O Tronco de Solidariedade

Na época da construção do Templo, erguido por Salomão em Jerusalém, foi criada uma coluna em miniatura que girava por entre as bancadas, recebendo as contribuições. A mão era introduzida pelo alto capitel, que a ocultava, havendo uma fenda no cimo do fuste para a passagem da oferta; naquela época, os arquitetos a denominavam “Tronco”.

A função caritativa da Maçonaria se tornou tão destacada, que a Ordem passou a ser identificada como filantrópica. Ouvia-se falar que a imagem da Maçonaria era Fraternidade e Caridade. Assim, a antiga coleta, que se fazia entre os sacerdotes foi estendida aos associados, passando a ser destinada às obras piedosas da Corporação ou da Loja. Era costume, nas antigas “guildas”, recolher contribuições dos que podiam ofertá-las para socorrer os congregados, entre os quais se encontravam todos os tipos de homens: senhores, trabalhadores e serviçais. A proteção se estendia às viúvas, órfãos, inválidos e servia até para defesa judicial dos membros.

Essa tradição passou à Maçonaria. Toda árvore é sustentada pela robustez de seu tronco, em cujo interior sobe a seiva alimentadora. O tronco é mais forte na medida em que, pelo passar dos anos, são acrescidos os anéis ou camadas, isso faz com que seja aumentado seu diâmetro – seu volume. A função do Tronco de Solidariedade é crescer, sempre que exista necessidade de atender aqueles Irmãos mais necessitados ou seus familiares. O Tronco somente fortalece-se na medida em que aqueles que contribuem o fizerem com o intuito de ajudar. Ele nunca é suspenso. O que é suspenso é o giro para reiniciar nas próximas reuniões.

As administrações das Lojas devem ter em mente que o Tronco tem uma única finalidade, não fazendo parte do patrimônio das mesmas. A tradição é de socorro e assistência a Irmãos necessitados, suas viúvas e órfãos. Isso deve ser cumprido em primeiro lugar. Para isso, o Irmão Hospitaleiro deve, sempre, reservar uma parcela do mesmo para eventualidades e urgências. Propostas de Irmãos, para que a Loja destine o Tronco a instituições profanas, devem ser analisadas com muito critério e, se for atendida, não devemos, nunca, esquecer-se da reserva acima mencionada, destinando-se, para esse fim, uma menor parte do Tronco para as entidades assistenciais maçônicas e não-maçônicas.

As dádivas para o Tronco são sigilosas. Cada Irmão contribui com o que pode e, se desprovido, não dará nada, mas como todos, deve introduzir a mão fechada no recipiente e retirá-la aberta, pois ninguém pode servir-se das importâncias depositadas, cujo total é creditado à Hospitalaria. Um mau costume, felizmente abolido, foi o de apregoar dádivas de Lojas ou Irmãos ausentes. O giro do Tronco deve ser praticado em silêncio ou ao som de música suave, cujos temas sejam de amor e de amizade. (Os maçons Mozart e Franz Lizt compuseram peças com esses temas. Do primeiro: “Das Lob der Freudschat” e “Die Maurerfreude”; do segundo: “Sonho de Amor”).

Pelo acima exposto, fica claro que a Maçonaria não é apenas uma sociedade de beneficência, o que muitos profanos e aprendizes recém-ingressos na Ordem trazem em seus pensamentos. O principal é lembrar que o Tronco de Solidariedade, Beneficência, das Viúvas, etc, chamem-no como quiser, se destina a ajudar os Irmãos necessitados e, por conseguinte, seus familiares.

Autor: Júlio César Morganti

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Contato: opontodentrodocirculo@gmail.com

3 comentários em “O Tronco de Solidariedade”

  1. Informação muito valiosa!

    Infelizmente abolimos esta prática.

    Apesar de muita exegese para ler e entender ao pé da letra, na Maçonaria empacamos na teoria. Teorizamos quase tudo. Prezamos toda a sua literatura que pese, todavia, em se tratando de boa prática, a catequese não segue a exegese, fica tudo na tese.

    Havemos de entrar noutra forma singular de erigir obra como verdadeiro obreiro.

    Que o GADU nos ilumine e nos transforme na medida que avançamos, hoje e sempre.

    T.F.A

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  2. “Nem todos os melhores são chamados, mas a todos os chamados é ensinado o melhor “.
    -Este ensinamento nos mostra que desejamos caminhar no mesmo passo e em compasso com todas as criaturas.

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