4 – Jornada do herói x iniciação maçônica
Havendo demonstrado a estrutura psicológica do templo maçônico, poderemos agora aprofundar a análise da jornada arquetípica do herói no contexto na iniciação maçônica.
Isso porque, compreender tal jornada despida de conceitos como consciente, inconsciente e símbolos, outrora apresentados, seria contraproducente para captar o porquê de cada estágio na estrutura da jornada do herói.
O intitulado “herói” aqui utilizado é compreendido como uma manifestação arquetípica dentro da psique coletiva (JUNG, 1978). Para reforçar tal conceito, Jung indica sua representação (ou adaptação) nas mais conhecidas culturas e religiões ao redor da terra (JUNG, 2011), e nós também poderemos encontrá-lo em filosofias como a maçonaria.
O encontramos essencialmente nas histórias de Atum, Osíris e Hórus do Antigo Egito; de Marduk, dos Mistérios Sumerianos; de Apolo, Febo, Héracles, Dionísio e Orfeu, da Mitologia Greco-Romana; de Krishna, da Religião Hinduísta; de Baldur, dos Mistérios Nórdicos; de Amaterasu, na religião Xintoísta; de Oxalá, Oxalufã, e Oxaguiã, das Religiões Afro-brasileiras; do Rei Arthur, Galahad e Persival, na história do Santo Graal; na verídica história de Jacques DeMolay, nos Medievais Cavaleiros Templários; em Cristian Rosenkreuz, nas Núpcias Alquímicas da Tradição Rosacruz (Manifestos); em Hiram Abiff, no exclusivo mito maçônico; em outros contos como Branca de Neve e o Mágico de Oz; em vários heróis cinematográficos, como Luke Skywalker, Indiana Jones, James Bond, Superman, Frodo Bolseiro, e além é claro, do principal das representações ocidentais, em Jesus o Cristo.
Em todas estas histórias, encontram-se exatas e nítidas similaridades que são explicadas unicamente pelo aduzido conceito do inconsciente coletivo de Jung.
Os principais objetivos da missão do herói são, atingir a liberdade plena, compaixão pela humanidade, ou ainda um casamento místico e espiritual. O processo que leva a tais consecuções e que, suscintamente, retrata a repetida jornada arquetípica foi chamado por Jung de “processo de individuação”.
Essa individuação reside em uma harmonia entre o consciente e o inconsciente, havendo uma contínua relação funcional de equilíbrio – em outras palavras, quando deliberadamente a prática maçônica (inconsciente) toma praticidade no mundo profano (consciente), há uma sucessão de experiências únicas, que levam a um alto estado de percepção, liberdade e amadurecimento, tornando-se, segundo Jung, “um consigo mesmo” (VAN GUENNEP, 2011).
Assim como a psique humana é dividida em três partes pela psicologia analítica, a jornada do herói também o é, podendo ser classificada como:
- separação ou partida;
- Iniciação ou provas e vitórias; e,
- O retorno.
No que concerne à iniciação maçônica, essa pode perfeitamente ser enquadrada neste postulado ternário, sendo a última fase – O retorno – devidamente completada no grau de mestre maçom.
4.1. A separação e o chamado da aventura
… Eu o proponho, na devida forma, um candidato apropriado para os mistérios da Maçonaria. Eu o recomendo, como digno de compartilhar privilégios da Fraternidade, e, em consequência de uma declaração de suas intenções, feita de forma voluntária e devidamente atestada, eu acredito que ele seguirá estritamente em conformidade com as regras da Ordem. (PRESTON, 1867, p.26)
A primeira tarefa do herói é retirar-se da cena mundana, do mundo profano nas alegorias e contos, para iniciar uma jornada – que, desmistificada, trata-se de uma imersão nas regiões causais da psique onde residem efetivamente as reais dificuldades – a fim de transpor os obstáculos, tornar consciente seus defeitos e, ao final, superá-los em benefício do próprio progresso ou da coletividade (CAMPBELL, 2007, p. 27).
Normalmente um problema se apresenta diante do herói mitológico, um desafio, uma questão ou ameaça, a fim de convocá-lo a cumprir seu destino, mas também poderá ocorrer outros fatores para o seu próprio crescimento, como curiosidades, sonhos, desejos, etc.
Trazendo o aduzido conceito para o contexto maçônico, conforme o procedimento maçônico padrão, o candidato é convidado a iniciar na Sublime Ordem. O convite parte do intitulado “padrinho”, o qual figura a função de arauto da jornada do herói.
Na aceitação do convite reside este estágio do “chamado da aventura”, que, em outras palavras, o padrinho figura como um sinal enviado pelo inconsciente (a qual já falamos é o templo maçônico/reunião ritualística) (CAMPBELL, 2007, p. 66). O candidato que recebe o convite-chamado representa a consciência objetiva (simbolicamente o exterior do templo maçônico – mundo profano).
Em termos reais, isso nada mais representa do que a alegoria de um sonho, a qual, como demonstramos, é um fator equilibrante do nosso inconsciente para devidamente direcionar o consciente do indivíduo, a fim de alcançarmos o pretenso equilíbrio
Com o devido paralelo que fizemos antes, acha-se dramatizado tal comunicação inconsciente pessoal versus consciente nesta referida passagem na mitologia maçônica.
Dito isso, as decorrentes associações que trazemos entre a jornada do herói e a maçonaria não devem ser literais, pois, cada mito possui uma conotação cultural que lhe é peculiar, obtendo variações de termos e simbolismo.
Assim, evidente que a história de heróis, como Buda, Jesus e Hiram Abiff, são literalmente diferentes, apesar das vergastadas coincidências. Contudo, o simbolismo arquetípico de suas manifestações no desenrolar das histórias é notoriamente semelhante.
4.2. A recusa do chamado
Tente! E não diga que a vitória está perdida, se é de batalhas que se vive a vida, Vá, Tente outra vez! (Raul Seixas)
Sempre encontramos, tanto na realidade, como nos contos mitológicos, o dramático caso do chamado ou convite que não obtém resposta, havendo, pois, o desvio da atenção para outros vis interesses.
A recusa à convocação acaba por aprisionar o herói mitológico, seja pelo tédio, pelo trabalho duro ou pela ignorância na “matrix”. A recusa é uma negação à renúncia daquilo que a pessoa (inconsciente) considera interesse próprio (CAMPBELL, 2007, p. 72), mesmo que sua mente consciente ainda não saiba, e tal recusa se caracteriza, cumulativamente, pela identificação da Persona [2] com seu ego [3].
Por essas e outras razões, sempre encontramos uma manifestação de egoísmo no estágio da “recusa do chamado”. Há casos em que não são aceitos convites às iniciações por egoísmo, ou mesmo abandonam a maçonaria pelo mesmo sentido.
O clássico exemplo desse estágio é o fatídico episódio bíblico da esposa de Ló, que se tornou estátua de sal por ter olhado para trás e desobedecido a instrução divina, devido à forte emoção que caiu diretamente em Ló, tal evento tornar-se-ia uma “recusa do chamado”, pois poderia diretamente ter rompido com a jornada daquele herói [4].
A recusa do chamado, na maioria das vezes, é representada pelo medo em suas várias manifestações, sendo que tal evento promove um olhar ou mesmo um “voltar-se para trás” de forma a não prosseguir. Ocorre de modo semelhante como “recusa do chamado” na jornada maçônica, quando por algumas vezes o medo do desconhecido ou oculto impede os candidatos de iniciarem, outras vezes o próprio contexto cultural cumpre esse papel.
Para muitos, talvez, esse estágio é o mais difícil de todos, garantindo as devidas proporções. Todo início (na vida) é conturbado, repleto de dúvidas e dificuldades. Dar o primeiro passo, eis à chave para o chamado.
4.3. O auxílio sobrenatural
Quando os tempos se tornarem tempestuosos, e os amigos simplesmente não puderem ser encontrados, como uma ponte sobre águas turbulentas, eu surgirei. (PRESLEY, Elvis. Bridge Over Troubled Water)
Para aqueles que não recusaram o chamado – convite para iniciar – o primeiro encontro da jornada ocorre diante de uma nova figura protetora, que fornece ao iniciando ajuda para lhe proteger.
As mitologias desenvolvem o papel na figura do guia e do mestre. No mito grego esse guia é Hermes-Mercúrio, e no egípcio a sua contraparte egípcia, Thoth. Nas tradições judaicas, Noé contou com uma pomba. Na mitologia cristã encontramos como guia o Espírito Santo ou mesmo a protetora, a Virgem Maria (CAMPBELL, 2007, p. 80).
Na iniciação do Rito Escocês Antigo e Aceito da Maçonaria fica evidente a figura de auxílio da jornada na função do oficial chamado de experto/guia, que conduz o iniciando, oferecendo-lhe a devida proteção: “Eu serei o vosso guia, tendes confiança em mim, e nada receeis”. A função desse cargo na iniciação é conduzir o candidato, que estando privado de certas faculdades, necessita inexoravelmente do amparo do guia.
4.4. A passagem pelo primeiro limiar
Cedo ou tarde, você vai aprender, assim como eu aprendi, que existe uma diferença entre conhecer o caminho e trilhar o caminho. (Morpheus – MATRIX)
Superado o medo, muitas das vezes personificado como morte, simbolizado no Rito Escocês pela passagem da Câmara de Reflexões, o herói segue em sua aventura até chegar ao conhecido na jornada do herói por “guardião do limiar” (CAMPBELL, 2007, p. 82- 85).
Entende-se psicologicamente pelo limiar como a passagem do consciente para o inconsciente, onde se adentra a um mundo de fantasias e imagens, semelhantes aos sonhos. Ou seja, um mundo mítico e surreal – o inconsciente –, muitas vezes chamado de mundo da fantasia, variando conforme cada contexto cultural.
Consoante explicado, o ponto simbólico intermediário que marca a passagem do consciente para o inconsciente é a passagem da Sala dos Passos Perdidos para o – Átrio e – Templo.
Campbell aduz que no âmbito mitológico esse estágio está representado pela presença de um guardião seguido por uma “porta”, ou uma ponte, simbolizando o limiar. Na iniciação maçônica a passagem pelo primeiro limiar ocorre, exatamente, quando o candidato é levado à porta do recinto sagrado para ser abordado pelo Guarda do Templo.
Após sua passagem, ou seja, após ser “franqueado seu ingresso”, o candidato passa a vivenciar uma nova e única experiência, sendo submetido a uma ritualística incomum a todas as outras, a simbólica e mística ritualística maçônica, regida no sentido figurado e subjetivo, igualmente aos contos e mitos, a qual já falamos são retratações do inconsciente.
Calha realçar que a jornada do herói de Campbell está pautada no estudo de centenas de mitologias, crenças religiosas, contos e poemas, de modo que toda correspondência com a ritualística maçônica decorre, como reiteradas vezes apontado, pela manifestação arquetípica do herói estar presente na humanidade em toda e qualquer projeção do inconsciente dos indivíduos, inclusive os maçons.
4.5. Provações, testes, a nova experiência – o ventre da baleia
Por isso o axioma: “Conhece-te a ti mesmo, e conhecerás todo o Universo”, em
outras palavras, “Conheça o seu próprio ego, e sua mente se expandirá”.
A ideia de superação da passagem pelo limiar se acha representada na imagem arquetípica do útero ou ventre. Isso porque, o choque ocasionado pelo rompimento com o estágio consciente (mundo profano) com o avançar pelas “ondas do inconsciente” acabam lançando o indivíduo em um universo desconhecido, dando ao mesmo (novamente) a impressão de morte momentânea, ou submetido a novos testes e provações, de forma que assimile as regras surreais deste novo mundo a qual está descobrindo (CAMPBELL, 2007, p. 92).
Como exemplo, pode-se citar alguns contos, como Chapeuzinho Vermelho (conto alemão) na qual ela é engolida pelo lobo. Da mesma forma todo o panteão grego, exceto Zeus, foi engolido pelo pai Cronos.
Na Bíblia e no Corão encontramos Jonas, que é engolido por um peixe, passando “três dias e três noites” nas entranhas do peixe e depois sai vivo de dentro dele.
Na jornada maçônica o iniciando é colocado à prova por testes simbólicos, fazendo-o seguir por “caminhos escabrosos”, para que coloque a mostra sua coragem de forma a persistir na senda da virtude.
4.6. Iniciação ou provas e vitórias – a descida
Se quisermos ir ao paraíso, devemos antes passar pelo inferno (ALIGHIERI, Dante. Divina Comédia)
Vindo a ser vitorioso nos primeiros testes e provas, ao cruzar por completo o limiar, o herói caminha por uma paisagem onírica povoada por formas curiosamente fluídas e ambíguas, na qual deve sobreviver a uma sucessão de novas provas.
Esta passagem marca o herói por se estabelecer definitivamente neste novo mundo. O paralelo com a mitologia maçônica se torna evidente, vez que a ritualística maçônica é algo jamais experimentado antes, eis aí o “novo mundo” que é apresentado ao iniciando maçom.
O herói continua a ser auxiliado de forma indireta, por guias, mestres e sua própria intuição. Esse supradito auxílio é uma perfeita associação às opiniões dadas quando o Venerável Mestre faz sucessivas perguntas ao candidato.
Estas novas provas, cada vez maiores, representam no processo iniciático maçônico, a passagem pelos quatro elementos (que são tipos psicológicos junguianos).
No processo tribal, a título de exemplificação, os probacionistas se colocam às provas físicas, seja de um incêndio, a nado, ou tempestades.
4.7. Provação difícil ou traumática
Quem olha para fora sonha, quem olha para dentro desperta. (Carl Gustav Jung)
Nesse estágio da jornada do herói, quando todas as barreiras foram vencidas, aparecerá uma experiência profunda e traumática do enredo mitológico. Normalmente é representado por uma morte efetiva e momentânea, ou mesmo por um renascimento miraculoso.
Em diversos ritos maçônicos (e em diferentes graus) encontramos encenações de todo o tipo para dramatizar esta importante lição, seja por mais provas iniciáticas ou por demonstrações fúnebres, funestas e sombrias, de modo que pela última vez é dada a chance ao iniciando nos Mistérios de desistir da “senda da virtude e voltar ao mundo profano”, de render-se ao medo do desconhecido ou as tentações, mas, como ele mesmo descobrirá no futuro, isso é utilizado para cumprir com as finalidades do processo iniciático.
Sendo persistente, o buscador compreende o sentido simbólico de suas provações e testes e, bem no ápice da aventura, é apresentado à prova que Campbell intitulou de “o encontro com a Deusa”. Tal passagem é finalizada por um “enlace místico” ou “casamento alquímico”, conhecido nos mitos por hierosgamos, o mesmo anunciado pelos manifestos rosacruzes.
Em termos psicológicos, tal superação representa a união com a “Anima”, ou “Animus” em contos da heroína. Ocasião em que se toma pleno conhecimento da dualidade do inconsciente e se alcança o equilíbrio interior.
Para desmistificarmos, a mulher/anima ilustra na linguagem pictórica da mitologia a totalidade do que pode ser conhecido, já o herói é aquele que a compreende e assimila. Segundo Jung, havendo o equilíbrio total na psique (o conhecimento de Anima e Animus), atinge-se em seguida o Si-mesmo, ou seja, a totalidade do ser, torna-se lúcido todo o inconsciente, e assim completa o processo que austríaco denominou de processo de individuação do ser.
No contexto maçônico da jornada do herói, podemos entender esse encontro com a deusa, ou anima numa linguagem mais técnica, como a “Luz da Maçonaria” a qual é dada ao neófito, que estava privado de certas habilidades durante a iniciação e agora passa a ter a “Visão e Conhecimento do Templo Maçônico”, obtendo um enlace eterno com a Ordem Maçônica firmado com o solene juramento.
Um dos grandes desafios do intérprete e buscador está em desmistificar conceitos e captar o significado “subterrâneo” da ritualística maçônico que, como sinalizamos, pode ser auxiliar invocando grandes pensadores como Jung e Campbell. A título de exemplo:
O herói mitológico, saindo de sua cabana ou castelo cotidianos, é atraído/levado ou se dirige voluntariamente para o limiar da aventura. Ali, encontra uma presença sombria que guarda a passagem. O herói pode derrotar essa força, assim como pode fazer um acordo com ela e penetrar com vida no reino das trevas (batalha com o irmão, batalha com o dragão; oferenda, encantamento, etc.); pode, da mesma maneira, ser morto pelo oponente e descer morto (desmembramento). Além do limiar, então, o herói inicia uma jornada por um mundo de forças desconhecidas e, não obstante, estranhamente íntimas, algumas das quais o ameaçam fortemente (provas), ao passo que outras lhe oferecem uma ajuda. Quando chega ao nadir da jornada mitológica, o herói passa pela suprema provação e obtém sua recompensa. Seu triunfo pode ser representado pela união sexual com a deusa-mãe (casamento sagrado), pelo reconhecimento por parte do pai- criador (sintonia com o pai), pela sua própria divinização (apoteose) ou, mais uma vez — se as forças se tiverem mantido hostis a ele —, pelo roubo, por parte do herói, da bênção que ele foi buscar (rapto da noiva, roubo do fogo); intrinsecamente, trata-se de uma expansão da consciência e, por conseguinte, do ser (iluminação, transfiguração, libertação). O trabalho final é o do retorno. Se as forças abençoaram o herói, ele agora retorna sob sua proteção (emissário); se não for esse o caso, ele empreende uma fuga e é perseguido (fuga de transformação, Fuga de obstáculos). No limiar de retorno, as forças transcendentais devem ficar para trás; o herói reemerge do reino do terror (retorno, ressurreição). A bênção que ele traz consigo restaura o mundo (elixir).
5 – Conclusão
Depois de todo esboço comparativo entre mitologias, sonhos e a ritualística maçônica, ficou evidente que ambos se manifestam por meio de símbolos e gestos, que atuam cada um como um sensor automático que aciona energia e desenvolve o inconsciente pessoal dos adeptos, funcionando como um fator equilibrante na mente humana (CAMPBELL, 2008).
Tanto os sonhos, como a ritualística maçônica no interior do templo maçônico (plano inconsciente), atuam como um processo de compensação, lançam símbolos na mente, alegorias instrutivas, denotam fortes emoções e sentimentos para, ao retornar ao plano consciente (mundo profano), trazerem o conteúdo-conhecimento para prática na vida diária.
Assim, o templo maçônico discorrido no início do artigo é uma autorrepresentação da psique por meio do qual percorre o enredo da iniciação maçônica que trouxemos ao final através da jornada do herói, portanto, retratam um teatro de operações psicológicas visando um crescimento psicológico do maçom.
A fim de sintetizar ainda mais, a linguagem do inconsciente, por meio do qual os sonhos operam, são os símbolos que sempre se apresentam de forma metafórica, fábulas e alegorias. De igual modo, a ritualística maçônica executada no interior do templo maçônica é processada por alegorias e símbolos. Aliás, não apenas a maçonaria, mas todas as mitologias e religiões também são reveladas através de mitos e contos alegóricos, ou mesmo as fábulas cristãs, exatamente para atingir o mais íntimo no interior do ser humano, o seu inconsciente e ali produzir um conteúdo onírico e permanente.
Ao final dessas páginas, restou evidente que definir a maçonaria “como um sistema de moralidade, velada em alegorias e ilustrada por símbolos” é dizer muito mais do que transliterar os significados do simbolismo maçônico, ou melhor, é demonstrar seu potencial inconsciente e o real motivo do passo a passo na jornada na iniciação maçônica e o porquê da estrutura do templo maçônico.
Autor: Rafhael Guimarães
Fonte: Revista Ciência & Maçonaria
Nota do Blog
*Clique AQUI para ler a primeira parte do artigo.
Notas
[2] – Em grego significa “máscara”, definida como parte da personalidade usada em nossas interações, seria nossa face externa fabricada pelo consciente, uma máscara social.
[3] – Na visão de Jung, Ego é o nome dado à organização da mente consciente, constituindo-se de percepções, recordações, pensamentos e sentimentos estabelecidos pela sensibilidade e objetividade do indivíduo (HALL; NORDBY, 2010).
[4] – AT. Gênesis 19:26: “E a mulher de Ló olhou para trás e ficou convertida numa estátua de sal.”
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Referências bibliográficas
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CAMPBELL J. As máscaras de Deus, Mitologia Ocidental. São Paulo: Palas Athena, 1994.
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CAMPBELL J. Isto és Tu. São Paulo: Landy Editora, 2002.
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FREUD, Sigmund. A interpretação dos sonhos. Rio de Janeiro: Editora Imago, 1972.
HALL, C. S. NORDBY, V. J. Introdução à Psicologia Junguiana. SP: Cultrix, 2010.
JUNG, C. G. Sincronicidade 8/3. Rio de Janeiro, Vozes, 2013.
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