qué PEDIS; las TRES respuestas que los interpelados deben emitir son: primera, de una Logia Regular y Perfecta en donde se levantan Templos a la VIRTUD y se ahondan POZOS sin fondo a los VICIOS: la segunda, un SALUDO fraternal, SALUD y PROSPERIDAD; y la tercera. la LUZ y un lugar entre vosotros si me creéis digno de él; además. por medio de TRES preguntas también, que el Venerable Maestro hace consecutivamente a los dos Vigilantes, se abren y se cierran los Trabajos de la Primera Cámara.

Más adelante, al continuar nuestros hermanos Aprendices su Carrera Masónica; se darán cuenta que dentro de los Grados Filosóficos, el Nú­mero TRES también tiene y se le atribuye una gran influencia. un poder Cabalístico e infinidad de enseñanzas Simbólicas, propias de sus diferen­tes estudios; de ello tenemos algunas demostraciones nada menos que en los Títulos que reciben algunos de los Presidentes de los Cuerpos, cuyas denominación es la de: TRES VECES PODEROSO; TRES VECES ILUS­TRE; TRES VECES EXCELENTE. etc.

Por último, ya sabemos que la Cifra TRES, es el Símbolo de la Tierra. cuya FECUNDIDAD se la proporcionan el AGUA, el AIRE y el CALOR; y que las Leyes Inmutables que mantienen la ARMONIA UNIVERSAL, se manifiestan por medio del INFINITO, del PODER y de la ETERNIDAD; pero todavía existen otras muchas aplicaciones atribuidas al número TRES en las Ciencias. en la Naturaleza. en las Religiones y en la Maso­nería; que serían muy largo enumerar, pero que más tarde y durante el transcurso de los estudios de las materias de enseñanza en las demás Cámaras Simbólicas iremos conociendo.

Pero no cabe duda de que hasta aquí, hemos visto que las enseñanzas Simbólicas, Filosóficas y Científicas de los números, son muy extensas y de profundos conocimientos dentro del Tecnicismo Masónico; lo que nos da oportunidad de continuar el estudio de dicha Ciencia, en los Grados Superiores; en donde también tiene infinidad de aplicaciones, aún más complicadas todavía.

Autor: Mario Rolleri

Fonte: Fenix News

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