O caos da pós-verdade

Internet: Sob o domínio da pós-verdade | Guia do Estudante

Vivemos em tempos de relativismo absoluto, uma contradição em termos que engolfa a muitos no buraco negro da irracionalidade. O nome moderno para essa heresia cultural é “pós-verdade”, mote que permite aos maiores imbecis os cinco minutos de pseudo-genialidade pelos quais se matam. Incapazes de atingir os patamares mínimos de sanidade mental e de respeito à Civilização Ocidental greco-latino-judaica que os acolheu no berço – e à qual devem não só a liberdade de que gozam, mas até mesmo os padrões morfossintáticos da linguagem que porcamente usam -, optam por reduzir tudo que é belo à feiura de sua arte duvidosa, as verdades mais sublimes às suas opiniões de conveniência, a tragédia grega à novela global e o humor sutil ao deboche grotesco.

Ireneu de Lyon, por volta de 180 AD, escreveu em “Adversus Haereses” sobre os valentinianos:

“Em sua loucura, eles abandonam todas as inibições de tal modo que afirmam estar livres para cometer toda iniquidade e todo sacrilégio, pois o que alguém faz só é mau ou bom na opinião das pessoas” (Adv. Haer. I.25.4).

Eis que os valentinianos estão de volta – não é o que vemos? -, reencarnados como os pós-modernos da pós-verdade. Aí estão: falsos e feios, carentes da verdade e da beleza que desprezam. Revivem as heresias de que foram protagonistas, como no lógion do evangelho apócrifo de Tomé, 114: “pois toda mulher que se faz masculina entrará no reino dos céus”, pois para eles a mulher feminina não era digna dos céus, era indigna não pela mulher dever ou não ser feminina ou masculina, mas porque o feminino era, em si, indigno; como nos atos apócrifos de João, 101, em que põem na boca de Jesus a afirmação de que seu sacrifício foi uma farsa: “Não sou aquele na cruz…, portanto não sofri nada do que eles dirão sobre mim”.

Esquecem-se de Paulo em 1 Coríntios: “Tudo me é permitido, mas nem tudo me convém”. O verso paulino é tão profundo, que transcende o restrito teor religioso de sua admoestação à comunidade cristã de Corinto e se expande como norma de conduta até mesmo na moderna sociedade aberta. Quando a lei não dita, existe ainda a ordem implícita pela qual as pessoas se regem por introspecção epistêmica: “Eu me comporto bem com você porque você se comporta bem comigo e vice-versa, mesmo que não haja uma lei escrita que dite nossa norma de conduta, de modo que, embora tudo me seja permitido, nem tudo, de fato, me convém”.

Aqueles foram tempos de confusão, de desordem e caos, pois tempos de transformação. Hoje também vivemos tempos de transformação. Como antes, agora também progrediremos, a despeito dos que tentam nos levar de volta à barbárie.

Ordo ab Chao.

Autor: Rodrigo Peñaloza

Fonte: Medium

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Podcast O Peregrino – Episódio 3 – A desinformação na rede e a era da pós-verdade

Pós-verdade está “relacionado a circunstâncias em que os fatos influenciam menos a opinião pública do que apelos à emoção ou às crenças pessoais”. Portanto, se refere ao momento em que a verdade já não é mais importante como já foi.​ No mundo da pós-verdade valem mais as mentiras confortáveis do que as verdades inconvenientes. Se em Admirável Mundo Novo as crianças eram condicionadas durante o sono, hoje as pessoas, em suas redes sociais, passam por algo que poderíamos classificar como semelhante ao narrado na obra de Huxley, uma vez que, mesmo acordadas, são submetidas constantemente a processos de desconstrução dos fatos e de reinterpretação da realidade.

Da série “Retratos da sociedade brasileira”

Os acontecimentos dos últimos dias deram mais uma prova de como caminha nossa sociedade e o seu nível de discernimento e de senso crítico. Entendo que essas imagens representam muito bem o estágio atual de uma parcela muito significativa da população brasileira.

Palestra “A Desinformação na Rede e a Era da Pós Verdade”

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Em evento promovido pela Loja de Pesquisas ‘Quatuor Coronati” Pedro Campos de Miranda-GLMMG, foi proferida a palestra sobre um mal que atinge todos nós, sem distinção de classe social, religião ou grau de instrução: as fake news.

Veja a palestra através dos vídeos abaixo:

Primeira parte:

Segunda parte:

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